Quem acompanhou as manifestações de apoio durante a visita da presidente Dilma Rousseff (PT), ao Acre, na quarta, 11, pode ter a errada impressão que ela deu uma surra de votos nos seus adversários à presidência por aqui em 2014. Mas não é essa realidade. Proporcionalmente, nas eleições de 2010 e 2014, Dilma teve os seus piores desempenhos eleitorais justamente neste Estado. Nos primeiros turnos ficou sempre em terceiro lugar e, nos segundos, perdeu por grande diferença de votos. Mesmo assim Dilma prestigiou os “companheiros” do Governo do Acre e participou de um evento de entrega de casas populares na Cidade do Povo. Além de visitar os desabrigados das cheias, Dilma não fez nenhum anúncio impactante para o futuro dos acreanos. Mas reverteu a impressão de que ainda está magoada com seus resultados eleitorais por aqui. Na realidade, a visita ao Acre, deu tempo para a presidente respirar um pouco da forte pressão política que enfrenta no Brasil.
Democracia pressupõe o contraditório
Acho natural a festa que os petistas acreanos organizaram para a visita presidencial. Como também faz parte do jogo os protestos da oposição. Cada grupo puxa a sardinha para o seu lado. Isso é a democracia.
Dois dias de Dilma na ALEAC
No principal cenário da política acreana, a ALEAC, por duas sessões seguidas deputados da base governista e oposicionista se digladiaram por conta de Dilma. Evidentemente que os petistas exaltando e a oposição malhando.
Nada de novo front
Da mesma maneira que a visita presidencial provocou uma grande mobilização dos petistas para levar gente à Cidade do Povo, os oposicionistas convocam a população para os protestos do “Fora Dilma”, no próximo domingo, 15.
A eleição que ainda não terminou
Nunca tinha visto uma disputa tão acirrada nas redes sociais como a de 2014. No entanto, esse clima de “briga” entre “coxinhas” e “petralhas” ainda não acabou. Os dois lados continuam se fustigando pela internet num perigoso “terceiro turno”.
Jeito acreano
No Acre quando alguém é atacado com motivos o povo costuma dizer que o cidadão “deu cabimento” para que aquela situação acontecesse. O início desastroso do segundo mandato de Dilma acabou “dando cabimento” às ondas de protestos que acontecem no país inteiro.
A partidarização do movimento
Ao contrário dos movimentos de rua que aconteceram em junho de 2013, o protesto do próximo dia 15, terá forte carga partidária. Não dá para tampar o sol com a peneira. Os partidos de oposição estão mobilizando seus militantes para protestarem nas ruas.
Show do Chaguinha
O deputado estadual com maior número de mandatos na ALEAC, Chagas Romão (PMDB), foi a atração do debate da Casa desta quinta, 12. Os petistas exaltavam a entrega das casas populares pela presidente. Então Chaguinha rebateu com essa: “A presidente trouxe as casas nas costas? Essas casas já estavam construídas aqui há cinco anos”. Até os deputados da base governista riram.
Festa vermelha
O deputado estadual Lourival Marques Filho (PT), por outro lado, ressaltou a união que existe dentro do PT. “A gente sobe e desce as ladeiras juntos. Quando queremos a nossa capacidade de mobilização é grande como se viu na festa preparada à presidente Dilma”.
Disputa aguda, mas respeitosa
Os quatro deputados que têm tido melhor atuação na tribuna da ALEAC parecem se respeitar. Pela FPA, Daniel Zen (PT) e Dr. Jenilson (PC do B). E pela oposição Eliane Sinhasique (PMDB) e Gehlen Diiz (PP). Eles se “cutucam”, mas não se agridem.
Um homem se conhece pela gravata
O deputado estadual Éber Machado (PSDC) tem chamado atenção pelas gravatas exóticas que combina com os seus ternos. Jornalistas e, até deputados da oposição, comentam as gravatas do parlamentar. Éber tem um jeito político meio “mineiro”. Leva tudo na esportiva e não briga com ninguém.
Estranho no ninho
Os deputados estaduais de oposição decidiram não participarem do evento com a presidente Dilma. O único que “furou” o bloqueio foi o deputado Jairo Carvalho (PSD). Mas uma fonte me disse que o deputado foi barrado pela segurança da presidente no evento. Só depois de muita conversa conseguiu acessar o local.
Sonho meu!
Alguns vereadores de Rio Branco aproveitaram o fato das sessões estarem acontecendo no prédio da ALEAC para fazerem selfies. Tiraram onda de deputados estaduais. Certamente o sonho da maioria deles.
O jogo sucessório de Xapuri
Não existe nenhum município mais simbólico para os petistas do que Xapuri. Mas parece que as administrações do PT no município foram desastrosas. Agora, com o desgaste do atual prefeito Marcinho Miranda (PSDB) a chance da FPA retomar a prefeitura é grande.
PSB pode ter a cabeça de chapa
Mas segundo minhas fontes, o nome com maiores chances de vitória da FPA, em Xapuri, é o do ex-vereador Erivelton Soares (PSB). Com três mandatos na Câmara e atual presidente do SINTEAC local, Erivelton parece ser o favorito para disputar a prefeitura.
Mediador democrático
O presidente da ALEAC, Ney Amorim (PT), merece ser elogiado pela condução dos trabalhos na Casa. Tem atuado apenas como mediador. Apesar de ser petista do berço não se mete nas discussões entre governistas e oposicionistas. Fica ali de juiz só “pastorando” o tempo de cada um na tribuna. Ainda não vi nenhum tipo de favorecimento do Ney nem para um lado e nem para o outro. Ao contrário de outros presidentes que já passaram pela Casa não tem ocupado a tribuna para discursar a favor do seu grupo político. Pelo menos não que eu tenha visto. Além disso, tem ouvido nos bastidores os dois lados. Se continuar assim vai chegar imbatível à sua reeleição à presidência daqui há dois anos.
