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“Dormindo com o inimigo” e “Meu pirão primeiro”, estratégias que não deram certo

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O prefeito de Xapuri, Bira Vasconcelos, foi o único dos quatro gestores municipais petistas do estado que se manteve fiel ao partido nessas eleições. Contudo, a sua fidelidade não foi capaz de impedir que a massacrante vitória de Gladson Cameli se desse também na terra de Chico Mendes, onde um candidato petista ao governo jamais havia sentido o gosto da derrota.


Ocorre que mesmo se mantendo ao lado de Jorge Viana, o prefeito Bira não pôde impedir que parte relevante da estrutura de sua administração fosse colocada em campo a favor do atual governador, da deputada federal eleita Antônia Lúcia e do candidato derrotado ao senado Ney Amorim. É que o arcabouço da saúde municipal está sob controle da vice-prefeita, Maria Moraes.

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Subestimada em muitos momentos, a mulher do deputado estadual Manoel Moraes, reeleito para o quarto mandato, fez direitinho o dever de casa e capitalizou de maneira irretocável o que tinha em mãos a favor de seus candidatos, a começar pelo esposo. Inerte e impotente, Vasconcelos assistiu a um passeio do exercício da mais pura política partidária debaixo de suas narinas.


Após o fatídico resultado para o PT em toda a face do planeta Acre, de onde o partido, pelo menos momentaneamente, foi varrido, no que se refere à detenção de cargos eletivos, Bira, que dormia com o inimigo, foi às redes sociais lamentar e se indignar com a derrota histórica que, segundo ele, teve a contribuição do uso da máquina pública do estado e compra de votos.


O prefeito de Xapuri não pode alegar ignorância a respeito do cenário que lhe cercava desde que foi reeleito para o terceiro mandato tendo a companheira de Moraes na sua chapa. O grupo político do agora progressista Manoel, que saiu do PSB para se aproximar de Gladson, já havia derrubado Bira do cavalo na última eleição da mesa diretora da Câmara de Vereadores.


Naquela ocasião, o petista tentou emplacar o emedebista Ronaldo Ferraz como presidente da Câmara, numa desconfiança de que poderia ser vítima de possível um impeachment manobrado pelos próprios aliados. Sem se apegar ao mérito dele estar certo ou não, a verdade é que, de toda maneira, foi engolido e o resultado de tudo o que se encaminhou foi o cenário atual.


Manoel Moraes e seu grupo político, hoje visceralmente ligado ao Republicanos de Antônia Lúcia, saem agigantados dessas eleições quando se projetam as próximas, para a prefeitura, em 2024. O tamanho com que o deputado deixa esse pleito é tanto que hoje é difícil de se prever um cenário em que o nome que ele escolher para concorrer ao cargo venha a ter adversário.


Numa análise rasa e obviamente sujeita ao equívoco, mesmo com a tradição de força em Xapuri, o PT larga enfraquecido por não ter um nome consolidado para substituir Bira, o último dos moicanos, que não poderá mais ser candidato à reeleição. Sem qualquer horizonte de alianças relevantes, até porque os adversários de amanhã são os “aliados” de hoje, o partido vislumbra o isolamento.


O outro grupo político de destaque no município, do deputado estadual Antônio Pedro, do União Brasil, não aparenta estar em situação melhor que a dos petistas. Derrotados nas urnas na tentativa pelo terceiro mandato na Aleac, já vêm desgastados por duas derrotas seguidas em eleições municipais e carregam o peso da malfadada estratégia batizada de “Política do meu pirão primeiro”.


A tática acima citada, que caiu na boca do povo e virou meme na internet, se relaciona com o fato de o grupo de Antônio Pedro, liderado pelo filho Aílson Mendonça, ter se “apossado” de quase todos os cargos do governo Gladson no começo do atual mandato, vantagem que se mostrou, com o passar do tempo, uma verdadeiro desastre para o futuro político da família.


O controle da estrutura de governo no município que Antônio Pedro teve em Xapuri – leia-se Núcleo de Educação e hospital Epaminondas Jácome – foi pessimamente administrado. Em vez de ajudar o estado a gerir esses órgãos, expondo os muitos problemas existentes, se ativeram a jogar sujeira para debaixo do tapete e a promover perseguições, até mesmo contra aliados.


Essas fatos foram razão de grande desgaste e de uma enxurrada de críticas nas redes sociais. A impopularidade se tornou tamanha que a votação de Antônio Pedro não conseguiu superar os 2 mil votos no município, o que foi crucial para a derrota, mesmo que ele tenha obtido boa votação em outros municípios, totalizando um pouco mais de 6 mil votos no fim da apuração.


Como já dito acima, pode ser que daqui a dois anos, o cenário seja completamente diferente deste que se projeta nesta avaliação. No entanto, diante da análise de uma somatória de fatos e histórias que antecederam as eleições deste ano, esta é a antevisão mais coerente (se é que isso existe) que se pode fazer no atual momento da história.


Esperemos.


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