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Marcus e JV: o alfaiate e o costureiro

O ex-prefeito de Rio Branco está incomodado. A palavra é esta e nenhuma outra. E o incômodo tem um ponto central; tem um núcleo duro: reside na ideia de “respeito à autoridade”. A tese se explica da seguinte forma:


É sabido de todos a história do engenheiro civil, formado pela Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Ilha Solteira, no interior de São Paulo. Trazido por Gilberto Siqueira, ex-secretário de Estado de Planejamento do governo de Jorge Viana, Marcus Alexandre foi pouco a pouco conquistando, na rotina da gestão, a liderança na seara política.


Foi um processo longo. No início, era o rapaz que apoiava o chefe Siqueira a brincar de milhões em milhões, dependendo do slide apresentado nas palestras do frenético secretário. “O próximo slide, Marcus”. E lá estava o fiel Marcus Alexandre, apertando os botões e jogando dinheiro de uma imagem para outra. Era milhão para cá; outro milhão para acolá.


Só que, na gestão de Viana, o Jorge, a política pública extrapolava as maquetes eletrônicas. Seja de qual bandeira ideológica o leitor for, é preciso reconhecer isto. E Marcus foi não apenas observando com o chefe essa ciranda de planejar ações, elaborar projetos, buscar apoio político na Aleac e na bancada federal e transitar nos ministérios em Brasília. Marcus foi trabalhando organicamente e definindo coisas dentro do governo. O gestor foi moldando o político.


E Marcus Alexandre aprendeu o jogo. Assumiu o Deracre no governo mais promissor da FPA, do professor Arnóbio Marques. Foi o mais produtivo período de obras na BR-364. O domínio de todo o espectro político e administrativo foi observado pelas principais lideranças do grupo. Dito de outra forma: Marcus conquistou autoridade.


E isso lhe referendou assumir o maior cargo público escrito no currículo: o de prefeito de Rio Branco. Só que há um detalhe: o cenário mudou, por mais que algumas lideranças da antiga FPA insistam em não reconhecer.


Para um eleitorado conservador como o acreano, a criatura se agigantou diante do criador. Marcus Alexandre se fez para além do PT; para além de Jorge Viana, Binho Marques, Sebastião Viana, Carioca. E mais: o recuo da eleição a uma cadeira na Aleac para embarcar na chapa-puro-sangue-kamikaze ao Governo do Estado referenda o seguinte raciocínio: “Não devo mais nada a vocês!”


Isso não é dito pelo engenheiro civil. Homem íntimo das contas, Alexandre aprendeu a calcular as relações políticas e sabe que uma frase dessa beira a antipatia e abre brechas para inimizades. O que ele, definitivamente, não quer. Mas que a sensação é essa… é.


Aliás, atualmente, ele acorda pensando em trazer para junto de si um novo aliado. Esteja este potencial amigo onde estiver. De engenheiro, Marcus hoje está mais próximo de um alfaiate, emendando retalhos do que foi desconstruído pelo desgaste dos 20 anos de PT e pela ingerência e inabilidade política da atual gestão.


A linha e a agulha para novos traçados da costura estão com Marcus Alexandre. E ele sabe que os paletós para 2024 e 2026 dependem dos pontos dados hoje. Não é uma questão de força. É uma questão de sutileza e beleza. Velhos costureiros que não compreenderem o momento aprenderão na hora que o alfaiate for pegar as medidas.


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