O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Acre (FIEAC) e deputado federal, Zé Adriano (PP), participou na noite desta terça-feira, 9, do programa Bar do Vaz. Na entrevista, o parlamentar abordou a liberação de recursos federais destinados à recuperação da BR-364, principal rodovia que liga Rio Branco a Cruzeiro do Sul.
Segundo Adriano, a obra deve ser tratada como prioridade de Estado, sem disputas políticas. “O Acre precisa ter consciência de que esse discurso de ‘nós contra eles’ não leva a nada. A BR-364 é obrigação do Estado e de toda a sociedade. Não tem dono nem padrinho político. Nosso foco precisa ser o resultado: garantir a interligação com a população do Juruá”, afirmou.
O deputado ressaltou que parte dos recursos já foi liberada para quitar dívidas de contratos anteriores e que novas licitações estão em andamento.
“Temos oito lotes licitados. Seis já estão contratados e dois estão em fase final de contratação. São obras de recuperação da BR, com intervenções em trechos críticos, para um tratamento mais definitivo, dentro do formato que defendemos no projeto do macadame hidráulico”, explicou.
Adriano destacou ainda o trabalho do superintendente do DNIT no Acre, Ricardo Araújo, na condução do processo. Ele informou que havia um déficit de aproximadamente R$ 350 milhões para empresas que executaram obras até abril deste ano. “Agora já temos respostas. Foram assinados novos compromissos, e mais R$ 100 milhões foram liberados para os novos contratos”, disse.
O parlamentar garantiu que seu gabinete fará acompanhamento direto das obras. “O que esperamos é assegurar a aplicabilidade dos recursos e a entrega de um serviço de qualidade à sociedade acreana. A BR-364 não serve apenas ao Juruá, mas ao estado como um todo, sendo um modal estratégico de transporte”.

Foto: Sérgio Vale
O deputado federal Zé Adriano destacou a importância das obras de recuperação da BR-364 e explicou detalhes técnicos do projeto em andamento. Segundo ele, a aplicação do macadame será feita apenas em trechos críticos da rodovia, devido ao alto custo do material. “É mais profissional, mais bem feito, diferenciado. O macadame vai abranger parte da rodovia. É impossível fazer toda a BR nesse modelo, porque ele é muito caro. Essa parte está mais ligada entre Sena Madureira e Feijó, onde o solo é mais fragilizado, com maior presença de argila”, afirmou.
Adriano lembrou que a proposta de substituição do pavimento pelo macadame hidráulico não é recente. “Esse projeto já existia desde 2016, quando Temer assumiu. Naquele momento, o DNIT começou a retirar dispositivos de drenagem e preparar o subleito, esperando orçamento no ano seguinte. Isso não aconteceu, e durante os quatro anos seguintes, de 2019 a 2022, não houve investimentos. Esse atraso acelerou o desgaste da rodovia, gerando a fadiga que a população enfrenta hoje”, explicou.
O parlamentar também defendeu as empresas responsáveis pelas obras. “Em muitos depoimentos, a culpa foi colocada nelas, mas achamos isso injusto. O que estamos fazendo agora é acompanhar de perto o objeto contratado: formato de pagamento, exigências, dimensionamento de mão de obra, equipamentos por trecho, usinas previstas e até a fiscalização feita por empresa terceirizada. Vamos cobrar para que tudo seja cumprido como está no contrato”, disse.
Para Adriano, a fiscalização é essencial. “Nosso papel é acompanhar, defender o que está certo e cobrar quando houver falhas. O mais importante é garantir a entrega com qualidade da BR-364 à população”, concluiu.
Zé Adriano, deputado federal e presidente da Federação das Indústrias do Estado do Acre (FIEAC), comentou o impacto dos recursos anunciados pelo governo federal na economia local, destacando, no entanto, a dificuldade de obtenção da matéria-prima para as obras de recuperação da BR-364. “Temos dificuldade da matéria-prima, e o insumo hoje previsto, em grande parte, é de rocha, porque o macadame é um processo que envolve várias camadas de pedra de tamanhos diferenciados, formando um colchão. A capa em cima é material asfáltico. Toda a rocha vem de Rondônia, e o insumo betuminoso para o asfalto vem do Centro-Oeste e Sul do país. Esse recurso precisa ser comprado fora, e aqui ficamos apenas com os resultados”, explicou Adriano.
Segundo o parlamentar, cerca de 40% do valor total do investimento vai para fora do estado. “O restante é óleo diesel, mão de obra e diversos investimentos ao longo da BR para contratação de serviços transversais, tudo fica aqui. Multiplicado pela situação econômica do estado, é dinheiro novo, que tem muita importância, além de gerar mão de obra capacitada para esse setor”, afirmou.
Adriano ressaltou que a mão de obra local sofreu com mudanças de governo e descontinuidade de projetos de infraestrutura. “Esse processo reflete na capacitação e fixação da mão de obra nos municípios e no estado como um todo, favorecendo também a contratação de empresas locais. É mais emprego, mais desenvolvimento”, disse.
Sobre o montante anunciado pelo governo federal, o deputado explicou que os R$ 1,2 bilhão previstos são estimativas. “Obras desse tipo são calculadas com base em valores atuais, mas fatores como inflação e conflitos internacionais podem elevar o custo. Hoje, o orçamento está nessa previsibilidade, apenas para o processo de reconstrução. Esse valor não inclui os oito contratos já contratados e em fase de execução. Na medida em que o projeto for licitado, o valor pode aumentar. O que foi liberado agora foi o edital de contratação para o projeto e execução.”

Foto: Sérgio Vale
Zé revelou ainda que 80% dos contratos atualmente executados já são de uma empresa acreana “Para entrar numa briga dessa, para pegar uma parte dessa obra e colocar nossos profissionais a trabalhar, precisamos ter qualidade na mão de obra. Eu não estou aqui para defender qualquer empresa específica; vou defender o setor, que atuamos há bastante tempo. Posso garantir que 80% desses contratos que estão sendo executados hoje já são de uma empresa acriana, legitimamente do Acre, que já realizou muitas obras aqui. Essa mão de obra, essa estrutura e essa qualidade serão exigidas e estão em nível de disputa nacional, então não há questionamento quanto à capacidade técnica”, afirmou.
Sobre a mão de obra, ele destacou: “Em relação à mão de obra disponível, é um esforço que, inclusive, o SENAI coloca à disposição das empresas para capacitação e reciclagem de muitos profissionais, porque diversos equipamentos mudaram nos últimos 10 anos. É necessário reciclar e investir, pois a empresa também traz novidades dentro do processo. Não começamos a capacitação em Sena Madureira, pois as prefeituras acabam sendo prejudicadas: o profissional que tem habilidade e competência em determinado equipamento acaba sendo contratado pelas empresas da BR, deixando as prefeituras sem essa mão de obra. Fizemos capacitação em Sena Madureira, vamos fazer em Tarauacá e já estamos providenciando em Cruzeiro do Sul. Em Rio Branco, a situação é mais fácil, pois temos a sede aqui. Essa é uma preocupação constante, mas o prejuízo potencial vem do envelhecimento da mão de obra. É difícil cooptar novos profissionais, principalmente porque é preciso disputar a mão de obra com benefícios do governo federal disponíveis via auxílios, o que atrapalha bastante”.
Adriano também enfatizou a necessidade de fiscalização rigorosa por parte do DNIT: “Em termos de qualidade, fiscalizar a execução é importante, mas o mais essencial é acompanhar a utilização correta. O dimensionamento do pavimento precisa ser monitorado ao longo do tempo, porque a manutenção dependerá disso. Se não houver fiscalização, pavimentos dimensionados para carros leves podem sofrer com veículos de 30 a 40 toneladas, prejudicando o transporte e a sociedade. Em algumas rodovias, o uso social intenso exige atenção. Não temos casos graves de quebra de equipamentos, mas buscamos essas informações no DNIT. Atualmente, há uma balança em Bujari funcionando apenas 12 horas. Com a nova contratação a nível nacional, será possível acompanhar 24 horas esses trechos. O formato está sofisticado, mas pedimos compartilhamento dessas informações de forma educativa, alertando os transportadores e, posteriormente, cobrando o cumprimento. Caso não respeitem, haverá prejuízo significativo para quem não seguir o regulamento”.
O deputado falou no Bar do Vaz, sobre a situação das obras em rodovias do Acre e a participação das empresas locais nos trabalhos. Segundo ele, o mandato tem acompanhado de perto 30 intervenções emergenciais devido ao desgaste do pavimento, que envolvem obras de valores menores. “Empresas de fora só vêm para contratos de valores altos. Para esses valores menores, estamos defendendo junto ao ministro dos Transportes que empresas locais sejam chamadas. Também vamos orientar essas empresas sobre exigências fiscais, jurídicas e técnicas para que possam futuramente disputar obras do DNIT”, explicou.
O parlamentar destacou a importância de que os recursos circulem dentro do estado. “Quando a disputa é nacional, empresas de outros estados vêm trabalhar aqui, muitas vezes sem trazer grandes benefícios. O ideal é que o empresário local execute a obra, o recurso gire no estado e seja reinvestido. Se conseguirmos isso, será um grande efeito do nosso mandato”, disse.
Adriano também comentou intervenções consideradas urgentes, como a ponte do Caeté, local onde houve o falecimento de um jovem. “A responsabilidade é do governo atual. O diretor do DNIT garantiu que a ponte já está contemplada, e uma empresa cadastrada iniciará os trabalhos na segunda quinzena de setembro. Espera-se que, a partir de fevereiro, a circulação sobre a ponte esteja segura, evitando o uso da balsa quando o rio atingir o nível da calha”, afirmou.
Outro ponto crítico citado pelo deputado é a ponte de Tarauacá, na BR-364. “A cabeceira da ponte está em intervenção. Empresas locais têm capacidade de executar, mas obras especiais exigem experiência prévia, e algumas empresas de fora são contratadas por já terem histórico nesse tipo de serviço. Recentemente, uma empresa cometeu erro, e exigimos que o DNIT a substituísse imediatamente. A empresa será punida para não retornar em futuros processos. Já há outra empresa contratada para iniciar a intervenção, garantindo maior segurança durante o período de inverno”.
O deputado Zé Adriano ressaltou o trabalho do superintendente do DNIT, Ricardo Araújo, destacando que ele teria ainda mais eficácia se contasse com maior apoio e compreensão, principalmente do governo federal. Segundo Adriano, o grande desafio do diretor é justificar grandes cifras para uma BR que não apresenta viabilidade econômica plena, um trabalho que exige habilidade de convencimento. “Devemos reconhecer o esforço do governo federal, que tem se empenhado”, afirmou.
Adriano explicou que a BR depende em grande parte de manutenção para se manter em condições de trafegabilidade, e que sua viabilidade é, em grande medida, social. “Não temos outro meio de ligar os municípios, e por essa via conseguimos escoar o que é possível e alcançar serviços essenciais. Não há outra alternativa”, disse.
O parlamentar destacou ainda que o desafio do superintendente é permanecer vigilante em relação à execução dos serviços. “Estamos contribuindo nesse diálogo de forma compreensiva, mas sem esquecer que nenhuma empresa pode executar obras retirando dinheiro do próprio bolso para garantir serviços do governo. A contribuição das empresas deve ocorrer dentro de um formato que assegure a entrega do melhor produto, com qualidade, e ao mesmo tempo garanta segurança no recebimento dos recursos de maneira respeitosa”, explicou.
O deputado Zé Adriano revelou no programa que a licitação para a conclusão da obra do anel viário de Brasileia e Epitaciolândia fracassou novamente. “Dizer que o contrato, mais uma vez, pela terceira vez, está fracassado, e a empresa que estava envolvida — na oportunidade em que o presidente Lula esteve aqui, eu perguntei ao ministro, que garantiu que o processo estava em fase final de contratação — infelizmente, ocorreram denúncias, que foram comprovadas, e o processo fracassou. O anel viário, mais uma vez, está sem previsão de conclusão”, afirmou o parlamentar.

Foto: Sérgio Vale
Ele destacou a importância da obra: “Tudo o que planejamos enquanto instituição precisa ficar aguardando por uma obra dessa. Não adianta ter toda a capacidade estratégica se o processo não está finalizado. Já fizemos o pedimento, pois era uma obra muito importante, estratégica para a economia do estado. A capacidade de grãos aumentou, e precisamos escoar para o país vizinho e para o resto do mundo. Mas, infelizmente, essa obra ficará novamente aguardando determinação do governo sobre como contratar.”
Adriano sugeriu uma solução para a situação: “Temos empresas com capacidade para executar os trechos faltantes. Vamos intervir junto ao DNIT e já estou pedindo apoio dos parlamentares da nossa bancada para realizar um processo de contratação direta. O processo fracassou três vezes, sendo que, em uma delas, nenhuma empresa se interessou. Se fizermos contratação direta com empresas locais, elas poderão trabalhar individualmente ou em consórcio, e com certeza têm capacidade de execução.”
O deputado reforçou que a obra ficaria nas mãos de empresas locais, com possibilidade de execução, fiscalização e cobrança da manutenção. “O recurso existe, pois já foram realizadas três tentativas de licitação. Vou visitar o ministro e buscar apoio dos colegas parlamentares para nos unirmos nesse formato e exigir a execução, porque adiar esse processo do governo não é aceitável”.
O deputado federal Zé Adriano destacou, em entrevista, os critérios que têm guiado seu mandato no atendimento às demandas de prefeitos e instituições. “O máximo que pode, né? Mas como eu cheguei agora, fui visitado por poucos prefeitos. Muitos deles também estão iniciando o mandato. Acredito que agora, com a aproximação de outubro, quando é feita a indicação de emendas, seremos mais procurados. Mas não tenho condições de atender a todos no formato que nos procuram, porque ainda estou estudando esse modelo. Temos a obrigação de destinar 50% para a saúde, e o restante se divide em outras obras. Minha prioridade é trazer investimentos que gerem receita e não mais despesas. Esse é o nosso lema”, afirmou.
Segundo o parlamentar, cada proposta recebida é analisada com respeito, mas com clareza na resposta: “Podemos atender integralmente, parcialmente ou, em alguns casos, não atender. Exigimos que haja projeto e plano de trabalho, para evitar perda de tempo no cadastro.”
Adriano reforçou ainda que sua atuação não se limita às prefeituras. “Estamos ajudando também instituições, como na área da saúde. Atuamos em demandas de alta e baixa complexidade, sempre de acordo com as necessidades de investimento. Esse é um formato que estamos aprendendo junto com essas provocações”, explicou.
Assista à entrevista:
