Uma mobilização organizada por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro reuniu centenas de pessoas neste domingo (3), em Rio Branco, como parte do movimento nacional “Reaja Brasil”. O ato teve como foco a defesa de pautas conservadoras, críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) — especialmente ao ministro Alexandre de Moraes — e pedidos de anistia para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023.
A manifestação ocorreu com forte presença de lideranças políticas locais, como o prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom (PL), o presidente da Câmara Municipal, vereador Joabe Lira (UB), o deputado estadual Arlenilson Cunha (PL), além do secretário municipal de Assistência Social e líder do Movimento Direita Acre (MDA), João Marcos Luz, e da primeira-dama do município, Kellen Nunes.
Bocalom: “Esse Acre é de direita”
Em discurso inflamado, o prefeito Tião Bocalom exaltou o ato como uma resposta à “tirania” e ao que chamou de “prisões injustas” após o 8 de janeiro. O gestor destacou o papel do Partido Liberal (PL) na convocação do evento e afirmou que o Acre é um estado majoritariamente conservador.
“Esse Acre é de direita. Bolsonaro teve aqui 74% dos votos. O povo do Acre é cristão, defende a família, a liberdade, a propriedade privada, e diz não ao aborto. Não podemos aceitar que mais de duas mil pessoas estejam presas injustamente. Foram ofendidas em sua alma, mas valeu a pena”, declarou Bocalom.
O prefeito também criticou o STF, mencionando casos de pessoas presas com base em atos simbólicos, como escrever em escadas ou portar uma Bíblia, e alertou para o que considera uma ameaça à liberdade: “Estão tentando transformar o Brasil em uma nova Venezuela. Se a gente não se mobilizar, é esse o futuro que teremos”, afirmou.
O secretário municipal João Marcos Luz, que também lidera o MDA, adotou um tom combativo ao criticar o presidente Lula e o STF. Ele defendeu a saída de Lula e de Alexandre de Moraes do poder, e afirmou que a direita representa a “esperança” e a “verdade” do povo brasileiro.
“Mesmo prendendo Bolsonaro, não vão destruir a direita. Porque a direita é um sentimento, é o amor pelo Brasil, pela bandeira, pelo hino”, disse Luz.
Segundo ele, a esquerda, o STF e até setores do Centrão estariam promovendo perseguições e manipulando a justiça: “Eles usam a política para trazer miséria e a justiça para cometer injustiças. Mas não vão nos calar. O Brasil precisa voltar para o caminho da verdade”, completou.
O presidente da Câmara de Rio Branco, vereador Joabe Lira, afirmou que o ex-presidente Bolsonaro foi responsável por despertar o sentimento patriótico entre os brasileiros. “Ele nos ensinou a nos posicionarmos, a defendermos nossos ideais. O governo Lula está nos levando para o buraco, apoiando inclusive grupos terroristas como o Hamas”, declarou.
Lira disse ainda que a luta não é apenas política, mas espiritual e moral:
“É por nossos filhos que estamos aqui. Nós não podemos ter medo. Quem tem a verdade ao lado tem Deus. E quem tem Deus, vence.”
O deputado estadual Arlenilson Cunha também discursou e afirmou que há uma perseguição política instaurada no país, especialmente contra parlamentares de direita. “Hoje, 83% dos inquéritos no STF miram parlamentares à direita. Querem censura, querem calar Bolsonaro. Mas não vão conseguir, porque o povo quer Bolsonaro em 2026”, disse.
Cunha classificou o momento atual como “um desrespeito à democracia e à Constituição” e defendeu a volta do ex-presidente ao cenário político.
Representando o senador Márcio Bittar, Edson Bittar atacou o ministro Alexandre de Moraes, a quem chamou de “cabeça de ovo” e acusou de querer governar o país sozinho. “Se continuarmos calados, ele vai botar cabresto em todo mundo. Isso aqui é só o primeiro ato. Calaram o Bolsonaro, mas existem milhões de Bolsonaros no Brasil que não vão calar”, afirmou.
A primeira-dama de Rio Branco, Kellen Nunes, também falou aos manifestantes, conclamando as mulheres a se engajarem na luta política. “Nossos tribunais estão decidindo com base em interesses pessoais. Nós mulheres temos força. Vamos lutar com nossa voz e com o nosso voto. 2026 vem aí, e nós podemos mudar essa realidade”, disse.
Segundo os organizadores, o objetivo do protesto é criticar decisões do Supremo Tribunal Federal, defender a liberdade de expressão e reforçar pautas conservadoras. O movimento também serviu como termômetro da base bolsonarista no Acre e indicativo do início da articulação local para as eleições de 2026.