Referência em cirurgia e clínica médica no Acre, o Hospital das Clínicas (HC) de Rio Branco cancelou, pela segunda semana consecutiva, as cirurgias neurológicas agendadas aos portadores da epilepsia. Alguns pacientes chegaram a entrar por duas vezes no Centro Cirúrgico, mas não puderam ser submetidos aos procedimentos. As justificativas dadas foram: médicos com salários atrasados e falta de material.
O jovem Carlos Alberto Pereira, de 19 anos, relata que tem sentido muitas dores
Um dos pacientes, o jovem Carlos Alberto Pereira, de 19 anos, relata que tem sentido muitas dores e que a postura do Hospital das Clínicas o deixa numa situação ainda pior, visto que sem a cirurgia as crises epiléticas continuam sem recuo. Ao menos três pessoas denunciaram o caso ao ac24horas em menos de 12 horas.
“Eu estou muito, muito preocupado com essa situação. Só lá na sala de cirurgia eu fui duas vezes. ‘Tava’ internado aqui desde a semana passada, e até agora nada. Hoje, fiquei foi mais preocupado, porque o médico me mandou ir para casa e o funcionário disse que não tem material para fazer as cirurgias. A outra funcionária me disse foi que os médicos tão o salário atrasado desde o mês passado. Assim fica difícil”, relata.
A mãe do paciente, a aposentada Sandra Maria do Nascimento, de 57 anos, conta que o filho tem piorado a cada dia. “Estamos nessa luta há duas semanas. Hoje, o funcionário me disse que nós aviéssemos embora porque o médico não ia fazer a cirurgia, porque os dias para fazer são segunda, terça e quarta, e que o médico ligaria só depois do carnaval para ver um dia da cirurgia”, conta a mulher.
A mãe do paciente, a aposentada Sandra Maria do Nascimento, de 57 anos, conta que o filho tem piorado a cada dia.
O fato é que a acompanhante se disse ainda mais surpresa com as justificativas dadas pelos profissionais do Hospital das Clínicas: “Alguém precisa olhar para a saúde do Acre. Tá faltando salário dos médicos e ainda, os materiais para fazerem essas cirurgias dos doentes. Tá faltando tudo! Não tem nem o mínimo para essas cirurgias. Aqui eles só falam que vão atender o que é urgência e a gente que se vire. A enfermeira também me contou que o governo não ‘tá’ pagando os salários dos médicos que são de uma empresa. A minha sensação é de muito descaso”, revela a Sandra Maria, emocionada.
Um funcionário da unidade de saúde, que pediu para não ter o nome revelado, por temer represarias, confirmou que a falta de material tem sido rotina dentro do hospital. “Aqui, os funcionários ficam sem reação. Já estão faltando [os materiais] há mais de um mês. Eles deixam o mínimo do mínimo aí dentro, só para fazer aquilo que é realmente necessário, às pressas. A administração tem sido muito omissa, pois não conseguem resolver esse tipo de problema. Eu penso que eles não cobram os fornecedores. Deve ser isso!!”, diz o servidor.
A Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) afirmou que não há salários atrasados e todos os acertos contratuais junto à empresa que viabiliza os médicos, já foram feitos nesta quinta-feira, 4. O órgão esclareceu que todos os médicos estavam de sobreaviso, no Hospital de Urgência e Emergência (Huerb). Além disso, a pasta destacou que não há falta de insumos e que todo o material necessário já está disponível, o que viabilizará o agendamento das cirurgias.
