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Cemitérios de Rio Branco confrontam a legislação ambiental

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Por trás das homenagens, Cemitérios de Rio Branco escondem crime ambiental


Jairo Carioca – da redação de ac24horas

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Pouco mais de sete em cada dez cemitérios públicos brasileiros têm problemas de ordem ambiental e sanitária, de acordo com estudo do geólogo e mestre em engenharia sanitária Lezíro Marques Silva. O levantamento concluído em 2011 reuniu dados de mais de mil cemitérios do país, entre públicos e privados. O professor e geógrafo Claudemir Mesquita, no Acre, confirmou que os cemitérios de Rio Branco estão enquadrados na situação dos 75% de cemitérios do país com problemas ambientais.


Claudemir afirma que não precisa ser nenhum especialista para saber que os cemitérios de Rio Branco confrontam a legislação ambiental. “A gestão é do município que adequa da forma que precisa. O Jardim da Saudade é cortado por um igarapé”, comenta o geográfo.


Ainda segundo Claudemir, todos os cemitérios estão localizados em áreas urbanas. O velho problema vem sendo empurrado com a barriga, a intenção de achar uma área adequada existe somente no papel. “Essas áreas acabam sendo comercializadas por imobiliárias ou aproveitadas para habitação”, concluiu Claudemir.


O professor Walter Malagutti, do Departamento de Geologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), que também desenvolve pesquisa na área, explica que não havia a preocupação de observar os critérios geológicos para construção de cemitérios. “Pode ocorrer de alguns terem sido implantados em locais inadequados. Muitos estão em áreas nobres, como as regiões centrais.”


Ele avalia que o ideal seria considerar os mesmos critérios dos aterros sanitários, como lençol freático mais profundo possível, rocha impermeável e distância dos centros urbanos, para construção de cemitérios.


Walter Malagutti explica ainda que os cemitérios são fonte renovável de contaminação, pois, diferentemente dos aterros, eles não costumam ser desativados. “Pela legislação brasileira, depois de cinco a sete anos, quando ficam só ossos, eles são removidos e colocado outro corpo no local”, relata. Segundo o professor da Unesp, um diagnóstico ambiental dos locais de enterro já existentes e a observação de critérios geológicos para a implantação de novos cemitérios são algumas medidas para amenizar a situação.


Já a pesquisa desenvolvida por Lezíro Marques resultou no desenvolvimento de substâncias capazes de neutralizar o necrochorume, reduzindo o nível de contaminação. “A grande meta é não permitir que o líquido extravase”, destacou. Para tanto, foi criada uma espécie de colchão a ser colocado na sepultura, o qual possui um líquido que elimina os efeitos dos poluentes. Uma ação semelhante é conseguida por uma substância que lava o subsolo retirando o necrochorume. “Tem solução, mas pouco é feito”, avalia.


O geólogo destaca ainda a necessidade de uma legislação mais específica, que oriente a construção de lajes de contenção e obrigue uso de substâncias neutralizadoras do necrochorume.


Os pesquisadores concordam que a cremação seria a solução mais adequada para a preservação do meio físico. Eles avaliam, no entanto, que a questão cultural é o principal empecilho para o uso da técnica. “A cremação é muito incipiente no Brasil. E isso não tem a ver diretamente com o custo. Enquanto se paga entre R$ 350 e R$ 400 para cremar um corpo, o enterro mais simples custo no mínimo R$ 2 mil. É uma questão cultural”, avalia Lezíro.


 


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