Durante participação no programa Boa Conversa – Edição Aleac, o deputado estadual Tio Pablo (PSD) fez duras críticas nesta terça-feira, 17, à falta de medidas efetivas por parte da bancada federal e de órgãos estaduais diante da crise provocada pelos embargos ambientais no Acre.
Produtor rural e parlamentar, ele classificou o momento como “uma página da história do Acre que nos envergonha” e afirmou que os políticos locais se sentem impotentes diante da ausência de medidas práticas para defender os produtores atingidos.
“Vejo com bastante preocupação, tristeza, a parte que está ocorrendo. É uma página da história do Acre que nos envergonha. Nós, como políticos, me sinto impotente frente a essa situação, já que a Assembleia Legislativa não pode colocar leis para que a gente possa contornar essa situação, mas, no entanto, a gente tem como dar voz ao público”, disse.
Tio Pablo relembrou que, há dois anos, já alertava sobre os impactos das ações do ICMBio, especialmente na região de Sena Madureira e no Rio Caeté, onde, segundo ele, houve cenas dramáticas envolvendo famílias e crianças.
“Há dois anos atrás, nós já alertávamos sobre essas questões do ICMBio, lá na região de Sena Madureira e no Rio Caeté, onde tiveram embarcações endalfagradas, tinha crianças que fugiam para a mata, teve crianças perdidas na mata, e a gente vê hoje se acentuando cada vez mais”, relatou.
Durante a entrevista, o parlamentar demonstrou solidariedade aos produtores que ocuparam o plenário da Assembleia Legislativa e destacou que existe um pedido tramitando na Confederação Nacional da Agricultura pela suspensão das ações até que alternativas legais de regularização sejam viabilizadas. No entanto, criticou a falta de movimentação dos representantes do Acre no Congresso Nacional.
“O que nós queremos hoje é nos solidarizar com essa população que está aqui dentro da Assembleia Legislativa. Nós já temos tramitando, através da Confederação Nacional de Agricultura, um pedido de suspensão dessas ações até que haja alternativas para que os nossos produtores rurais possam estar se regularizando. Mas até agora não tiramos da inércia quem realmente resolve, que é a nossa bancada federal. Até agora nós estamos vendo só discursos vazios, rasos, e até agora nada”, pontuou.
Questionado sobre a ausência de ações jurídicas concretas por parte dos parlamentares federais, Tio Pablo afirmou que existe apenas um mandado de segurança pela CNA.
“Hoje a única coisa que nós temos por parte de um órgão é da Confederação Nacional de Agricultura que entrou com um mandado de segurança. O que nós hoje queremos chamar atenção, queremos que a nossa bancada federal saia da inércia para que possa, em cima desse mandado de segurança, em cima desse pedido, fazer uma representação ao nosso governo federal. “Nós temos muitos, muitos deputados federais aqui que estão na ala do governo, que votam junto com o governo. Por que não pode ter uma conversa com o ICMBio, com a presidência do ICMBio? Por que não pode ter uma conversa diretamente com o nosso presidente? É isso que nós estamos aqui para chamar a atenção desses entes federativos”, justificou.
Além da crítica à bancada federal, o deputado cobrou posicionamento da Secretaria Estadual de Agricultura. Segundo ele, até o momento, nem mesmo uma nota pública foi emitida.
“Também nós temos secretarias de governo que também estão na inércia. Por que a Secretaria de Agricultura até agora não emitiu uma nota, até agora não se solidarizou pelo menos? Por mais que eu goste muito do nosso secretário, sou da base, mas nós temos que sair da inércia”, ressaltou.
Por fim, Tio Pablo defendeu que a Assembleia Legislativa seja o espaço de mobilização da causa ruralista e reafirmou a importância de sair do “comodismo”. “É hoje o local que está, no caso a Assembleia Legislativa, o local propício para que esses produtores venham aqui e façam a apreciação para que saiam do comodismo e a gente comece a brigar, porque realmente tem condições de brigar”, finalizou.