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Médico Thor Dantas relembra pandemia: “o desespero nos fez usar Cloroquina”

Foto: Whidy Melo/ac24horas
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O médico Fabrício Lemos recebeu no programa Médico 24 Horas desta segunda-feira, 22, o Dr. Thor Dantas, infectologista referência médica no Acre. A entrevista abrangeu temas diversos, mas Thor lembrou a tragédia da pandemia da Covid-19, que vitimou mais de duas mil pessoas no estado.


De acordo com Thor Dantas, médicos e cientistas da área da infectologia já sabiam que era questão de tempo até que uma nova epidemia se espalhasse pelo mundo, assim como já é de conhecimento que outras ainda virão, mas não há como negar a surpresa com o surgimento da Covid-19.

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“A gente achava que uma nova pandemia surgiria de um vírus influenza, que é o vírus da gripe, mas acabou sendo esse coronavírus que se originou na China e pegou o mundo de surpresa. A ciência elevou sua produção de conhecimento ao máximo para fazer uma resposta a tempo”, disse o médico.


Em meio às tentativas de minimizar os impactos da Covid-19, surgiram uso de medicamentos que, mais tarde, tiveram ineficácia comprovada. Um deles, ferrenhamente defendido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, foi a Cloroquina, frequentemente usada no tratamento da malária.


“No início de uma situação de emergência, é normal tentar de forma legítima e honesta buscar medicamentos para tratar o paciente. Uma pesquisa de laboratório comprovou que a cloroquina inibia a reprodução do vírus, mas o sabão, por exemplo, também inibe, o que não significa que posso tratar o paciente com sabão. Esse estudo foi apresentado e todo mundo começou a usar, inclusive eu, o desespero nos fez usar. No entanto, mais tarde alguns cientistas especialistas em métodos científicos refizeram os cálculos com correções de seleção, ficando comprovado que, infelizmente, não funcionava. Algumas pessoas têm dificuldade de entender o método científico, porque não é simples de ter aprendido. A verdade é que as pessoas não melhoram com esse medicamento”, afirmou.


Foto: Whidy Melo/ac24horas

Thor, que além de ter participado da linha de frente do combate à pandemia nas Unidades de Terapia Intensiva, foi membro do Comitê de Acompanhamento Especial da Covid-19 do Acre, lembrou que ele mesmo foi infectado pela doença, ficando em estado crítico. “Fiquei com medo de morrer porque via as pessoas morrerem aos montes. Morrer todo mundo vai, mas não é normal todo mundo morrer ao mesmo tempo, e da mesma coisa, isso não pode ser normalizado como alguns tentam normalizar. Eu tive muito medo, não respondi aos corticoides, fui o primeiro do Acre a fazer o soro de convalescente (peguei um colega médico que já tinha tido a Covid e passei o sangue dele pro meu) mas não funcionou, aí entrei na fase da hipóxia. No meu caso, o que serviu foram os imunobiológicos”, explicou. Os imunobiológicos citados por Thor tiveram preço aumentado durante a pandemia justamente pela alta demanda, sendo que um só medicamento poderia chegar aos R$ 30 mil.


Dr. Fabrício Lemos disse que na época em que Dr. Thor ficou em estado grave, teve de amparar colegas de profissão nos corredores dos hospitais. “Diziam ‘se o Thor, que está à frente de tudo isso está doente e grave, como vai ficar a gente?’, vi muitos colegas chorando em porta de hospital chorando. Morreram mais de 200 profissionais de saúde no Acre e nós tínhamos medo”, disse Fabrício.


Fabrício Lemos e Thor Dantas debateram no programa a origem da Covid-19, as expectativas para uma nova pandemia (que pode ser uma variante da covid-19), e outros assuntos. Para saber mais, assista ao programa completo.


Veja o vídeo:

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