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Com escassez de chuva até dezembro, 6 terras indígenas e 5 cidades beiram o desabastecimento e isolamento no Acre

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Por: Sanda Assunção e Leônidas Badaró


O risco de desabastecimento e do isolamento por falta de navegação fluvial ameaça ao menos seis terras indígenas e cinco municípios acreanos devido à seca extrema neste período de estiagem. Os dados foram levantados pelo ac24horas em conversa com a Defesa Civil Estadual, o Serviço de Água e Esgoto do Estado do Acre (Saneacre) e a secretaria dos Povos Indígenas do Acre.

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O coordenador da Defesa Civil Estadual, coronel Carlos Batista, pontua que a situação poderá se agravar ainda mais no estado, já que há previsão de escassez de chuvas até dezembro de 2023. “É uma anomalia causada pelo fenômeno El Niño”, afirma.


Sete rios estão próximos das cotas mínimas históricas e ameaçam abastecimento hídrico da população, pecuária e agricultura – Foto: Cedida

Batista revelou à reportagem que os Rios Acre, Purus, Juruá, Tarauacá, Envira, Iaco e Moa estão próximos das cotas mínimas históricas, o que atinge o abastecimento hídrico da população, agricultura e pecuária dos municípios localizados em suas respectivas bacias e que municípios e Terras Indígenas correm o risco de ficar isolados por terra e também por via fluvial devido à falta de navegabilidade.


“Para atender as necessidades básicas, como água potável, alimentos, socorro à saúde, será necessária a união de esforços. Sem chuvas, os rios secam e não há água para o consumo e nem alimentos. Com o tempo seco e as queimadas, aumenta a procura pelos serviços de saúde. Os órgãos ultrapassam seus orçamentos e então é necessária essa união de esforços, para dar resposta à situação”, conta o militar.


Na região do Alto Acre, o Saneacre tem adotado medidas emergenciais. O diretor de operações da autarquia, Alan Ferraz, conta que a crise da seca afeta o abastecimento de água, mas que estão adotando medidas para amenizar a situação. Segundo Ferraz, as situações mais críticas por lá têm sido registradas em Xapuri e em Epitaciolândia, onde desenvolvem essas ações.


Terras Indígenas afetadas


A secretária estadual dos Povos Indígenas no Acre, Francisca Arara, diz que há seis Terras Indígenas (TI) em perigo no estado, são elas: Terra Indígena Ashaninka-Madija, do Alto Envira, em Feijó; TI Kaxinawa – Ashaninka, do Rio Bréu, de Marechal Thaumaturgo; TI Huni Kui – Kaxinawa e Madija, ambas do Alto Rio Purus, em Santa Rosa do Purus, Terra Indígena Katukita Kaxinawa, em Feijó e Terra Indígena Kaxinawa, do Alto Baixo Seringal Independência, do Rio Jordão, em Jordão.


“Essas terras indígenas estão com grande risco de vulnerabilidade ocasionado pela extrema seca”, destaca a gestora.


Desabastecimento


Entre os graves problemas enfrentados, está o risco de desabastecimento de medicamentos e itens de saúde nos hospitais e postos médicos dos municípios afetados.


Foto: Diego Gurgel

O coordenador da Defesa Civil Estadual relata que os municípios isolados são os mais afetados e prejudicados, já que o abastecimento de alimentos, medicamentos e outros itens básicos são feitos pelos rios, bem como a mobilidade dos moradores. “Em Marechal Thaumaturgo, Porto Walter, Santa Rosa e Jordão, o modal fluvial está comprometido e o modal aéreo é caro”, pontua Batista.


Ameaça no Alto Acre


Em Epitaciolândia, por exemplo, a situação é preocupante. A água distribuída às residências é captada do Igarapé Encrenca, que está em um nível bastante baixo, se apresentando praticamente “apartado”. Em Xapuri, parte da água vem do Igarapé “Fura” e a situação é bem parecida, com o nível bem abaixo do ideal para garantir o abastecimento de água.


Para tentar diminuir os impactos que a seca possa causar ainda mais no abastecimento de água à população, o Sanseacre continua a captar água em alguns pontos com bombas flutuantes.

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Assis Brasil, onde há uma grande comunidade indígena, é o município Acre ao do Alto Acre que, até o momento, apresenta a maior dificuldade de navegação pelo Rio Acre. Em vários pontos, para completar a viagem até a cidade, é preciso descer da embarcação e empurrar em determinados lugares por conta do baixo nível do manancial.


“A sorte aqui é que, como estamos na época do verão, os produtores estão se deslocando via ramal. Quem só tem acesso por água ou não tem veículo, já tem tido muita dificuldade para trazer sua produção até a cidade”, informou a Defesa Civil do município.


Decreto de emergência


Nessa sexta-feira, 6, o governo do Acre decretou situação de emergência em razão da seca severa e do nível muito baixo dos rios no estado. As previsões meteorológicas do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (CENSIPAM) apontam que a situação de escassez de chuvas deve perdurar pelos próximos noventa dias.


As duas maiores preocupações são o comprometimento do abastecimento de água para a população e a dificuldade de navegação para produtores ribeirinhos e comunidades indígenas ao longo dos rios, principalmente nas comunidades que não têm acesso por ramais.


“A prioridade é resguardar a dignidade da pessoa humana, com o atendimento de suas necessidades básicas”, diz o documento que cita perdas econômicas e sociais da população afetada, bem como prejuízo pedagógico e de insegurança alimentar e nutricional dos alunos da rede pública estadual de ensino.


Com o Decreto, a Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil poderá atender atividades de apoio aos municípios que estão sofrendo os efeitos da estiagem severa.


Fica determinada ainda a mobilização intensiva na execução de atividades e ações de socorro às comunidades isoladas, bem como assistência aos municípios que sofrem os efeitos da seca. É necessário que o Governo Federal reconheça o estado de anormalidade no Estado.


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