O desaparecimento de pessoas de forma estranha na região da Fazenda Vista Alegre, no km 8 da Rodovia AC 10, zona rural de Rio Branco, pode começar a ser desvendado caso se confirme a denuncia feita por Rosimilson Ferreira de Araújo à Delegacia de Policia Civil da 5ª Regional. Ele afirma ter encontrado várias covas – algumas recentes – em uma capoeira, no Ramal Costa e Silva, nas terras que eram pertencentes à família do ex-prefeito de Rio Branco, Adalberto Aragão (falecido). A delegada Lúcia Barbosa Jaccoud instaurou uma investigação preliminar e diligências foram feitas no local.
“O que todo mundo comenta há tempos é que pessoas desapareciam de forma estranha na propriedade, entre eles, trabalhadores da referida fazenda”, disse Rosimilson em depoimento na Delegacia de Flagrantes (Defla).
Da Defla o caso foi encaminhado para a Delegacia de Policia Civil da 5ª Regional. A delegada que presidente o inquérito não descarta a versão do uso da área para delito, mas preferiu não fazer nenhum comentário sem a profundidade das investigações.
“É melhor aguardar as diligências e o que a família proprietária da área tem a dizer, talvez se trate de uma cultura antiga que os colonos tinham de enterrar seus entes queridos próximos onde moravam”, comentou.
Para a reportagem, Rosimilson conta que um antigo morador do local foi quem fez a denuncia e quem o levou até o cemitério clandestino. ac24horas teve acesso às imagens da área abandonada com túmulos e cruzes, uma delas com identificação dos mortos, outras covas, como denunciado, não tem identificação nenhuma e estão tomadas pelo mato.
“Se limparem esse local vão encontrar dezenas de covas não identificadas. Se fosse algo legalizado não estaria nesse completo abandono”, suspeita Rosimilson.
Ainda de acordo o denunciante, o colono antigo que sabe das histórias de desaparecimento de trabalhadores rurais no local, afirma que se a Policia aprofundar a investigação vai encontrar ossada dentro dos açudes que foram construídos na propriedade.
Lugar é mal-assombrado – Há quem afirme que a região onde os corpos estão sepultados é mal-assobrada. “Moradores antigos dizem que já viram almas por aqui, outros sentem calafrios ao passar em frente o cemitério ou próximo de umas mangueiras na entrada do ramal”, acrescentou Rosimilson.
O outro lado:
A reportagem tentou falar com a senhora Anna Maria Aragão Silva que é inventariante do Espólio de Adalberto Aragão e Francisca Aragão Silva. Por duas vezes nos dirigimos até o Edifício Le Ville, na Vila Ivonete. Por duas vezes, o porteiro anotou o telefone da reportagem, mas nenhum contato foi feito pela família.
Segundo o que o ac24horas apurou as terras, um total de 800 hectares, denominada Fazenda Vista Alegre, localizada no Ramal Costa e Silva, foram vendidas para o senhor José Augusto, proprietário da Imobiliária Ipê.
Uma parte dos 800 hectares encontra-se em litígio, em agosto desse ano foram retiradas famílias de posseiros que permanecem acampadas na entrada do ramal principal de acesso à Fazenda.
O Município – De acordo com informações da Sensur, dos 23 cemitérios existentes na capital, nove são públicos. O setor não soube informar se o cemitério denunciado é um dos que existe em imóveis particulares.
Das áreas mais afastadas a Prefeitura de Rio Branco reconhece como legalizado os cemitérios São Camilo, na Comunidade Souza Araújo; Cemitério do Ramal da Zezé (Belo Jardim); Vila Benfica; Daime Palmeiral (sede da comunidade daimista no bairro Irineu Serra); Cruz Milagrosa (Estrada Transacreana).