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Márcio Bittar: a anatomia de uma derrota

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Andei todos os municípios do Acre durante a pré-campanha e o período eleitoral. O sentimento de mudança dos acreanos era enorme. Mas por que então a oposição não venceu? Na minha opinião foram vários os fatores que facilitaram mais uma vitória da FPA. Márcio Bittar (PSDB) conseguiu reunir o maior número de partidos de oposição das mais recentes eleições do Acre. Além disso, a representação politica era forte. Vários prefeitos, vereadores, deputados estaduais e federais, um senador e um forte candidato à presidência da República. Uma composição de oposição como nunca se tinha visto.


O início do erro
Bittar foi eleito deputado federal com mais de 50 mil votos em 2010. Proporcionalmente o terceiro mais bem votado do país. Mas parece que esqueceu-se que os seus eleitores estavam no Acre. Se tivesse acampado no Estado e dado continuidade a sua campanha de 2010 teria chegado em 2014 praticamente imbatível. Como jornalista político cobri um monte de pautas que envolviam emendas de parlamentares e prefeitos. Não me lembro da presença de Bittar na Capital e menos ainda no interior. Se preocupou demais com o jogo político da Câmara Federal onde obteve uma grande vitória ao tornar-se secretário da Casa. Mas o feito não foi entendido para o eleitor comum. Qual foi mesmo a vantagem para a população do Acre de ter o primeiro secretário da Câmara em Brasília?

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Falta de conhecimento
Acho que Bittar não conhece bem o jogo político do Acre. A presença é muito importante. Conversar e trocar ideias com as pessoas simples do povo. Conta menos ser amigo do senador Aécio Neves (PSDB) do que dos taxistas de qualquer ponto de Rio Branco, Cruzeiro do Sul ou dos municípios da fronteira.


A pré-campanha
Márcio Bittar participou de um processo longo para tornar-se candidato ao Governo. Disputava com o prefeito de Cruzeiro do Sul, Vagner Sales (PMDB), o deputado federal Henrique Afonso (PV) e o senador Sérgio Petecão (PSD). Mas era um jogo de cartas marcadas que obviamente levaria à sua candidatura, fato que se confirmou em abril de 2014.


Início equivocado da jornada
Confirmada a candidatura de Bittar a primeira coisa que fez foi achar que era com ele mesmo. Procurou mais gente de fora do Estado para se aconselhar sobre as estratégias de campanha do que acreanos que vivem o dia-a-dia político. O retrato dessa postura foi a sua foto oficial de campanha. Um paletó jogado nas costas tipo final de expediente de grandes cidades. A própria representação de quem está indo embora e não chegando para trabalhar. Na realidade quase ninguém usa paletó no Acre. Um sintoma claro da falta de conhecimento da realidade das quentes terras acreanas.


Quase certo
Quando começaram os programas eleitorais de rádio e TV, Márcio que tinha o maior tempo entre os concorrentes ao Governo, parecia que ia acertar no tom. Começou propositivo. Mas caiu na velha tentação da “pancadaria” contra os governos da FPA e a “coisa” desandou mais uma vez. Esqueceram daquela máxima do marketing político de que quem reclama já perdeu.


Falta de estrutura
Até as pedras das calçadas do Acre sabem que no primeiro turno quem levou a campanha de oposição foi o senador eleito Gladson Cameli (PP). Quem duvidar é só perguntar para qualquer candidato proporcional quem foi que realmente os ajudou durante a campanha. Os recursos financeiros de Bittar não apareceram. Se restringiu a fazer uma campanha arriscando muito pouco e chegou arrastado pela vitória de Gladson e a surpreendente reviravolta de Aécio ao segundo turno.


Abraçado com a derrota
Claro que a FPA, no poder há 16 anos, não entregaria o Estado à oposição com facilidade. Assim Bittar viu “impassível” aliados irem para o lado da FPA. Dizem que rolou muito dinheiro nessas transposições. Mas eu vi muito mais falta de diálogo e atenção com os “aliados” do que o fator financeiro. Na minha avaliação Bittar continuou sem investir acreditando que Aécio se tornaria presidente e, assim, teria garantido os cargos federais no Acre. Houve uma melhora no volume de campanha de Bittar no segundo turno. Mas poderia ter sido muito mais se houvesse uma fé verdadeira na vitória.


Desculpas comuns de quem perde
Para começo de conversa Bocalom (DEM) em 2010, ficou a menos de 1% da vitória e, sem ter “um pau pra dar no gato”. Uma campanha sem recursos que teve melhor desempenho do que a de Bittar, que perdeu por 3%, em 2014, com a estrutura de 10 partidos. Tenho lido um monte de besteiras de que Bittar perdeu porque não comprou votos. É o tipo de coisa que ou se prova na Justiça ou se cala. A outra é que a “máquina do governamental” é imbatível. Outra asneira. O que faltou mesmo foi falta de investimento e vontade de vencer. Bittar não passou a credibilidade aos eleitores para fazer a mudança. Numa análise fria a soma dos três candidatos de oposição no primeiro turno foi maior do que a de Tião Viana (PT). Por que o fato não se repetiu no segundo turno? A resposta é óbvia. Será que alguém é tão inocente de achar que os cardeais da FPA iriam ver a “banda passar” e ficar assistindo?


Ou se ganha ou se perde
Essa história de vitória moral não existe nem em futebol e nem em política. Mesmo uma vitória por um voto de diferença dará a faixa para quem o teve. Não adianta ficar tentando iludir a opinião pública. Mesmo porque os votos da oposição foram contra o PT e não votos nominais a candidatos.


Perguntas sem resposta
Além desses fatores a eleição deixou ainda muitas perguntas que Márcio Bittar não respondeu. Entre elas a que considero mais seria é a notícia publicada pelo Correio Brasiliense de que um motorista do deputado federal paga um financiamento de um carro de luxo que é usado por sua família. A alegação de que empresários do Acre fizeram doações ao candidato do PT, Agnelo Queiroz, do Distrito Federal não justifica o caso em si. Doação de campanha é uma coisa financiamento de carro de luxo é outra.


Modus operandi
Não estou aqui para atacar ninguém. Mas outro fator interessante que envolve Bittar é saber quantos processos contra jornalistas ele mandou realizar durante a campanha e nos anos anteriores. Falar de liberdade de imprensa é mais fácil do que aceita-la.


Golpe contra o Major Rocha
Para finalizar me chega a informação de que o os tucanos ligados a Márcio Bittar estão querendo “tomar” a presidência do PSDB acreano. O próprio deputado federal eleito Major Rocha (PSDB) me disse que os nomes do secretário Zé Wilson e do prefeito do Quinari, James Gomes (PSDB) estão sendo ventilados para assumir a presidência. Rocha já avisou que não vai aceitar impassível a manobra. O normal em qualquer partido é que um deputado federal seja o presidente. Quem não se lembra dos problemas que Gladson Cameli teve em 2010 com o então presidente do PP acreano João Pereira, ligado ao vice-governador César Messias? Será que a história vai se repetir no ninho dos tucanos? Espero que tudo não passe de especulação porque seria um erro enorme que mais uma vez cairia no colo de Márcio Bittar.


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