Foi-se o tempo em que novela era coisa só de mulher fofoqueira. Assistir novelas, principalmente às globais das nove, num último episódio é quase que uma final de campeonato de futebol para o brasileiro. Será assim nesta sexta-feira, com o último capítulo de Amor à Vida. A trama de Walcyr Carrasco chega ao fim após 220 capítulos cheios de suspense, drama e traição.
Em Amor à Vida alguns atores fazem um sucesso especial entre o público. Felix (Mateus Solano), por exemplo, é um deles. Todo mundo quer saber como o vilão que virou bom mocinho, especialmente após conquistar o amor do pai César (Antônio Fagundes), irá encerrar sua participação no romance ao lado de Niko (Thiago Fragoso), na novela. A expectativa gira em do beijo gay entre os dois.
Aline (Vanessa Giácomo) é outra importante personagem de Amor à Vida. Sites e colunas de fofoca já adiantaram que a vilã ao tentar fugir da cadeia morre eletrocutada.
Mas o que esperam os acreanos do fim da novela que elevou os picos de audiência da programação noturna da Rede Globo? A reportagem de ac24horas quis saber. Até autoridades locais foram indagadas sobre o final da trama de Walcyr Carrasco.
O governador Sebastião Viana foi o primeiro a emitir sua opinião. Ele disse que assiste à novela “ocasionalmente e que por isso não posso fazer juízo”, diz. Porém, o chefe do Palácio Rio Branco faz questão de comentar sobre a vilã Aline: “Sei que a mulher lá, a do Antônio Fagundes, é pior que a Dalila”, opina o governador ao citar a personagem da Bíblia que enganou Sansão, que segundo registro sagrado possuía uma força sobrenatural, mas foi seduzido por uma mulher e acabou perdendo as forças e morrendo cego em ruínas.
Já o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Roberto Barros, garante que não assiste Amor à Vida. “Não tenho interesse e não conheço seu conteúdo. Tenho me ocupado da gestão à frente do Tribunal de Justiça”.
A desembargadora Eva Evangelista disse que assiste à novela “ocasionalmente”, mas que não conhece “seus personagens”. “Até porque é no momento das minhas caminhadas”, completa.
“A última novela que assisti foi a Selva de Pedra”, diz o presidente da OAB/AC, Marcos Vinicius. “Mas eu ouvi falar que tem um personagem cômico (Felix) na novela”, acrescenta rindo.
O chefe do Ministério Público Estadual, procurador Oswaldo D’Albuquerque, não assiste Amor à Vida, mas não nega seu gosto por outra trama global: Água Viva, que foi sucesso no começo da década de 80. “Sobre a novela ‘Amor à Vida’ não tenho como opinar, pois não assisto. Só assisto à novela ‘Água Viva’, que é uma novela de 1980, exibida no canal Viva, de segunda a sábado, às 21 horas, com reapresentação às 12 horas do dia seguinte. Do elenco participam Betty Faria, Reginaldo Faria, Raul Cortez, Natália do Vale, Lucélia Santos, Glória Pires
Fábio Júnior, entre outros. Essa novela é muito boa de assistir porque tem uma trilha sonora magnífica, com canções como ‘20 e Poucos Anos’, de Fábio Júnior. Recomendo”.
Saindo da esfera das autoridades, ac24horas conversou com o presidente da Associação dos Homossexuais do Acre, Germano Marino. O ativista revelou ser fã de carterinha da trama global e deu pitacos sobre suas preferências para o final e apoiou abertamente o beijo gay entre os personagens Félix e Niko.
“O autor, conseguiu transmitir que todos os seres humanos merecem uma 2 chance, pois as pessoas são capazes de mudar. Acompanho a novela, quem eu conheço, meus amigos heteros, principalmente os homens, me dizem que até então não viam essa questão de homossexuais, mas que passaram a não perder o Felix pelo bom humor dele e torcem para que o Felix termine o final da novela casado junto com o Niko”, disse Marino.
Sobre o possível gay na novela que pode ser dado no último capitulo exibido nesta sexta-feira, 31, Marino disse que mais importante que o beijo foi a Globo colocar o protagonista da novela sendo um homossexual. “O primeiro beijo gay, já houve no SBT num relacionamento com duas mulheres. Claro que a sociedade e mais tolerante quando envolve as lésbicas, mas entre dois homens, e uma superação. Pois existe muito a questão do machismo e o conservadorismo religioso, vai ser um impacto para alguns setores, no entanto, hoje já existe uma parte do telespectador que já aceita e está na torcida do beijo e principalmente do casal. A sociedade está mudando o seu olhar diante das relações homossexuais. É a Globo já fez essa pesquisa e identificou que a população está mais aberta ao beijo. O mais importante do que o beijo, já foi a Globo colocar o protagonista principal da novela, sendo um homossexual”, argumentou.
Com relação ao relacionamento conflitante entre César, que não aceita que seu filho Félix seja gay, Germano disse que o personagem de Antônio Fagundes deveria pedir perdão.“Acredito que o Cesar deveria pedir perdão ao Felix por toda a indiferença que ele trata o filho. O Felix vai se recuperar e o autor talvez possa dar a ele uma outra companheira”, finalizou.
A agente de Polícia Civil Beatriz Silveira afirmou que acompanhou a novela desde o inicio e está ansiosa pelo capítulo final. Na sua opinião, o autor conseguiu passar o recado desejado com os temas abordados. “Estou gostando da novela e acho que os temas foram bem abordados, principalmente quando se trata do homossexualismo, apesar de achar que atualmente não existam mais pessoas tão radicais como o Cesar, personagem de Antônio Fagundes”, disse Beatriz Silveria.
A auxiliar administrativa Inayane Rodrigues também fez uma analise positiva da novela, principalmente sobre as questões familiares, além de achar que o preconceito em torno dos homossexuais está domuindo. “Pudemos observar vários pontos durante a novela, entre os quais a questão da união familiar, onde o personagem Felix, de Matheus Solano, depois de aprontar horrores foi perdoado pela sua família. Outra questão que podemos observar é que o preconceito das pessoas estão mudando, antes era difícil você alguém torcendo para um casal homossexual ficar junto no final de uma novela”, observa Inayane.
Nem só de elogios vive uma novela. Na opinião do vendedor Elissandro Camelo a novela vai de encontro aos valores familiares destacando temas como traição, vingança, trapaças e o homossexualismo, apesar de concordar que houve um lado positivo na trama. “Apesar de ter poucas coisas positivas, num contexto geral essa novela foi uma porcaria, a maioria dos temas abordados vão de encontro aos valores familiares. Uma novela em que destaca a trapaça, a traição, o ódio, a vingança e que quer passar que o homossexualismo é uma coisa normal não pode ser considerada uma coisa boa para as famílias. Como evangélico tenho uma opinião formada quanto certos temas abordados na novela Amor à Vida. Não sou preconceituoso e muito menos homofóbico, essa é uma opinião minha como cristão. O lado positivo que pude observar foi o perdão, o amor entre pessoas na melhor idade e até um alerta para os pais que tem filhos autistas, a novela conseguiu mostrar que essas pessoas podem ter uma vida normal, mas esses temas foram menos destacados pelo autor”, disse Camelo.