O deputado Emerson Jarude (Novo) usou a tribuna da Assembleia Legislativa nesta terça-feira, 17, para defender os produtores rurais alvo da Operação Suçuarana, deflagrada pelo ICMBio na reserva extrativista Chico Mendes. Ele pontuou que divulgou nas redes sociais um vídeo que não sai da sua cabeça, no qual produtores aparecem chorando, ajoelhados, ao presenciarem seus animais sendo levados e a produção retirada. “Em Brasília, a manchete é bonita: ‘Salvem a Amazônia’. Até artista apareceu para fazer coro, gravar música, fazer aquele teatro todo. Enquanto isso, aqui no Acre, IBAMA e ICMBio, sob comando do governo federal, estão destruindo a vida de quem mora e trabalha na Amazônia de verdade”, criticou.
O parlamentar afirmou que mais de 300 propriedades foram embargadas por meio de um edital publicado de forma fria, sem qualquer comunicação prévia com os produtores. “Não entregaram carta, não fizeram visita, não deram explicação. Só um carimbo genérico, tratando locais como a colônia ‘Meu Pedacinho de Chão’ como se fosse a maior ameaça ambiental do país”, disse.
Ele destacou ainda, a incoerência do discurso ambientalista feito nos palcos internacionais com a realidade dos produtores da Amazônia. “Cadê o presidente que defende a Amazônia nos eventos internacionais? Parece que existem duas Amazônias: uma que merece ser salva e outra que pode ser expulsa. Isso não é proteção ambiental, é perseguição e crueldade”, disparou.
Jarude foi além e classificou a operação como a maior demonstração de covardia que já presenciou. “Eu nunca vi tanta covardia nem para desmontar um esquema de corrupção, nem para enfrentar o crime organizado. Usaram Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Exército, Força Nacional e outras instituições como se nossos produtores fossem bandidos. Aqui no Acre, produzir virou crime. Parece não, é crime”, afirmou.
O deputado também criticou a postura do governo federal, que segundo ele, utiliza a operação como vitrine para agradar setores externos. “No Dia Mundial do Meio Ambiente, a manchete no site do governo federal foi clara: ‘ICMBio deflagra operação de combate ao desmatamento na Reserva Extrativista Chico Mendes’. O objetivo está muito claro: mostrar para quem não mora aqui que estão cuidando da Amazônia, enquanto massacram quem realmente vive e trabalha nela”, completou.
Emerson questionou por que operações como essa não são feitas em outros estados do país. “Por que não fazem isso em Minas Gerais? Por que não fazem em São Paulo, no Rio de Janeiro? Porque não têm coragem. Quero ver fazer isso no Goiás, se o Caiado aceita. Quero ver em São Paulo, se o Tarcísio aceita. Ou em Minas, se o governador Zema aceita uma operação dessa. Vêm fazer aqui no Acre, onde mais deveriam ajudar por conta da nossa realidade social. E não sou eu quem digo, são os dados do Centro de Liderança Pública que mostram que o Acre é hoje o estado com o maior número de pessoas abaixo da linha da pobreza e que menos oferece oportunidade aos jovens”, apontou.
Para Jarude, o governo federal continua tratando o Acre como uma colônia. “Parece que querem que a gente continue sendo sempre colônia, sempre dependente de Brasília, sem chance de crescer e se desenvolver. Isso é inaceitável”, finalizou.