Cheia de contradições à explicação de Edvaldo Amorim, gerente de Assistência à Saúde da Maternidade Bárbara Heliodora, com relação ao parto da paciente Simone Santiago que ocorreu na recepção do Hospital no último dia 24, agravou ainda mais a crise na saúde obstétrica. A tentativa de blindar o governo recebeu criticas até de deputados da base aliada, na manhã de hoje (30) na Assembleia Legislativa do Acre.
O governo se apressou para trazer um técnico ao parlamento. A sessão solene em homenagem aos trabalhadores pela passagem do dia 1º de maio foi cancelada pela Mesa Diretora que atendeu em tempo recorde a convocação feita pelo deputado Raimundinho da Saúde (PTN).
Em sua primeira fala, Amorim afirmou que não existe a necessidade de ampliação de leitos na Maternidade Bárbara Heliodora, em Rio Branco, afirmando que a superlotação do Hospital ocorre por causa da falta de atendimento no interior.
“Dizer que não temos profissionais ou que o hospital precisa ampliar leitos não está de acordo. O que existe é uma demanda muito grande que não deveria estar indo para a maternidade”, explicou Amorim.
A interiorização do problema também ocorreu na hora em que o gestor explicou a taxa de óbitos por cada mil nascidos vivos. Segundo o especialista, os 29 bebês que tiveram óbito fetal registrado na Maternidade Bárbara Heliodora não são todos de Rio Branco, mas oriundos de cidades do interior.
Ele citou como exemplo, o caso de dois bebês, gêmeos, que morreram ontem (29) dentro do ventre da mãe, quando estavam à caminho de Rio Branco vindos do município de Manuel Urbano (AC). O nome da mãe não foi informado.
“A maternidade registra o óbito, mas os casos são de cidades vizinhas que enviam pacientes para Rio Branco”, acrescentou Amorim.
O autor do requerimento que convidou Amorim para a Aleac, deputado Raimundinho da Saúde, disse com base nas visitas feitas pela Comissão de Saúde que oito hospitais do Acre não realizam partos normais.
“O que está existindo é a transferência clinica dos municípios para a capital. O governo realiza reunião ainda hoje para começar a orientar os gestores do interior a não enviar pacientes para a capital”, disse Raimundinho.
Outro deputado da base, Heitor Junior (PDT), deu eco as declarações feitas pela peemedebista, deputada Eliane Sinhasique – que não estava presente na Sessão – afirmando que “a falha na gestão não é apenas nas maternidades, mas em vários locais”, disse.
Contrariando o que disse Amorim, o deputado Jenilson Leite (PCdoB) deixou claro que está faltando recursos humanos na Maternidade Bárbara Heliodora. A deputada governista, Dra. Juliana (PRB) foi mais além, culpou os prefeitos de não fazerem o pré-natal, principalmente, de adolescentes grávidas.
culpou as prefeituras e não culpou os prefeitos
“Por isso ocorrem tantas mortes de bebês, as adolescentes não recebem as orientações necessárias em sua primeira gestação”, informou Juliana.
De volta para responder os questionamentos feitos pelos parlamentares, Edvaldo Amorim em vários momentos, culpou o escândalo à divulgação do vídeo pelas redes sociais e a distorção dos fatos pela imprensa.
“Se não fosse a divulgação do vídeo o caso teria sido mais um”, afirmou.
Amorim, depois de afirmar que não havia necessidade de ampliação de leitos na Maternidade Bárbara Heliodora, voltou atrás e anunciou a construção de 20 leitos.
Construção de biombos – O líder do governo, deputado Daniel Zen, em entrevista à imprensa, no Salão Azul, pediu aos jornalistas para não se aterem a literalidade da fala de Edvaldo Amorim. É que tentando explicar tecnicamente a situação de imprevisibilidade no parto da paciente Simone Santiago, Amorim chegou a sugerir a construção de biombos na recepção para proteger a privacidade de eventuais mães que venham a parir em meio ao público.
Relatório chegará ao governador – Segundo o presidente da Comissão de Saúde Pública da Aleac, deputado Raimundinho da Saúde, um relatório sobre as condições da saúde no estado do Acre será entregue durante audiência ao governador Sebastião Viana.
