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“O Acre era mesmo o melhor lugar para se viver na Amazônia em 2010”, diz Binho Marques

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Em função das muitas críticas sobre o mantra utilizado em seu mandato, o ex-governador Binho Marques rebate críticas à promessa de fazer do Acre o melhor lugar para se viver na Amazônia –especialmente quando elas partem de pessoas que considera amigos. Ambos costumam dizer que Brasília é o melhor lugar para se viver da Amazônia.


Binho escreveu neste domingo, 21, um artigo intitulado “Qual melhor lugar para se viver na Amazônia?” em que faz uma avaliação positiva de seu governo e diz que a expressão não foi coisa dos marqueteiros da Cia de Selva, a agência que trabalhou para seu governo. O mantra serviu para alinhar o pensamento e as ações do governo –as obras, o ProAcre, a OCA, a padronização do atendimento no serviço público. “Foram pensados e repensados para o Acre ser o melhor lugar para se viver na Amazônia”, diz Binho. “Vejo e revejo os números no meu governo com muita alegria e, por responsabilidade histórica, digo: o Acre era mesmo o melhor lugar para se viver na Amazônia em 31 de dezembro de 2010”.

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Veja o artigo na íntegra:

Binho Marques – Qual é o melhor lugar para se viver na Amazônia?…


Quando fui candidato ao Governo do Acre, antecipei ainda no palanque duas coisas: não concorreria à reeleição e faria um governo de oito anos em quatro. Finalizei o governo bem avaliado (em sexto lugar entre os governadores do Brasil, segundo o IBOPE) e mesmo assim não me recandidatei. Como não sou modesto e não tenho vergonha de dizer, fiz muito mais em quatro anos do que se espera normalmente de um governo de oito. Digo isso com convicção, porque tenho muito orgulho do trabalho que fiz e da equipe que liderei.


Hoje estou feliz com minhas decisões e meus atos. Mas fico com uma pontinha de tristeza quando amigos, como o Terry, Altino, provavelmente o Itaan, e outros tantos gaiatos queridos, disparam aquela já batida brincadeira de que o melhor para se viver na Amazônia é Brasília.


Devo reconhecer que essa piada é desgraçadamente inteligente. Até rio sozinho com ela, mas no fundo no fundo…. sempre causa um desconforto. Por este motivo resolvi escrever algumas palavras sobre o assunto. Quem sabe consigo explicar melhor esta história do melhor lugar para se viver na Amazônia. Mas se não convencer, também não tem problema. Pelo menos meus amigos se tocam e param fazer bullying comigo.


O melhor lugar para se viver na Amazônia não foi coisa de marqueteiro. Aproveito até para livrar os amigos David Sento Sé e Gilberto Braga, da Cia. de Selva, do fardo de serem responsabilizados pela criação da suposta marca. Acreditem ou não, simplesmente foi o resultado de um Planejamento Estratégico. Não foi uma jogada cosmética. Foi uma decisão programática pensada, baseada em análise situacional e definição de metas a serem alcançadas. Como costumam dizer os que me alfinetam, foi obra de “técnico”. Simplesmente isso. O fato é que aquela coisa, que no planejamento estratégico se chama “visão de futuro”, pegou. Pegou como marca, mas não comunicou sua essência.
Como muita gente sabe, eu regularmente realizava reuniões de planejamento e alinhamento com meus secretários. O objetivo era que nenhum deles desperdiçasse tempo e energia com coisas fora de foco; que não fosse o centro do nosso projeto de florestania (lembram deste conceito?). Pois bem; a nossa obsessão era assegurar que todos e qualquer um, em qualquer ponto do mapa do Acre, tivesse acesso aos serviços públicos básicos e com um determinado padrão mínimo de qualidade. A OCA, o ProAcre (projeto financiado pelo Banco Mundial para levar educação, saúde e desenvolvimento econômico comunitário aos lugares mais distantes), a Biblioteca Pública, as delegacias com serviços e protocolos padronizados, a transformação da Fundação Hospitalar em Hospital das Clínicas e construção das unidades regionais de saúde etc. etc. não foram frutos do acaso. Foram pensados e repensados para o Acre ser o melhor lugar para se viver na Amazônia.


O melhor lugar para se viver na Amazônia era um projeto que pretendia oferecer uma vida digna para todos, através de um modelo de gestão governamental justo, limpo e adequado para a nossa região. Apenas isso. Como? Com atitudes mais republicanas (sem bilhetinhos e jeitinhos), com um governo de identidade amazônica, correto, criativo e verdadeiramente a serviço da população, com entregas cuidadosas e comprometidas com o bem de todos, mas com especial atenção aos que quase nada têm. Ponto. Era isso o que desejávamos e planejávamos para os quatro anos do meu governo. Não estávamos preocupados com a qualidade de vida dos ricos. Eles se garantem. Estávamos profundamente envolvidos com os mais pobres. Queríamos, apaixonadamente, fazer chegar esperanças e oportunidades para as pessoas sofridas, esquecidas, invisíveis e isoladas. Acreditávamos também em autogoverno, com Planos de Desenvolvimento Local, empoderamento das comunidades, autonomia das unidades de saúde, escolas etc.


Muita gente não faz ideia do muito que fizemos e o quanto foi difícil enfrentar as cascas de banana que alguns colocavam no caminho. Mas gostaria que pelo menos meus amigos, que fazem piadinhas com algo que levei tanto a sério, soubessem que muita gente da minha equipe ainda paga um preço muito alto por ter sido fiel a esta causa, que eu pensava ser de todos. Um exemplo, de tantos, foi a opção de investir em um sistema socioeducativo e prisional mais humano.


O melhor lugar para se viver na Amazônia é o lugar onde todas as pessoas (e especialmente as mais vulneráveis) teriam acesso aos melhores serviços públicos possíveis e necessários para as condições da região. Esse era o sonho que dava sequência aos dois governos do meu amigo Jorge. Aliás, tenho muito orgulho do conceito e da forma de trabalho que nós dois juntos, desde muito jovens, construímos com o Toinho, o Anibal, a Marina, o Elson Martins e tantos outros.


Vou contar uma história pra finalizar. Tenho um amigo chamado Chico Soares, que é um conhecido e conceituado professor da UFMG. Ele trabalha com um indicador chamado “fator escola”. A mania dele é medir o quanto uma escola de fato contribui para o aprendizado de seus estudantes. Ele isola fatores externos, como as condições socioeconômicas, faz cálculos estatísticos e os resultados são incríveis. Tem muito lugar que gasta muito e entrega pouco. E tem lugar que entrega muito com o pouco que tem. Um dia, ele sem saber do tal “melhor lugar para se viver Amazônia”, conversando comigo, falou o que eu já sabia: as escolas do Acre estavam entre melhores do Brasil para um estudante de baixa renda estudar e aprender. Mesmo já sabendo, a emoção de poder provar pra mim mesmo que estávamos certos, foi algo indescritível de bom…


Vejo e revejo os números no meu governo com muita alegria e, por responsabilidade histórica, digo: o Acre era mesmo o melhor lugar para se viver na Amazônia em 31 de dezembro de 2010.


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