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A Passeata da Não Mudança

Fabio Bolzoni

Fabio Bolzoni

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Se qualquer um do povo fizer uma observação do quadro político destes últimos meses, será possível que se diga que logo haverá importantes mudanças. Mas não é o caso. É bem verdade que já se presenciou, na história política brasileira, esse “movimento de massa”: A passeata da Mudança.


Situações como essas não são corriqueiras, são encruzilhadas históricas muito especiais para a compreensão do cenário político.

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Assim como o acontecimento da campanha de “Diretas já”; do “movimento caras-pintadas, a passeata da Não Mudança, não pode ser compreendida senão como algo que veio à luz numa conjuntura crítica, num estuário de diferentes crises sem as quais ela não teria sido possível: a grande estrela vermelha perdeu seu brilho de outrora.


A palavra “mudança” se tornou um termo muito batido no cenário da atual crise política. Mas também é preciso notar que quase só se fala de “mudança” de pessoas, de partidos, ou de método de realizar essa mudança. E, quando se busca na profundidade da questão, só se discutem certos temas de ação coletivista: “uma sociedade mais justa”, “mais políticas governamentais”; “mais força sindical”; “oportunidades para mais planejamento estatal”; “mais recursos do governo nos setores sociais”; mais governo!


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Enfim, nessa desordem, o observador comum não conseguirá notar que não há mudanças reais à vista. Não há, pelo menos, mudanças para o bom caminho. E isso não é um pessimismo, mas a realidade que se mostra.


Demonizar um único sujeito como responsável pela crise política seria um imenso absurdo conjectural. Seria oportunismo!


As mudanças que estão em pauta não ocorrem, pois os sujeitos de maior responsabilidade nas decisões políticas da sociedade não querem saber quais os ingredientes institucionais mínimos necessários para se ter uma política que favoreça o progresso geral e a liberdade. O que querem é a derrubada de um certo grupo político para que o outro possa ter hegemonia. Não é uma luta legítima pelo povo. Mas é um disputa pelo simples poder. O poder descompromissado. O poder a serviço dos interesses pessoais.


Os políticos partidaristas, para terem êxito nas urnas, fazem a arte do possível procurando cegamente, ou por influência do poder midiático, descobrir as opiniões majoritárias de modo a se manterem no contexto das ideias aceitas pelo maior número possível de eleitores; são por isso praticamente desinteressados por mudanças que não estejam consagradas, é quase impossível, portanto, que um político trate com vigor necessário de certas reformas constitucionais profundas. Não vemos a efetiva separação de poderes, a limitação do poder legislativo a apenas produzir leis de verdade.


O homem comum acredita nessa promessa e quer ir à rua e vai. Ele não só quer resolver seus problemas atuais, mas também quer mudar, quer progredir. Os homens responsáveis estão dizendo que com o respaldo do povo os governantes vão, afinal, acertar e acabar com todas as principais dificuldades que afligem o povo. Mal sabe o homem comum que aqueles que mais falam nas possibilidades ilimitadas do governo são os que mais pesada e ineficiente tornam a máquina governamental e são também os que mais recursos tributários e sacrifícios pedem para o povo.


Não seria justo dizer, entretanto, que ninguém estaria tratando de mudar as instituições. É correto dizer que não estão fazendo uso dos ingredientes necessários para uma legítima mudança baseada na liberdade verdadeira.


Mas há gente procurando juntar outros ingredientes para formalizar um outro regime, oposto ao que imaginamos. Quer dizer que a democracia pode ser usada para chegar ao totalitarismo que, no final das contas, a destruirá.


Seria a história e seu ciclo, pois, como sabemos, o Brasil já viveu um espetáculo bem parecido com esse.


*Fabio Bolzoni é formado em História pela Universidade Federal do Acre e Graduando em Ciências Sociais com Habilitação em Ciência Política.


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