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Série extrema pobreza II – Bolsa Família não chegou aos povos da Floresta no Acre

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Taxa de urbanização de cadastramentos chegou a quase 100% em Rio Branco. O governo quer chegar à outra ponta: na zona rural onde a cada dez pessoas, 5,6 estão em situação de extrema pobreza. Bolsa Verde só chegou para 1.426 famílias em todo o Estado. Pouco mais da metade de indígenas em situação extrema recebem o Bolsa Família.


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Jairo Carioca – da redação de ac24horas

Superar a pobreza extrema é uma condição obrigatória para que um projeto de desenvolvimento sustentável seja bem sucedido. Esse equilíbrio econômico, social e ambiental é uma das maiores bandeiras do marketing desenvolvido pelo atual governo do médico Sebastião Viana, mas na prática, mesmo com os avanços o que se observa é uma realidade bem diferente.

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pobreza_350_1parteÉ na floresta, às margens dos rios e nos seringais, que os eixos de atuação do programa Bolsa Família ainda não chegaram com a mesma atenção que o programa rompeu o ciclo de reprodução da pobreza na zona urbana. Em Rio Branco a taxa de urbanização do cadastramento único foi de 91,8% dos domicílios. A média em todo o estado é de 69% de famílias urbanas cadastradas.


Na outra ponta, de cada dez pessoas em extrema pobreza, 5,6 vivem na zona rural. O benefício de combate à fome só chegou para 369 famílias ribeirinhas. 90% dessas famílias, um total de 342 tem renda de apenas R$ 70 por mês. 243 recebem o Bolsa Família. Outras 322 famílias de agricultores recebem renda de extrema miséria.


Os dados são piores quando o benefício é destinado para extrativistas. Apenas 7 famílias estão cadastradas. Os pescadores artesanais têm 19 famílias no cadastro do governo federal. Os números são considerados baixos pelo próprio secretário de desenvolvimento social, Antônio Torres.


Bolsa verde – complemento do Plano Brasil Sem Miséria – que visava ajudar as famílias inseridas nas atividades de proteção ambiental desenvolvidas em florestas nacionais, reservas extrativistas e de desenvolvimento sustentável, além de projetos de assentamento florestal, de desenvolvimento sustentável e de assentamentos extrativistas do Incra, além de Proteção de Áreas de Preservação Permanente (APPs), extrativismo com base em boas práticas e pesca com manejo adequado, só atendeu desde outubro de 2011 à 1.426 famílias segundo dados do Ministério de Desenvolvimento Social.


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População indígena foi a que mais cresceu em todo o estado


Outro dado que ajuda a entender o esquecimento do governo às populações que vivem na floresta, corresponde ao crescimento da população em todo o Estado. No período compreendido entre os anos de 2000 e 2010, o Acre apresentou uma taxa média de crescimento anual da população de 2,78%. Entre os municípios, Santa Rosa do Purus apresentou a maior taxa: 7,64%. Senador Guiomard foi o município que registrou a menor taxa: 0,21%


A população indígena foi a que mais cresceu nessa década. A taxa de crescimento é de 7%. Passou de 8.010 habitantes [em 2000] para 15.705 [2010] segundo dados do IBGE. Com 54,9% da população indígena, Santa Rosa do Purus é a cidade que possuiu o maior percentual de índios entre seus habitantes, mas a maior taxa de crescimento de índios aconteceu na cidade de Marechal Thaumaturgo com uma variação de 490,4%, uma taxa de crescimento anual de 19,4%.


Junto com esse crescimento populacional vieram os problemas. Um deles, o processo de integração ao modo de vida urbano incorporou na rotina de muitas aldeias a televisão, DVD, geladeira, fogão a gás e celulares. Por outro lado, embora o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) não considere como parâmetro para mudança de cultura, os índices de produção e de caça baixaram, levando essas comunidades a viverem da caridade estatal – e em condições precárias.


A pesquisa sobre o perfil indígena feita pelo Datafolha, encomendada pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), revela que 64% dos índios são beneficiários do Programa Bolsa Família. Na região Norte (56%) dos indígenas recebem o benefício. Ainda de acordo a pesquisa, mesmo com os benefícios, 36% afirmaram ser insuficiente a quantidade de comida que consomem.


No Acre, a estimativa é que 4.061 indígenas estejam na condição de cadastramento único, mas somente 2.757 – pouco mais da metade – está cadastrado. Desse total, 2.251 recebem o Programa Bolsa Família, a maioria (2.366) com renda per capita de até R$ 70 por mês.


É nos municípios de Santa Rosa do Purus, Jordão e Marechal Thaumaturgo que a secretaria de desenvolvimento social deve concentrar a busca ativa para incluir o total estimado de beneficiários. Com 54,9% da população indígena, Santa Rosa do Purus é a cidade que possuiu o maior percentual indígena entre seus habitantes, seguida de Jordão que saiu de 16,8% para 31,3% e Marechal Thaumaturgo com 10,8% da população indígena. 51,8% da população indígena possui idade entre 0 e 14 anos. Na faixa etária de 0 a 17 anos, esse percentual se eleva para 69,5%.


Por que esse benefício não chegou à maioria das aldeias do Acre?


Jairo_in3_indio<<< Para Ninawa Huni Kui a falta de assistência às tribos triplicou.  Assim como a maioria dos indígenas brasileiros, Ninawa cita a questão saúde como principal problema enfrentado pelas tribos.


“Assim como não chega uma saúde de qualidade, qualquer outro benefício acaba beneficiando poucos e deixando a maioria à margem do esquecimento”, citou.


O líder afirma que as exigências de acompanhamento do Bolsa Família, principalmente na área de saúde poderia ajudar muito na diminuição dos índices de diarreia e vômito que atinge 45% da população de índios em todo o Brasil.

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Jordão tem 980 famílias cadastradas no PBF com renda média de R$ 289,26 enquanto que Santa Rosa do Purus tem 541 famílias com renda média de R$ 322. Marechal Thaumaturgo tem 1.804 família recebendo o benefício, a renda média paga pelo PBF é de R$ 261.


Cidades com maiores taxas de crescimento populacional sofrem com índices educacionais


Santa Rosa do Purus e Jordão, municípios que tiveram maior taxa de crescimento populacional, aparecem entre os piores no ranking da educação brasileira revelados pelo Atlas do Desenvolvimento Humano 2013 do programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), copilados a partir de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e detalhados nas últimas semanas.


Dos 5.565 municípios do Brasil, o Jordão apresenta a oitava pior taxa de desenvolvimento da educação com apenas 0,283, em uma escala que vai de 0 a 1, quanto mais perto de 0, pior é o índice.


Já Santa Rosa do Purus ocupa a 39ª pior vaga brasileira no quesito qualidade da educação com 0,340. Em comum, esses dois lugares apresentam isolamento dos demais acrianos, sem acesso  por meio de estradas, o que explica parcialmente a dificuldade de números melhores, uma vez que os demais 20 entes do Acre são  todos integrados.


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Próxima reportagem da série:
Os repasses do Bolsa Família para as cidades do Acre. Em Rio Branco, recursos de benefícios federais superaram o orçamento anual da prefeitura municipal.


 


 


 


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