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Número de crianças com desnutrição que são internadas no Acre não para de crescer

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Um novo dado produzido pela Sociedade Brasileira de Pediatria reacende o debate sobre a fome no Acre. Divulgada nesta segunda-feira (13) a nota técnica intitulada “A desnutrição infantil voltou?” apresenta novos números sobre as internações hospitalares de crianças menores de cinco anos em decorrência da desnutrição no Brasil, mostrando que em dez anos, de 2012 a 2022, 359 criancinhas tiveram de ser hospitalizadas por causa da fome no Estado do Acre.


E o mais assustador é que essas hospitalizações vem numa crescente desde 2019, ano em que o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou a internação de 14 crianças. Esse número subiu para 31 em 2020, saltou para 40 em 2021 e alcançou a marca de 45 ocorrências no ano passado.

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Ou seja: as hospitalizações triplicaram em apenas quatro anos apesar de os números oscilarem em anos anteriores e às vezes até se apresentando mais altos.


A grave crise econômica, a pandemia de covid-19, a piora da renda das famílias, o aumento da in­segurança alimentar, do preço dos alimentos, das condições de moradia e de saneamento básico, a queda das taxas de imunização, entre outros fatores foram apontados pela SBP como possíveis causas para a piora do quadro de hospitalizações de crianças associadas à desnutrição. Levantamento da entidade mostra que, na última década, a desnutrição, sequelas da desnutrição e de outras deficiências nutricionais levaram à internação hospitalar mais de 43 mil crianças menores de cinco anos.


“A desnutrição atinge de forma mais frequente e intensa as crianças mais jovens. Em longo prazo, as crianças que sofreram com desnutrição no início da vida também podem apresentar prejuízo do desenvolvimento neuropsicomotor e aumento do risco para desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis como diabetes, hipertensão e, inclusive, excesso de peso”, apontam os membros do Departamento Científico de Nutrologia da SBP no documento científico.


Os pediatras destacam que, frente ao retorno da desnutrição ao cenário pediátrico nacional, torna-se importante a implantação de estratégias multissetoriais, combinadas e amplas envolvendo todos os setores da sociedade (governo, sociedades científicas, universi­dades, organizações do terceiro setor e setor privado) para prevenção da desnutrição e tratamento oportuno.


Dentre as recomendações da SBP para conter o avanço da desnutrição no Brasil estão a geração e ampliação de políticas públicas que levem mais investimento a ações de promoção à saúde e educação para primeira infância; e o fortalecimento do sistema de saúde na Atenção Básica, especializada e hospitalar com a presença do pediatra no atendimento e planejamento do cuidado integral da criança, vigilância do crescimento e desenvolvimento.


Também é indicada a implantação de estratégias que promovam a prática do aleitamento materno e da alimentação complementar com adequada frequência, diversidade e oferta de alimentos saudáveis; além da revisão, adaptação e divulgação das recomendações para diagnóstico e tratamento de crianças desnutridas, visando reduzir a morbimortalidade em curto prazo neste grupo.


Dados do Sistema de Informações Hospitalares, do Ministério da Saúde, mostram que, entre janeiro de 2012 e novembro de 2022, foram registradas quase 400 mil hospitalizações motivadas pela desnutrição, somente na rede pública. Cerca de 28,6 mil foram de crianças menores de um ano e outros 14,7 mil casos envolveram crianças entre um e quatro anos. Ao longo dos anos, é possível observar que a proporção de internações de menores de cinco anos praticamente dobrou frente ao total, passando de 8% em 2012 para 16% em 2021 e 18% em 2022.


Para efeito de comparação com os números do Acre, o Estado do Amapá internou 180 menores de 5 anos em uma década e o Tocantins, 274.


No Acre, praticamente 4 crianças deram entrada no SUS com desnutrição por mês em 2022.


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