O país está atravessando uma situação complicada. De um lado, a taxa de inflação mantém-se próximo ao teto da meta fixada pelo Banco Central. O governo Dilma Rousseff está atento, mas vem sendo pressionado diariamente para elevar a taxa de juros básicos da economia, a Selic. A pressão é expressa nas manchetes de jornais. É que o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne na semana que vem. “Há uma campanha em curso para os juros subirem”, denunciou o senador Jorge Viana na tribuna do Senado.
O senador disse que a inflação está nos jornais e virou tema de debate em todo o país, mas acredita que há um exagero. “Assisto à televisão e está todo mundo falando, como se a inflação no país hoje fosse a pior de todos os tempos”, comentou. “Eu compreenderia – e o tempo verbal é esse –, caso fosse uma preocupação do descontrole futuro, mas o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse que o governo está atento”.
Ele lembrou que a inflação, no governo Fernando Henrique – e mesmo no governo Lula –, esteve mais alta do que os índices registrados agora e, contudo, não havia alarmismo. “Não vi essa mesma campanha”, destacou, ressaltando que isso pode ser motivado pelas eleições presidenciais em 2014. “Não sei se já é uma tentativa de pautar os temas do ano que vem”, disse. “Tomara que, no ano que vem, a inflação não seja tema de eleição”.
O senador reconheceu, contudo, o fato de que a inflação, hoje, está no teto da meta. A inflação baixa, disse, é uma conquista do povo brasileiro e foi alcançada quando se estabilizou a moeda no governo Fernando Henrique. Mas, insiste, há um esforço de evidenciar uma situação de descontrole absoluto que não corresponde à realidade.
“O grande debate hoje no Brasil é sobre tomate”, comentou. O senador petista ressaltou que um dos efeitos da alta do preço do tomate é a sazonalidade. E citou, como exemplo, o fato da cidade goiana, uma das maiores produtoras de tomate do mundo, que perdeu toda a safra no ano passado. “Perdeu toda a safra porque uma caixa de 22 quilos de tomate, no ano passado, estava custando R$ 5”, destacou. “O que aconteceu? Os agricultores não plantaram tomate, na cidade que é responsável por sua grande produção. Não estou simplificando, só estou colocando o fator sazonalidade”.