Safra da castanha começa com preço em alta no Acre

Depois de enfrentar um período de queda no preço, motivado entre outros fatores pela pandemia, um dos produtos símbolo do extrativismo amazônico volta a ter uma boa expectativa de valor de mercado neste ano, de acordo com Cooperativa Agroextrativista de Xapuri (Cooperxapuri), que é associada à Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Acre (Cooperacre).
A previsão para a safra da castanha em 2022 no Acre é animadora, segundo Sebastião Aquino, presidente da Cooperxapuri. Segundo ele, a expectativa de produção do estado nesta safra gira em torno de 1 milhão de latas (unidade de medida de venda da castanha in natura que corresponde a 11 quilogramas) – um montante superior a 10.000 toneladas.
Ainda de acordo com Aquino, apenas em Xapuri, que costuma, segundo ele, contribuir com um percentual que varia entre 15% e 20% da produção do estado, a castanha pode fazer circular na economia local cerca de R$ 10 milhões no decorrer de 2022. Isso porque a safra largou com o preço da lata sendo praticado acima do esperado no começo de janeiro.
“A previsão é de que seja uma safra de média a grande, o que significa cerca de 1 milhão de latas em todo o estado. Em Xapuri, a estimativa é de que a produção atinja entre 150 e 200 mil latas, fazendo circular cerca de R$ 10 milhões no município, em razão do bom preço com que a safra começou”, disse.
Nesse começo de janeiro, a lata da castanha está sendo comprada ao produtor pelo preço médio de R$ 70 reais. Dependendo da dificuldade de acesso ao local onde o comprador precisa ir buscar a castanha, o valor praticado pode ser um pouco menor, como uma espécie de compensação pelo maior esforço e custo despendidos para a retirada do produto.
Em setembro passado, em conversa com o ac24horas, o presidente da cooperativa de Xapuri já havia feito a previsão de que o preço da castanha largaria acima dos R$ 50 reais nesta safra. Nos últimos dois anos, entre uma safra e outra, o valor da lata da castanha chegou a cair pela metade, fazendo, em muitos casos, com que não compensasse a sua coleta pelo extrativista.
Na época, o presidente da Cooperacre, Manoel Monteiro, explicou em uma conversa com uma equipe da Embrapa que os motivos da queda do valor de mercado da castanha nesse período foram a existência de estoques do produto nas usinas e cooperativa – o que fez com que a busca pela compra ao produtor caísse – e a pandemia da Covid-19.
“Com os efeitos da crise sanitária, a Cooperacre, que é a principal indústria de beneficiamento da castanha do Acre, reduziu em 60% a capacidade de compra dos seus associados. Em números, isso correspondeu a uma queda superior a metade do que a cooperativa comprava antes do começo da pandemia”, explicou, à época, Manoel Monteiro.
Em 2022, o bom preço que vem sendo praticado no começo da safra se deve a uma corrida de empresas de fora do estado pela compra da castanha, principalmente do Peru, que não conseguiram cumprir com os contratos de exportação referentes à produção passada. Há, atualmente, uma concorrência pelo produto, cujo preço tende a continuar subindo.
Como ainda não comprou matéria-prima suficiente para iniciar o processamento, a Cooperacre ainda não pôs para funcionar as suas usinas de beneficiamento de castanha, o que deve ocorrer a partir do fim de janeiro. A empresa possui uma indústria em Rio Branco e outra em Xapuri que funcionam por um período de cerca de 8 meses por ano.
As safras da castanha sempre começam no mês de janeiro e se estendem por mais dois ou três meses, dependendo da região e do tamanho da produção. As castanheiras começam a soltar os ouriços a partir de dezembro, período em que não ocorre a coleta. Nos meses seguintes, os extrativistas começam o trabalho de quebrar os invólucros e retirar a castanha no meio da floresta.
Destaque 7
Com apoio do Fórum Empresarial, Assis Brasil, Epitaciolândia e Xapuri estão no Mapa do Turismo

Com apoio do Fórum Empresarial de Inovação e Desenvolvimento do Acre e do programa Del Turismo, os municípios de Assis Brasil, Epitaciolândia e Xapuri estão inseridos no Mapa Nacional do Turismo, um instrumento no âmbito do Programa de Regionalização do Turismo que define a área – recorte territorial – a ser trabalhada prioritariamente pelo Ministério do Turismo para o desenvolvimento das políticas públicas para o setor.
Com a aptidão das prefeituras ao Mapa Nacional do Turismo, os municípios se encontram habilitados a receber recursos do Governo Federal. Sua importância se dá ao fato de que serão desenvolvidos os âmbitos culturais, ecoturismo, rurais, aventura, turismo religioso e o etnoturismo dessas cidades, de forma que recebam mais oportunidades para o desenvolvimento turístico.
O Fórum Empresarial atuou ativamente, por meio da Coordenadora Tíssia Veloso, equipe do Fórum Empresarial e do consultor Estácio Guimarães, em parceria com os secretários municipais Jonas Cavalcante, Jorge Alves e a articuladora local, Edinês Araújo, para obter a reinserção do município de Xapuri ao Mapa do Turismo e a manutenção de Assis Brasil e Epitaciolândia.
O programa Del Turismo visa à implementação de uma política de turismo no estado, por meio de um modelo de gestão capaz de contribuir para o desenvolvimento sustentável local e garantir a continuidade dos projetos de interesse da comunidade, contribuindo para uma melhor qualidade de vida nos municípios, em que atuou auxiliando as três cidades dando suporte na definição dos atrativos turísticos com o maior potencial, no descritivo técnico, além de estar implementando um modelo de gestão sustentável nos municípios.
Outro diferencial é a cooperação existente com todos os membros, pois hoje há uma rede internacional que se reúne quinzenalmente para trocas de experiência e metodologias. Atualmente, o programa está presente em todas as regiões do país e tem como parceiros a Alemanha e Holanda.
Em Assis Brasil, os principais atrativos turísticos são o Carnaval (Carnavassis), o Marco Rondon, o Santuário da Santa Raimunda do Bom Sucesso, visita a aldeias indígenas e Festival de Praia de Assis Brasil.
Em Epitaciolândia, são a Festa de São Sebastião, o Parque Ecológico Wilson Pinheiro e o Dr. Borracha, o seringueiro e artesão José Rodrigues, que produz sapatos de borracha usando uma técnica em que são produzidas ‘folhas de látex’, as chamadas Folha Semi Artefato (FSA). São botas, sapatilhas e até sandálias gladiadoras. O dom de produzir os materiais em látex fez com que o seringueiro ficasse conhecido como ‘Doutor Borracha’.
Já em Xapuri, os principais atrativos turísticos são o Museu Casa Branca, a Casa Chico Mendes, o Museu do Xapury e o Túnel das Seringueiras.

Como ocorreu em 2012 e 2015, a casa onde viveu e morreu o líder sindical Chico Mendes voltou a ser alcançada pelas águas do Rio Acre.
Único bem tombando pelo Instituto Nacional do Patrimônio Artístico e Cultural (IPHAN), a casa de memórias já teve todo o quintal e a parte do assoalho inundados.
Boa parte da rua Dr. Batista de Moraes, onde está situada a residência histórica, está alagada. O patrimônio, no entanto, não estava aberto ao público, situação que se estende desde o ano de 2018.
O cenário em Xapuri já é parecido com o registrado em 2012, quando o Rio Acre chegou aos 15,57 metros, asegunda maior enchente das últimas décadas. Na manhã desta quarta-feira, 29, o rio marcou 15, 35 metros na cidade.

Moradores do bairro da Base, à margem do Rio Acre, em Rio Branco, estão passando boa parte do tempo em comunhão na beira de ruas alagadas.
O bairro da Base foi um dos primeiros pontos de ocupação da capital e é tradicionalmente o ponto de soltura dos fogos da virada do ano, bem como a casa do bloco de carnaval Sambase. Na tarde de ontem, segunda-feira, o Rio Acre media 16,80m, a maior parte das ruas do bairro estavam alagadas, mas o bairro continuava agitado. É que a alagação faz parte da cultura bairrista do local.
Sônia Maria, de 69 anos, mora há 63 na mesma casa. Ela atendeu a reportagem sentada em frente sua residência, com bota 7 léguas e água no meio da canela, na rua Floriano Peixoto. Por causa das alagações, o filho chegou a construir uma casa no 2° Distrito da cidade, mas Sônia não aceitou. “Não teve quem me tirasse daqui, tudo é perto, todos se conhecem”, justificou.
“Estamos acostumados a passar por alagação. Quando o poder público chega aqui, a maioria dos moradores já têm se articulado e se ajudado, e o bairro da Base é isso, festeiro, movimentado, e tentamos passar por isso com a maior autoestima e esperança possível”, disse a empresária Izabel Dantas. Ela é uma das 10 pessoas que, ao som do samba, comentam os mais diversos acontecimentos recentes na parcial alagada Rua do Estado do Acre. Não faltava cerveja, cachaça, conversa boa.
Hallen Melo, também morador da Base, explicou o motivo dos moradores do bairro continuarem lá, mesmo passando por momentos difíceis: “a gente sempre passa esse aperreio, mas sair daqui não é simples. Muita gente não tem condições, e é um bairro cativante. Aqui estamos alagados, mas estamos numa roda conversando, preocupados, mas brincando, vigiando nossos bens”, diz.
Segundo projeções do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), o nível do Rio Acre provavelmente atingirá a cota de 17,02 metros às 12 horas desta terça-feira, 28 de março de 2023.
Dados da Defesa Civil apontam que cerca de 38 mil moradores estão atingidos de alguma maneira pela enchente do Rio Acre na capital acreana. As pessoas desabrigadas são aproximadamente 1,9 mil pessoas e as desalojadas devem superar as 4 mil, segundo dados da Defesa Civil.

O presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região, desembargador Osmar J. Barneze, decreta a suspensão de todas as audiências e respectivos prazos processuais, em todo estado do Acre. A determinação vale para o período de 27 a 31/3, salvo orientação em contrário pela Corregedoria Regional, havendo condições mínimas de retomada das atividades. Nesse caso, as Unidades deverão providenciar o prosseguimento das atividades para data mais próxima possível. Sem prejuízo da decisão, permite-se a realização de audiência, havendo consenso entre as partes e o respectivo Juízo;
A deliberação leva em consideração a situação de emergência decretada pelo município de Rio Branco e o estado do Acre, por meio dos Decretos ns. 411/2023 e 11.207/2023, respectivamente, por conta da inundação do Rio Acre e igarapés.
A chuva no estado vizinho começou na madrugada de quinta-feira (24) e segundo a Defesa Civil do município, já choveu o que era esperado para o mês de março. Além do rio Acre, vários igarapés transbordaram em Rio Branco. Os pontos de alagamento já atingiram mais de 32 mil pessoas. Cerca de 30 bairros da capital Acriana estão afetados. 500 pessoas estão desabrigadas e quase 2 mil desalojadas, ou seja, foram levadas para casas de parentes.
De acordo com a OAB Seccional Acre, diversos advogados também tiveram suas casas e/ou escritórios de advocacia alagados, e estão impossibilitados de serem frequentados, não contando com condições mínimas de trabalho para realização de audiências e observância dos prazos por estarem sem energia, água e acesso.
Por se tratar de uma questão de humanidade, dignidade, e solidariedade em razão desse momento difícil que todo o estado do Acre passa, o presidente do regional, atendeu o pedido do presidente em exercício da OAB/AC, Thalles Vinícius de Souza Sales e a secretária-geral, Ana Caroliny Afonso Cabral, por meio do Ofício N.º 172/2023 e decretou a suspensão, em caráter de urgência, das audiências e prazos até que haja condições mínimas de retomada das atividades.
Além das quatro Varas localizadas na capital Rio Branco, o TRT-14 possui Varas nas cidades de Cruzeiro do Sul, Epitaciolândia, Plácido de Castro, Sena Madureira e Feijó, todas com audiências previstas para esta semana.
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