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Temer vetará projeto de renegociação das dívidas dos estados

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Após reunião emergencial, o presidente Michel Temer decidiu vetar integralmente o projeto de lei que autoriza a renegociação da dívida dos estados com a União e cria um regime de recuperação fiscal para os governos em situação mais crítica, como Rio, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. A avaliação de Temer, corroborada pelos ministros Henrique Meirelles (Fazenda), Dyogo Oliveira (Planejamento) e Eliseu Padilha (Casa Civil), é que a Câmara descaracterizou o texto ao retirar contrapartidas de ajuste fiscal pelos estados. As exigências serão resgatadas em um novo texto.


A decisão adia a renegociação — alongamento de débitos por 20 anos — e a suspensão de dívidas contempladas no projeto, prejudicando especialmente o Estado do Rio. O governo fluminense, ao aderir ao regime fiscal, teria direito a ficar três anos sem pagar seus débitos, prorrogáveis por mais três anos, e ganharia aval do Tesouro para novos empréstimos. Agora, o início destas negociações e sua implementação ficam em suspenso.


Temer informou ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que vai vetar integralmente o projeto logo após o encontro. Segundo uma fonte, o novo formato de como se dará esse processo de renegociação ainda não está concluído. Não está certo, por exemplo, se o governo enviará um novo projeto de lei ao Congresso.

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Também não se sabe como serão reintroduzidas contrapartidas como proibição de criar novas despesas, aumento de contribuição previdenciária de servidores, programas de privatização e introdução de teto de gastos.


A reunião no Palácio do Planalto foi convocada por Temer no início da noite. Meirelles, que estava de folga em Nova York, teve de antecipar sua volta.


— Manter o teor do projeto como ficou é impossível. A equipe econômica está analisando para ver o que pode ficar para manter o espírito do projeto, que foi descaraterizado na Câmara. Quem achou que estava ajudando os estados se enganou, pois na verdade apenas os prejudicou — disse uma fonte do Palácio do Planalto.


SOLUÇÃO PARA O RIO ATÉ FEVEREIRO


Mais cedo, o secretário-executivo da Fazenda, Eduardo Guardia, encontrou-se com Rodrigo Maia para discutir uma fórmula para esse impasse. Maia defendeu que o governo edite um decreto presidencial fixando as contrapartidas. Segundo ele, a Câmara votou uma lei autorizativa e não poderia tratar das contrapartidas porque são temas estaduais:


— Como foi autorizativo, entendemos que pode ser feito por decreto presidencial. Mas parte importante da assessoria do Ministério da Fazenda discorda dessa tese, acha que é fundamental que algumas contrapartidas estejam na lei ou, pelo menos, que a lei delegue ao governo e ao Ministério da Fazenda essa tarefa. Há um conflito de teses, e não podemos impor nossa posição a outro poder.


O diálogo entre Legislativo e Executivo, disse, vai continuar até que se encontre uma solução para resolver os problemas dos estados, principalmente os que estão em maiores dificuldades: Rio, Rio Grande do Sul e Minas Gerais:


— Se chegar à conclusão de que cabe decreto, ótimo. Senão, tenho certeza de que o presidente vai encontrar uma solução que possa, a curto prazo, até fevereiro, no máximo, dar uma solução para esses estados que estão em situação emergencial. O Estado do Rio já não pagou o salário do novembro. Se não encontrarmos solução com o apoio do governo federal, a situação do Rio, que já é muito ruim, vai sair de controle.


Ele afirmou que, se for preciso, poderá apoiar a votação de lei que deixe claro que é prerrogativa do governo fixar as contrapartidas, evitando que estados recorram à Justiça contra elas. Maia negou que a votação do projeto com as alterações tenha prejudicado a relação dele com Temer.


‘SOLUÇÃO ROBUSTA E DURADOURA’


Já Guardia disse que a posição do governo é não adiar a cobrança da dívida sem a garantia dessas contrapartidas:


— Estamos buscando soluções, ainda olhando o que foi retirado do projeto na votação na Câmara e discutindo como reintroduzir as contrapartidas. Não basta adiar o pagamento da dívida. Queremos uma solução juridicamente robusta e duradoura. Não tem sentido postergar o pagamento da dívida sem dar aos estados instrumentos para que possam fazer o ajuste fiscal.

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