O presidente interino da Venezuela, Nicolás Maduro, “herdeiro político” do chavismo, foi eleito neste domingo (14) presidente do país, em votação realizada 40 dias após a morte do líder Hugo Chávez.
Em um resultado dentro do previsto, mas por uma margem bastante apertada de 1,59 ponto percentual, ele derrotou o oposicionista Henrique Capriles, segundo as autoridades eleitorais nacionais, e vai governar o país sul-americano até 2019.
Maduro teve 50,66% dos votos, contra 49,07%, segundo Tibisay Lucena, chefe do conselho eleitoral.
Ela afirmou que os resultados são irreversíveis, pediu respeito a eles e aconselhou os venezuelanos a se manterem em casa.
Pouco antes do anúncio, Capriles insinuouuma suposta tentativa de fraude, mas foi rechaçado pelo governo, que o acusou de “irresponsabilidade”.
Maduro foi eleito após uma campanha curta, feita ainda sob a emoção da morte de Chávez, e terá como desafio dirigir uma nação dividida.
Ao votar neste domingo, ele afirmou que não fará um “pacto” com a “burguesia”, seguindo na linha chavista de acirrar o confronto.
Menos carismático que o “Comandante”, ele vai precisar manter a unidade do chavismo eencontrar um estilo próprio de governar, após 14 anos do governo personalista de Chávez.
A crise econômica e a violência são alguns dos principais desafios que ele terá pela frente.
O sucessor, “ungido” por Chávez em dezembro do ano passado, herda uma Venezuela com as maiores reservas de petróleo em todo o mundo, mas com a maior inflação da América Latina, 20,1% em 2012, uma indústria deprimida, ciclos de escassez e uma dívida pública que ultrapassa 50% do PIB.
A eleição deste domingo ocorreu porque Chávez, reeleito presidente em outubro do ano passado após bater o mesmo Capriles, nem chegou a assumir o mandato, por conta de seus problemas de saúde.
O polêmico líder socialista, que mudou a cara da Venezuela ao longo de 14 anos de governo, acabaria morrendo em 5 de março, em um hospital militar de Caracas, após uma longa luta contra o câncer.
A maneira como o governo lidou com a doença de Chávez, bem como as decisões judiciais que mantiveram Maduro no poder, foram bastante criticadas pela oposição.
Os oposicionistas, Capriles à frente, acusaram o governo de falta de transparência durante o processo e durante o tratamento de Chávez, que ocorreu, em sua maior parte, em Cuba.
Maduro, de 50 anos, ex-motorista, ex-sindicalista e ex-ministro das Relações Exteriores, afirmou, ao longo da campanha, que pretende continuar a chamada “revolução bolivariana” de Chávez, marcada por projetos sociais que beneficiaram os mais pobres, mas também por problemas.
Ao longo da campanha, Maduro “colou” sua imagem à do carismático Chávez, de quem se disse “filho” e “apóstolo”, em uma tentativa de encaminhar a escolha popular para o lado emocional.
As pesquisas eleitorais davam uma vantagem de sete pontos para Maduro em relação ao rival.
A votação ocorreu sem incidentes, segundo as autoridades eleitorais.
Maduro, que já vem governando o país desde que Chávez foi a Cuba para se tratar em dezembro passado, vai tomar posse do mandato em 19 de abril.
G1