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Meu Queijinho: empresa acreana vira referência na fabricação de queijos 100% artesanais

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Uma mineira de 30 anos que nunca havia feito queijo descobriu seu talento para a cozinha artesanal quando veio morar no Acre, há quase três anos. Stefany Biccas Costa sentiu necessidade de empreender após se tornar mãe, quando buscou trabalhar, mas também estar perto da família e presente na criação do filho. Formada em administração de empresas, nunca havia se envolvido em nada parecido até criar a empresa Meu Queijinho (@meuqueijinho).


Em pouco tempo de mercado, a marca ganhou clientes acreanos apaixonados por queijos e outros derivados do leite, além de produtos típicos de Minas Gerais. Um pedacinho de Minas dentro de uma marca 100% acreana. “Tenho muito orgulho de falar que a empresa é acreana porque nunca fiz queijo na minha vida e aprendi a fazer queijo no Acre. Tive essa realização pessoal e profissional aqui em Rio Branco. A Meu queijinho tem uma mineira por trás, mas nasceu em Rio Branco”, destaca a proprietária.

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O queijo preferido do paladar acreano na Meu Queijinho tem sido o coalho (FOTO: Sérgio Vale)

A empresa tem praticamente o mesmo tempo que Stefany chegou ao estado, em outubro de 2020. “Sempre trabalhei em instituições financeiras privadas e a Meu Queijinho surgiu num período de reta final da pandemia de Covid-19. É só eu, meu esposo e meu filho aqui no Acre e a ideia inicial era fazer pão de queijo tipicamente mineiro”, conta.


Ocorre que quando ela saiu à procura de queijo curado na capital acreana para seguir a verdadeira receita do pão de queijo – feita com queijo seco (curado) -, não achou em lugar nenhum da cidade. “Aí tive a ideia de fazer meu próprio queijo para o pão de queijo. Comecei a pesquisar receitas na internet e lembrei de uma tia do interior de Minas que fazia um pão de queijo muito gostoso e que eu tinha memória de infância. Fui atrás dessa receita”.


Foi então que Stefany deu início à criação do queijo de massa cozida, do tipo mussarela, que permite fazer pão de queijo de todo tipo, como tradicional, temperado, com doce de leite, goiabada, azeitona, lombinho, ervas, e aos poucos foi incrementando mais elementos nesse tipo de queijo.


A marca começou vendendo queijo de massa cozida e depois procurou conhecer o paladar do cliente acreano. “Aqui as pessoas gostam muito de queijo coalho, do queijo leve. Hoje não faço só o queijo de massa cozida, faço queijo coalho, frescal, entre outros”. Já o pão de queijo, que era a ideia inicial do negócio, só começou a ser vendido recentemente, em 2023. “Faço pão de queijo com queijo curado, ovo caipira, leite da roça. É um produto bem artesanal, que remete a uma memória afetiva As pessoas gostam bastante”, afirma.


A proprietária começou fazendo queijo tradicional e hoje vende mais de 15 tipos de queijos, entre recheados, temperados, doces, salgados, uma diversidade no cardápio. “A aceitação tem sido muito boa. É um produto diferente, inovador, que desperta a curiosidade do cliente que quer conhecer essa cultura láctea, a cultura do queijo de Minas Gerais. A Meu Queijinho tem atraído muitos clientes, pois os acreanos gostam de história, de conhecer através da comida”.



O produto mais vendido é a primeira criação da empresa, que é o queijo de massa cozida, que em Minas é chamado de Cabacinha. “Com essa massa consigo fazer os ‘nózinhos’, que são o carro-chefe da sexta-feira. No final de semana os clientes sempre pedem, desde o tradicional, até o de ervas finas e o apimentados. Eles serve de petisco para festas, recepção, tábua de frios. Em segundo é o queijo com goiabada e doce de leite e o terceiro mais pedido faz parte dos tradicionais, como coalho”.


Além do queijo, ela agregou alguns produtos de Minas, como doce de leite, goiabada cascão, goiabada cremosa, torresmo, banha de porco, manteiga de garrafa, queijo desidratado, geleia, molhos, mostardas, para que o cliente possa harmonizar com o queijo. “Por causa da entressafra, inseri esses produtos que mantêm o cliente atendido, pois se não tem queijo, ele leva goiabada, doce de leite. Atendo tanto com queijo quanto com produtos de Minas”, explica.


Sobre a produção

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Além da variedade de queijos, a marca possui ainda diversos produtos de origem mineira (FOTO: Sérgio Vale)

Para Stefany, as maiores dificuldades em torno do negócio têm sido o alcance de matéria-prima, já que o Acre não é uma região produtora de leite. “Em épocas do ano que são mais secas, a produção leiteira entra na entressafra e reduz a quantidade de leite quase pela metade. Como tenho uma certa quantidade de produção, nessa época cai, não consigo atender a demanda do cliente”. Outro desafio enfrentado é a logística: “vendo produtos de Minas Gerais e é muito longe. O frete encarece um pouco o produto e como temos só o acesso por uma rodovia, demora a chegar”.


Apesar de não ter formação profissional na área gastronômica, Stefany diz amar a cozinha e desde que começou a trabalhar com o leite passou a buscar mais conhecimento na área láctea. “Já fiz consultoria, nossos produtos são todos analisados em laboratório, possuem tabelas nutricionais. Não conhecia o mundo do leite, mas resolvi estudar, pesquisar. Hoje conheço meu produto, sei quando o leite está mais ácido ou não, sei que um dia de chuva pode influenciar no leite do gado, que o calor afeta a acidez do produto”, salienta.


Em dias muito quentes, por exemplo, ela tem de acordar mais cedo para amassar o queijo. Para ela, é um mundo de descobertas e prazeres por fazer o que gosta. Por isso, a empreendedora procurou se profissionalizar desde o primeiro momento. “Busquei o Sebrae para me direcionar, saber como agir, pois não conheço ninguém do Acre e precisava de um norte, uma referência. Recebi uma capacitação muito boa e até hoje tenho assistência pelo Sebrae, sou muito grata”.


A empresa conta com duas funcionárias. Stefany tem a ajuda de uma colaboradora que auxilia no primeiro processo de recebimento e manuseio do leite e organização. Segundo a empreendedora, cada produto tem sua aceitação e sua clientela e que todos os produtos têm uma saída muito boa.


Os queijos demoram de 24 a 48 horas para ficarem prontos, dependendo do tipo. Todos têm a mesma base. A loja recebe o leite, verifica a qualidade e é adicionado coagulante no leite e em seguida é esperado o tempo de coalhada. Só depois é que a cozinheira irá definir qual queijo vai ser frescal, coalho ou mussarela. Depois, o queijo precisa ser modelado, alguns precisam ser prensados, outros de água quente para ser moldado e até cozidos.


Normalmente, a produção da Meu Queijinho utiliza 600 a 800 litros de leite por semana e vende aproximadamente 300 quilos de queijo por mês. “Graças a Deus temos uma rotatividade muito boa de produtos. Usamos 3 mil litros de leite por mês e com saída. Todo dia chega leite e todo dia tem produção”.


A mineira de Governador Valadares é uma apaixonada por queijo, de todos os tipos. “Desde os mais fortes, mofados, curados, a frescos. Para mim, tudo que vai queijo é uma delícia. Juntei a paixão de comer com a paixão de fazer. E deixar as pessoas felizes com um bom produto é muito gratificante”.


Realização profissional


Atualmente, as vendas da Meu Queijinho são feitas 90% online. Stefany atua por meio do instagram e whatsapp, recebendo pedidos para entregas ou retiradas pelas redes sociais. A empresa faz entrega em toda a cidade e as retiradas são na própria casa de Stefany.


Queijos do tipo nozinho (massa cozida) são sucesso de vendas em três opções: tradicional, ervas finas e apimentado (FOTO: Sérgio Vale)

“Meu sustento hoje é totalmente oriundo da Meu Queijinho. Depois que decidi largar o trabalho privado, a carteira assinada, me dediquei totalmente ao meu empreendimento. Empreender não é fácil, tem seus altos e baixos, uma rotina exaustiva. Temos que nos dedicar bastante para vender o produto, divulgar a marca. É trabalhoso, mas no fim é gratificante porque faço o que eu gosto”.


Segundo ela, o acreano está encantado com a novidade gourmet do queijo recheado, temperado, pronto para tábua de frios e receber amigos. “Só que os acreanos ainda são muito apaixonados por queijo coalho. Em Minas, não tenho tanto costume desse queijo, que é o de fritar. Vendemos aqui justamente pelo público acreano”.


A empresa fez muita gente não tinha costume de comer queijo passar a apreciar a iguaria. “Meus clientes são curiosos, interessados e felizes por comer produtos de Minas. Meu público maior é em Rio Branco, mas tenho clientes em Cruzeiro do Sul, Sena Madureira, que levam os queijos para o interior através dos taxistas, de frete, ônibus. Até para Santa Catarina, Fortaleza, meus queijos já foram levados pelos clientes. Nossos queijos têm uma duração tranquila se bem armazenados, assim vão para todo canto do Brasil”, conclui Stefany.



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