No sobe e desce dos candidatos à Presidência nas pesquisas de intenção de votos, segue o mesmo movimento o principal índice da bolsa brasileira e ações de estatais do país. Fica mais intensa também a atuação de grandes agentes do mercado financeiro, que conseguem se beneficiar do momento de alta volatilidade, levantando suspeitas, contudo, sobre uso de informações privilegiadas. Especialistas ressaltam a dificuldade de determinar casos de enriquecimento ilícito, e divergem sobre os impactos desse movimento para a economia brasileira.
Alguns especialistas consultados pelo Jornal do Brasil acreditam que não se trata de uso de informação privilegiada, mas sim que diz respeito ao alto grau de exigência para o sucesso dos investimentos em bolsa – Não é um negócio para os pequenos investidores, dizem -, como a contratação de sondagens que antecipem resultados de eleições e grande disponibilidade de capital para aplicação. Outros, todavia, veem clara manipulação e indícios de uso de informação privilegiada, gerando efeitos negativos para o país.
Mesmo antes da divulgação de pesquisas eleitorais, já se podia notar, em alguns casos, a bolsa brasileira seguir a orientação que seria apontada apenas com o resultado das intenções de voto. Uma deliberação de 2002 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) determina que “o uso de informação de resultados de pesquisas de opinião pública relativas às eleições ou aos candidatos, para conhecimento público, antes de divulgação ao público, pode caracterizar prática não equitativa”. A CVM destacou para o JB que a Superintendência de Relações com o Mercado e Intermediários (SMI) supervisiona diretamente o cumprimento desta regulamentação.