A retirada da assinatura do deputado Nicolau Jr. (PP) do requerimento da CPI da BR 364 selou o destino das investigações sobre os quase R$ 2 bilhões investidos na estrada. O deputado, cunhado do senador Gladson Cameli (PP), não compareceu à sessão de terça, 19 e, nesta quarta, 20, protocolou o seu recuo. Nicolau não falou com a imprensa. Simplesmente desapareceu do plenário da ALEAC. Segundo se dizia Nicolau teria alegado motivos de foro íntimo.
Acompanhe o pinga fogo entre Gehlen Diniz do PP e Lourival Marques Filho do PT sobre o último capítulo da Novela CPI BR 364.
O exemplo de Sibá Machado prosperou
No ano passado o deputado federal Sibá Machado (PT) assinou um requerimento para CPI da BR 364 na Câmara dos Deputados. Depois disse ter sido enganado pela ex-deputada Antônia Lúcia (PSC) e retirou a sua assinatura. O caso foi parar na Comissão de Ética da Casa.
A mesma história outra vez
Os deputados Nicolau Jr. (PP) e Nelson Sales (PV) fizeram “quase” o mesmo. Um dia eram a favor da instauração da CPI da BR 364 e no outro contra. Alegam a consulta às suas bases no interior do Estado. Mas será que foi isso mesmo?
Diferenças
Nelson retirou a sua assinatura e ingressou no mesmo dia na base governista da ALEAC. Já Nicolau Jr. teoricamente manteve-se na oposição. Mas será que a bancada oposicionista ainda vai confiar no jovem parlamentar?
Crise de identidade
O fato é que o deputado Nicolau Jr. começou muito mal a sua carreira política. Não participa dos grandes debates da Casa e até agora não apresentou nem uma proposição relevante. Em alguns momentos chegou a elogiar os governos da FPA. Parece não saber para que lado joga.
O PP de longas datas
O nome mais conhecido do PP nacional é o do ex-governador de São Paulo, Paulo Maluf (PP). Recentemente ele ajudou o PT paulista na tentativa de eleição de Alexandre Padilha (PT). PP e PT estavam juntos na eleição de 2014 em São Paulo.
A fama precede o nome
Para quem não se lembra Paulo Maluf foi candidato contra Tancredo Neves (PMDB) no Colégio Eleitoral da Ditadura Militar. Governador e prefeito de São Paulo, Maluf respondeu a vários processos e criou uma marca sobre o seu nome.
O PP do Acre é oposição?
O episódio da retirada da assinatura de Nicolau Jr. abre um questionamento pertinente. O presidente do partido é o senador Gladson Cameli. Ele deveria dar explicações à opinião pública da atitude do seu comandado na ALEAC.
Jogo estranho
Houve a tentativa para que outro deputado de oposição retirasse a assinatura. Um emissário foi lá falar com o cidadão que se negou a jogar contra o seu próprio time. Queriam evitar desgastes maiores.
Quem não sabe brincar…
O grande vencedor dessa novela da CPI da BR 364 foi o líder do Governo, deputado Daniel Zen (PT). Não se desgastou com as palavras ao não defender o indefensável. E ainda conseguiu cumprir a sua missão. Ao colunista disse o seguinte: “Quem não souber brincar que não desça ao playground”.
Cada um na sua
Zen cumpriu o seu papel. Mostrou ser o melhor líder que a FPA já teve na Casa nas últimas legislaturas. Evitou o desgaste da base e jogou o peso da bomba no colo do senador Gladson Cameli que mostrou não ter liderança sobre os seus comandados.
Jogo de adultos
Imaginar que o governador Tião Viana (PT) ficaria assistindo a oposição deitar e rolar com uma CPI era uma fantasia. Podem gostar ou não do Tião, mas ele é político. Não passou 12 anos no Senado fazendo caras e bocas.
Medo de fantasmas
Todo essa novela da CPI da BR 364 mostrou que tem uma “parte da oposição” que se assusta muito facilmente. Quando os governistas afirmaram que investigariam tudo e todos alguns correram para debaixo das cobertas com medo de fantasmas.
A hora de cada um
O senador Sérgio Petecão (PSD) mostrou que lidera a sua bancada. Fincou o pé e o deputado Jairo Carvalho (PSD) assinou a CPI. Tem um lado definido e, podem gostar ou não das suas brincadeiras, mas está sempre fazendo política com um lado definido. Não tem outros interesses na sua vida pessoal.
Quem não tiver espada venda a sua capa e compre uma
Política não é um jogo para crianças. Tem que ter conhecimento da realidade social e conhecer as regras. Senão fica pagando mico e se contradizendo. Quem não tiver uma espada para participar da batalha que vá para casa jogar vídeo game.
A oposição do Acre não aprende
Costumo escrever que se não surgirem novos nomes a oposição acreana continuará amargando derrotas eleitorais sucessivas. Tudo é muito junto e misturado. Interesses pessoais se contrapõem aos desígnios ideológicos e políticos. Se não houver uma separação do joio do trigo a população nunca vai dar crédito às caras e bocas de discursos vazios que se desfazem ao primeiro vento mais forte. A FPA joga com profissionalismo. Mesmo tendo também as suas contradições internas não deixa isso transparecer à opinião pública. Mesmo com o momento difícil que o PT atravessa em todos os níveis, municipal, estadual e nacional, eles continuarão a dar as cartas do jogo. Pelo menos até que surja uma liderança confiável nas hostes oposicionistas acreanas. Até lá o final das novelas já conhecemos antecipadamente.
