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Casal que vende no semáforo supera discriminação e cria única indústria de água de coco no Acre

Produto acreano é vendido sem conservantes, 100% natural e preserva nutrientes com envasamento diferenciado 

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No início, há cerca de cinco anos, era só marido e mulher vendendo água de coco em garrafinhas nos semáforos de Rio Branco. Sem fardamento, sem rótulo, tudo muito caseiro e informal. Não havia indústria, tampouco existia padrão. Hoje a Império do Coco é uma empresa totalmente legalizada e a única do estado do Acre certificada e regulamentada para o envase de água de coco e apta para comercializar em qualquer lugar do país.

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Essa história começou quando Júnior Santos era caminhoneiro e trazia carregamentos de cocos do Vale do Juruá para Rio Branco ao lado da esposa, Iana Rios, na volta dos fretes que ele fazia até Cruzeiro do Sul. Certa vez, teve de arcar com o prejuízo quando um cliente desistiu de comprar os cocos que havia trazido de Mâncio Lima a pedido do comprador, em meados de 2017.


 


“A gente pegava coco e trazia para vender para não voltar com o caminhão sem nada. A partir desse cliente que não quis ficar com o pedido, tivemos a ideia de encher garrafas e vender água de coco no sinal de trânsito. E assim começamos”, explica Júnior, que é sócio na empresa com a esposa e a cunhada, Ingrid Rios. Depois de perceber que a vida de caminhoneiro não estava sendo rentável, é que a Império do Coco foi de fato criada e legalizada, após aproximadamente dois anos. “Formalizamos os processos e nos adequamos às normas nacionais de envasamento. Hoje somos uma indústria de envasamento de água de coco”.


 


Ocorre que pouco depois desse período veio a pandemia de Covid-19 e atrapalhou um pouco os planos da empresa. “Tivemos alguns prejuízos, incertezas,tudo porque nosso meio de venda principal naquela época era estar nas ruas. Como na pandemia as pessoas ficavam mais em casa, tivemos uma queda muito grande nas vendas. Foi um período bem frustrante, que não deu o resultado que esperávamos”, relembram.


 


A Império do Coco é considerada uma empresa familiar, cada um dos três com sua função. Com a chegada da cunhada Inglit à indústria, a produção passou a seguir os padrões nacionais da água de coco. “Seguimos à risca todo o processo. O fruto é lavado, selecionado, não tem nenhum tipo de conservante, é totalmente natural”.


 


As garrafas são envasadas em ambiente refrigerado e todas elas têm rótulos com registro e informações necessárias ao consumidor. “Recebemos os cocos em nosso depósito adaptado com temperatura correta, temos dois tanques para lavagem e a extração também segue padrões nacionais, assim como o envase. A água já sai do coco na temperatura exigida para manter a qualidade e não perder as propriedades do fruto nesse processo”, destacam.

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Matéria-prima nordestina

 


A indústria não tem plantação própria, nem mesmo os produtores do Acre possuem plantação que atenda a necessidade da empresa. Por esse motivo, a Império do Coco compra o fruto de estados da região nordeste do país, a maior produtora de cocos no Brasil. “O Acre é carente do fruto, não tem nenhum  investimento em relação a isso e não conseguimos pegar todo o fruto local. Aqui até tem coco, mas não tantos com a qualidade que buscamos. Os produtores que atuam aqui nessa área só conseguem nos atender por um determinado período”.


 


Atualmente, eles dizem que o consumo diário para atender a demanda de clientes ainda não é exorbitante, até por se tratar de um empreendimento novo. A Império do Coco envasa uma média de 100 a 120 litros de água de coco por dia, o que equivale de 200 a 300 cocos diariamente, dependendo do período.


 


“Nosso produto é 100% natural, podendo ser mantido no máximo de 8 a 10 dias seu prazo de validade, o que é um dos nossos diferenciais, unindo a boa higienização e padronização sem conservantes”. Os sócios relatam que hoje a marca tem uma boa aceitação dos clientes, mas que nem sempre foi assim.


 


“No início teve muita rejeição, até olhares discriminados. Por isso, tivemos a ideia de colocar farda aos vendedores, identificar as garrafas e legalizar a empresa. Hoje estamos na maior rede de supermercados do Acre, rede de farmácias, distribuidoras , lanchonetes e ainda com nosso carro-chefe, que é nos semáforos, onde tudo começou”.


 


Diferente do que ocorria anteriormente, agora os próprios clientes já conhecem o produto e procuram a Império. A indústria acreana conta com o trabalho de 15 a 20 colaboradores, direta e indiretamente, desde quem tira o coco no plantio, ao motorista, a pessoa que faz o descarregamento da carga, vendedores e profissional de envasamento. “O rendimento é sempre um risco. Ainda procuramos chegar no resultado que esperamos. Temos que buscar ainda mais resultados, mesmo já tendo alcançado algumas conquistas, que devem ser comemoradas. Nosso rendimento tem sido positivo, mas ainda temos metas e desejos para alcançar. Sabemos que estamos na direção certa”.



Por enquanto, a Império do Coco atende somente na capital acreana, com apenas uma ramificação parceira no município de Senador Guiomard. Para os proprietários, alguns fatores impedem a exportação do produto, principalmente  questões físicas e geográficas. “ A distância dos grandes centros do país é uma dificuldade. Tem a temperatura, o prazo de validade. Por ser um produto totalmente natural, tem prazo curto de validade, mas temos projetos para exportar futuramente, com uma maneira consciente de alcançar mais espaço no ramo”.


 


A Império já conseguiu superar um dos maiores desafios, que é a falta da matéria-prima no estado. “Depois de anos sofrendo com a falta de coco, já sabemos a época em que o fruto da região alcança um número maior. Não dá para fazermos estoque porque ele estraga, só trabalhamos com frutos novos, então a experiência fez com que a gente aprendesse a trabalhar com o coco”.


 


A marca acreana concorre com as gigantes do mercado nacional. No estado, é a única que segue todos os padrões exigidos pelo Ministério de Agricultura, Abastecimento e Reforma (MAPA) para poder trabalhar com envase de água de coco. “Temos um produto diferenciado, 100% natural. Aqueles de caixinha têm produtos químicos conservantes que agridem muito a saúde”, salientam.


 


Para utilização na empresa, o coco precisa ser bem cuidado depois de ser extraído do pé e refrigerado na temperatura necessária. “Nós saímos na frente em relação aos demais porque somos a única empresa com estrutura física que atende as especificações no estado. O que mantém a qualidade da água é como ela vai ser retirada do coco, como ele vai ser furado e o líquido colocado na garrafa. Parece um processo simples, mas não é”.


 


Os sócios têm projetos futuros e já identificaram que essa é uma área com espaço para crescimento, mas com muito equilíbrio e cuidado. “O risco é muito grande por se tratar de um produto muito perecível. Já somos conscientes da limitação de expandir pela falta do produto”. Hoje, os clientes podem encontrar a água de coco de indústria acreana em quiosque no Via Verde Shopping, pelos semáforos do centro de Rio Branco, supermercados,  lanchonetes, distribuidoras, cafeterias e restaurantes.


 


“Agradecemos muito aos nossos clientes. Mesmo com dificuldades diárias, buscamos manter a qualidade do produto, inovando, alcançando mais pessoas, sempre passando confiança aos clientes. Essa confiança que a gente passa, nós recebemos de volta em forma de elogio. A Império sempre busca melhorar e isso tem dado muito certo”, concluem.


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