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As várias mortes de um herói

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Desde criança aprendemos a admirar heróis; pessoas que, com suas atitudes, servem de modelo para nosso crescimento como seres humanos. Alguns heróis estão presentes em nossos círculos familiares, são parentes que nos servem de exemplos do bom caminho, outros heróis pertencem ao imaginário coletivo, são pessoas que, com seu agir, inspiram milhares de outras ao redor do mundo. É neste círculo que Nelson Mandela se encontra.


Em artigo anterior eu afirmei que heróis não morrem, pois permanecem nos exemplos que deixam para as gerações futuras. Confesso que errei! Aprendi, nos últimos dias, que heróis morrem; na verdade são assassinados a cada vez que seus exemplos são violados.

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Temos presenciado petistas se apropriando, de forma leviana, dos exemplos de Mandela para rechear seus discursos vazios e renovar promessas não cumpridas. Aqui no Acre vivemos este exemplo ainda nesta semana, quando, na falta de argumentos sólidos para atacar a oposição, o governador utilizou frases descontextualizadas do líder sul-africano. Esta é uma forma de matar um herói.


Mandela foi um exemplo de superação, quando dominou seus rancores e criou a Comissão de Reconciliação, garantindo às minorias um futuro no país e evitando uma guerra civil. Enquanto isso, aqui no Acre e no Brasil, o governo persegue qualquer voz que ouse se posicionar em oposição ao pensamento dominante, demonstrando total desprezo pelos ideais e pelo exemplo do líder africano .


Ainda na cadeia, quando a sua libertação era exigida mundialmente, Mandela sentou-se com seus algozes e começou a trabalhar por uma transição política pacífica, em nome da união do seu povo. O antigo líder da luta armada tornou-se um estadista, e transformou os seus antigos inimigos em adversários políticos, garantindo estabilidade e democracia á África do Sul. Diferentemente de tal exemplo, os governos petistas especializam-se em transformar adversários políticos em inimigos, a quem almejam “destruir”, tratando a democracia como uma opção e não como a única via.


Em 1994, quando foi eleito Presidente da África do Sul, Mandela nomeou sua ex-esposa, Winnie Mandela, como Ministra das Artes, mas não hesitou em exonerá-la do cargo quando surgiram denúncias de malversação financeira, demonstrando respeito por sua própria história e pela coisa pública. Bem diferente do que vemos aqui no Brasil e no Acre, quando os amigos do governo, ao serem flagrados na prática da corrupção, são tratados como verdadeiros mártires, sofridas vítimas de uma oposição maldosa.


Estes são alguns exemplos deixados por Madiba, um ser humano com erros e acertos, que não buscou a glória, foi procurado por ela, pois fez da sua vida um modelo de decência e humildade.


Alguns petistas distorcem o modelo deixado por Mandela, buscando adequá-lo ao seu próprio figurino. Mas a grandeza desse herói, que soube mostrar a seu povo e a todos nós o caminho da simplicidade, da sinceridade, da fraternidade e da luta contínua pela igualdade, não cabe no figurino que cultiva o ódio, o favorecimento partidário, o aparelhamento estatal.


Ao tentar desvirtuar os exemplos de Mandela o petismo não comete uma mera desonestidade intelectual, ele promove o assassinato de um herói. Mas um herói coletivo, como é o caso de Mandela, pertence a toda humanidade e por isso pedimos: Não matem nosso herói!


* Marcio Bittar é Deputado Federal pelo PSDB/AC, Primeiro Secretário da Câmara dos Deputados e Presidente da Executiva Estadual do PSDB/AC


 


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