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Acre dispara em agravos trabalhistas com mais de 1,5 mil acidentes

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Os adoecimentos e agravos relacionados ao trabalho seguem representando uma parcela significativa do processo saúde-doença no Brasil e também no Acre. O trabalho, que ocupa papel central na vida em sociedade, pode ser fonte de realização, mas, quando exercido em condições inadequadas, torna-se fator determinante para o surgimento de doenças, acidentes e outros agravos à saúde dos trabalhadores.


Desde agosto de 2024, o monitoramento epidemiológico desses casos passou por uma mudança importante em âmbito nacional. Sete Doenças e Agravos Relacionados ao Trabalho (Dart) foram incluídos na Lista Nacional de Notificação Compulsória, ampliando a obrigatoriedade de registro nos serviços de saúde. Entre elas estão câncer relacionado ao trabalho, dermatoses ocupacionais, distúrbio de voz, lesões por esforço repetitivo (LER/Dort), perda auditiva induzida por ruído (Pair), pneumoconioses e transtornos mentais relacionados ao trabalho.

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Antes acompanhadas apenas pela Vigilância Sentinela, essas doenças passaram a integrar o rol de notificações compulsórias universais, ao lado de acidentes de trabalho, acidentes com exposição a material biológico, acidentes com animais peçonhentos, intoxicações exógenas e violências interpessoais e autoprovocadas relacionadas ao trabalho.


Em 2025, até 18 de julho, o Brasil contabilizou 340.701 notificações de Dart. A maior parte corresponde a acidentes de trabalho (76,9%), seguidos por acidentes com exposição a material biológico (12,3%) e acidentes com animais peçonhentos (4,3%). Transtornos e doenças relacionadas ao trabalho representaram 3,1% das notificações, enquanto intoxicações exógenas somaram 1,9% e violências, 1,7%.


No Acre, os dados chamam atenção. O estado apresentou incidência de 516,9 notificações de Dart por 100 mil trabalhadores, índice considerado elevado. Foram registrados 1.551 acidentes de trabalho, além de 10 notificações de transtornos e doenças relacionadas ao trabalho, 61 casos de intoxicações exógenas e 19 registros de violências relacionadas ao ambiente laboral. A incidência de acidentes no estado foi de 488,5 casos por 100 mil trabalhadores.


Especialistas destacam que a predominância dos acidentes nas estatísticas se deve, em parte, ao fato de serem eventos agudos, mais facilmente identificados e notificados nos serviços de saúde. Já as doenças e transtornos relacionados ao trabalho, de caráter crônico, costumam se manifestar após longos períodos de exposição a riscos, o que dificulta o diagnóstico e contribui para a subnotificação.


O perfil das notificações também revela desigualdades. Acidentes e intoxicações exógenas ocorreram principalmente entre homens, enquanto as doenças e os transtornos apresentaram distribuição mais equilibrada entre os sexos, com maior concentração entre mulheres de 40 a 59 anos. Os casos de violência relacionada ao trabalho foram registrados majoritariamente entre trabalhadoras do sexo feminino.


No cenário nacional, trabalhadores autodeclarados negros, pretos e pardos concentraram a maioria dos registros de acidentes, intoxicações e violências, enquanto os transtornos e doenças foram mais frequentes entre trabalhadores brancos.


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