Passada data de 7 de abril, limite para mudanças de partidos, filiações, desincompatibilizações de cargos públicos, temos um quadro praticamente definido para as eleições no Acre. Agora, até as convenções partidárias, iniciam-se as pré-campanhas. A minha intenção é ouvir todos os pré-candidatos majoritários ao Governo do Acre e ao Senado para os leitores da coluna fazerem as suas avaliações.
A série começa pelo senador Gladson Cameli (PP), que disputará o Governo do Acre. Mas já deixando aberto o espaço para todos os outros concorrentes. Acompanhe a entrevista.
AC24horas – Senador Gladson a pré-campanha começou nesta semana com o final dos prazos burocráticos do dia 7 de abril. Como o senhor vai se posicionar a partir de agora na pré-campanha?
Gladson Cameli – Estou há 12 anos na vida pública. Com dois mandatos de deputado federal e há quatro anos como senador. Vou continuar a minha luta pelo povo acreano no Congresso Nacional porque ainda estou senador. Para tomar a decisão de disputar uma outra eleição na metade do meu atual mandato, como católico e cristão, pensei muito. Andei todo o Estado e ouvi as pessoas porque quem me colocou no Senado foram os eleitores acreanos. Tenho 40 anos de idade e dado a minha melhor contribuição ao meu Estado, sabendo que possa fazer muito mais, ainda que muitos me subestimem pela minha idade. Alguns dizem que não tenho experiência. Mas o que é experiência? Pra mim a maior experiência que você pode ter na vida é a vontade de fazer. E quando se tem determinação e coragem é possível executar aquilo que a gente planeja. Escutei as pessoas próximas da minha família, os amigos, ribeirinhos do Envira, Tarauacá, Juruá, as pessoas que vivem às margens das BRs 364 e 317, conversei com caminhoneiros, com todas as classes. E todos cobravam a minha candidatura. Então quando tomei a decisão de ser pré-candidato ao Governo já estava convicto, tranquilo no meu coração, no meu espirito e em paz. Sabendo do grande desafio que é participar da campanha e depois ter que cumprir o que for prometido no caso de vitória.
AC24horas – O senhor se sente preparado para fazer a gestão governamental do Acre?
GC – Totalmente. E vou te dar dois pontos para você entender. Ninguém governa só e vou convidar pessoas preparadas pra assumir as grandes pastas estratégicas sem nenhum tipo de conchavo político. Quero gente técnica para resolver os grandes problemas do nosso Estado. Não adianta ficar privilegiando os partidos A, B ou C em cargos chaves e não resolver o que é importante. Não é só ficar criticando o que já passou. Acho que olhar para o passado é muito pouco diante dos grandes desafios que teremos. Temos que viver no presente projetando um futuro melhor porque o que está em jogo é a vida de cada acreano. Penso no meu filho, nas famílias e nas pessoas em geral. Aceitei esse desafio pensando nas pessoas que defendem a democracia e a alternância de poder. Venho de uma família empresarial e, às vezes, sou criticado por esse fato. Então quer dizer que ter sucesso na vida empresarial é crime? Pelo contrário, essa é uma forma de se mostrar para as pessoas que sonham com uma vida melhor que através da luta e do esforço é possível se alcançar o sucesso. Meu pai quando casou com a minha mãe comprou um fogão a prestação. Hoje é um dos maiores empresários da Região Norte. Isso serve de exemplo para os jovens que estão em busca de crescer na vida. Através dos estudo e da dedicação é possível alcançar o sucesso. Tenho muitos defeitos, mas uma das minhas virtudes é saber ouvir para dar um passo pra trás e depois dar dez pra frente. Não vai ser fácil, temos um Estado com mais de 800 mil habitantes e um orçamento de R$ 7 a R$ 8 bilhões por ano. Teremos que fazer uma revolução administrativa. Não vou fatiar o Estado entre partidos porque além do meu nome o que está em jogo é a felicidade da população.
AC24horas – Como fazer uma gestão eficiente se todas as indicações apontam para o Acre como um Estado “quebrado” e cheio de dívidas?
GC – O Estado pode estar quebrado, cheio de dívidas e de marajás. Mas não admito dizer que o Acre é um Estado pobre. Temos 800 mil habitantes e um orçamento de quase R$ 8 bilhões saindo de uma crise e de uma recessão econômica. Quem pegar o Governo em janeiro de 2019 precisa ter pulso, gestão e diálogo com os poderes e mostrar para a população quais são as saídas, porque elas existem. Não pretendo ficar importando ninguém de fora porque o Acre tem muita gente competente para ajudar na gestão. E repito: nesse ponto não quero saber se o gestor vai ser do partido A ou B. Quero debater tecnicamente as situações que precisam ser resolvidas.
AC24horas – Costuma-se dizer que na política cada um tem que velar e enterrar os seus mortos. E um dos que a oposição terá que velar é o presidente Temer (MDB) que tem 5% de popularidade. Como o senhor pretende lidar com isso? Quais as suas ligações com o Temer?
GC – O Temer foi eleito numa chapa junto com o PT. Houve um impeachment e ele teve que cumprir o papel dele de vice. A minha relação com o presidente Temer é institucional. O mesmo tipo de relação que tive com a presidente Dilma (PT) e com o presidente Lula (PT). Eu não posso misturar uma defesa política partidária com o meu compromisso com o Acre. Passado o período eleitoral tenho que trabalhar e tentar conseguir o máximo de recursos para o Estado e cumprir meu papel de legislador. Eu não represento o Temer.
AC24horas – Ou seja, o Temer não será seu candidato a presidente caso ela vá para a reeleição?
GC – Uma coisa lhe garanto, está uma interrogação muito grande no processo eleitoral presidencial. Hoje não sabemos de fato quem são os verdadeiros candidatos porque ainda tem muita água para passar debaixo da ponte. Mas o meu candidato a presidente será aquele que me passar confiança e credibilidade para que eu possa transmitir ao meu eleitor. E que assuma compromissos em prol do desenvolvimento do Acre.
AC24horas – Mas na disputa aqui, o senhor será o candidato do Temer?
GC – Não serei o candidato dele. Mesmo porque ele nunca me disse que iria disputar a reeleição e nunca tratamos desse assunto, Todas as minhas reuniões e audiências com o presidente Temer foram tratando exclusivamente sobre recursos para as obras de infraestrutura para o Acre. Nunca pediu para que eu votasse em algum projeto que viesse a prejudicar a população. Sempre o procurei para tratar de recursos para o Acre para que as grandes obras não parassem. Vivemos a maior crise política do Brasil que ainda não acabou. Estamos atravessando uma crise econômica que, graças a Deus, dá sinais de recuperação. Todos os prefeitos e governadores ficaram com a corda no pescoço e cumpri o meu papel de senador atrás de recursos para os nossos gestores. Não disseram que a BR 364 iria fechar? Estamos em abril e não fechou. Desde novembro que percorro a estrada duas vezes por mês.
AC24horas – O senhor acredita que essa obra da BR 364 é viável? Tem uma manutenção muito cara e parece enxugar gelo, se arruma um trecho e o outro fica esburacado e assim sucessivamente. Tem como se fazer uma obra num todo para a rodovia se tornar transitável?
GC – Houve recente um serviço paliativo que foi o crema da estrada. Isso garantiu a sua trafegabilidade. Eu sou engenheiro civil especializado em estrada e nós temos que fazer aquilo que está no projeto. Se não for assim nenhum milagre deixa uma obra perfeita. Ficam arrumando desculpas que essa obra não vai prestar e não acho que o caminho seja ficar procurando culpados. Temos que saber porque não fizeram como teria que ser feito. Cabe a mim garantir a sua reconstrução que vai custar R$1 bilhão aos cofres públicos e já temos R$ 100 milhões licitados para a sua reconstrução. Se depender de mim vou lutar para concluir em definitivo essa obra.
AC24horas – Pegando o outro lado. Como o senhor vê essa situação do ex-presidente Lula condenado e preso? O que significa isso para o país e a nossa democracia?
GC – Ninguém é superior a ninguém e muito menos a Deus. Cada tem que cumprir o que a Justiça determina. Então a Justiça só funciona para os pobres, os carentes? O que está acontecendo no nosso país é o fortalecimento das instituições e dos poderes. Um ex-presidente da República pegou uma ordem de prisão e está querendo de todas as formas driblar essa determinação que foi confirmada na nossa mais alta Corte de Justiça, o STF. Ninguém é melhor que ninguém. Não é por ser um senador que sou melhor que os outros. Todos nós somos iguais perante a Justiça e isso está na nossa Constituição que tem que ser respeitada. Eu tenho essa consciência e que isso sirva de exemplo para todos, principalmente, para a nova classe política que está vindo.
AC24horas – Dentro da oposição o senhor acabou de aparentemente vencer dois problemas. O MDB que se afastou da sua pré-candidatura e depois voltou. E também a briga de dois candidatos majoritários, o deputado federal Major Rocha (PSDB) , seu vice e, o pré-candidato ao Senado Márcio Bittar (MDB). O senhor acredita que poderá fazer uma pré-campanha pacificada ou ainda teme fogo amigo?
GC – As arestas foram aplainadas. Mas veja bem, temos uma aliança de 12 partidos e os desentendimentos são naturais. Apareceram cinco nomes com a pretensão de serem o meu vice. A nossa candidatura não é fraca, mas é pé no chão. E no momento superamos qualquer tipo de problema interno e de aresta pessoal. Deixei bem claro para todos que o Acre está acima de qualquer coisa que venha a atrapalhar esse novo projeto que vamos apresentar à sociedade acreana. Quem está se apresentando como candidato a governador é por vontade própria. Então cada um tem que assumir a sua responsabilidade se ganhar e dar uma resposta aos problemas como a segurança, a saúde, a educação. Não perder tempo com essas brigas políticas que não levam a nada.
AC24horas – Caso o senhor vença, o deputado Rocha vai ser teu gestor da segurança?
GC – Não só da segurança. Porque na minha concepção e no convite que fiz a ele, no caso de vencermos, não é só para tirar fotos e assumir o cargo de governador quando eu estiver ausente. Ele terá a responsabilidade de participar da gestão. No caso da segurança, que é área dele, ainda mais.
AC24horas – A candidatura do Coronel Ulysses (PSL) te incomoda de alguma maneira? Ela significa uma ruptura da unidade das oposições?
GC – Do fundo do meu coração essa candidatura não me causa nenhuma estranheza. Ficam criando factoides dentro da oposição, mas eu não tenho problema nenhum com nenhuma candidatura. A população acreana é madura o suficiente para saber aquilo que quer para o seu futuro. Estou dando o melhor de mim e quero contribuir com o meu Estado e o meu país. E não adianta só andar e falar. Tenho que colocar meu nome à disposição para tentar ajudar a resolver os problemas. Assim é a democracia. Você não casa com quem você não quer casar. Paciência. Agora, não vou viver com o freio de mão puxado por causa de outras candidaturas. Isso é natural no Regime Democrático. Respeito de coração o Ulysses e a família dele. Eleição é um coisa muito séria e não tenho tempo para brincadeira.
AC24horas – A tendência aqui no Acre das campanhas eleitorais é de muita pancadaria. Agressões pessoais e familiares. E o senhor vivenciou isso quando foi candidato ao Senado, em 2014. Como o senhor vai agir caso seja esse tipo de campanha agressiva em 2018?
GC – Eles podem vir com um canhão que vou recebe-los de braços abertos e com sorrisos apresentando as minhas propostas. Não vou perder tempo precioso de TV e nas redes sociais porque a sociedade estará nos observando. Em respeito às famílias acreanas não vou entrar nessa insanidade. A Justiça está aí para resolver essas coisas. Ainda mais agora com os Fakes News. Tenho sofrido bastante com isso. Não posso ter uma vida pessoal com a minha família que parece incomodar alguns que estão aí no poder. Mas não vou deixar de viver a minha vida por questões politiqueiras. Não preciso ter duas caras, eu sou o que eu sou. E não quero que ninguém passe a mão na minha cabeça caso eu cometa algum erro, porque não sou o dono da razão. Não entrarei em baixarias e a Justiça vai estar aí pra isso.