O ex-prefeito de Rio Branco, Marcus Alexandre (PT), foi denunciado pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Acre (MP-AC) por peculato e formação de quadrilha sobre a investigação que descobriu uma fraude de R$ 7 milhões em verbas públicas da Empresa Municipal de Urbanização (Emurb).
O ac24horas apurou que como o processo tramita em segredo de justiça, mais detalhes sobre a acusação do MP não podem ser repassados pelos órgãos fiscalizadores., porém, baseado no que já foi publicado ,o líder do esquema seria o ex-diretor-presidente da Emurb, Jackson Marinheiro, que já foi denunciado em pelo menos 14 processos.
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A reportagem apurou que as declarações de Marinheiro em juízo seriam o principal combustível do MP para denunciar o ex-prefeito da capital. Em 2019, durante oitiva na 4ª Vara Criminal de Rio Branco, Marinheiro afirmou que tudo o que era feito na Emurb seguia o direcionamento de Marcus Alexandre. Marinheiro aproveitou a oportunidade para afirmar que os fatos expostos contra ele neram parcialmente verdadeiros. “Os fatos contra mim são parcialmente verdadeiros porque na empresa era sim usada as medições [para resolver problemas políticos]. Meu cargo era mais executivo, meu tratamento era mais com o prefeito [Marcus Alexandre]. Eu passava a maior parte no trecho também, mas as orientações que eu recebia e a condução de como a empresa deveria seguir era dado no cargo o superior ao meu, que no caso era o prefeito [Marcus Alexandre] e muitas vezes do chefe da Casa Civil também. As medições era para atender as demandas da empresa, desde farmácia até uma pessoa que ficava doente. As medições eram utilizadas quando se precisava locar um equipamento que não estava previsto [em contrato] e precisava urgentemente locar. E as demandas políticas que foram relatadas aqui que eu confirmo todas”, revelou.
A primeira fase da Operação Midas foi deflagrada em setembro de 2016 pelo Gaeco. Na época, foram cumpridos oito mandados judiciais de busca e apreensão, além de três inspeções em órgãos públicos, incluindo a Emurb. Um ano depois, ocorreu a 2ª fase da Operação e os promotores afirmaram que descobriram uma fraude em notas fiscais emitidas na Emurb que gerou um desvio de R$ 7 milhões em verbas públicas.
Procurado pelo o ac24horas, Marcus aparentou tranquilidade. “Sou a favor de qualquer investigação, mas creio que estão tentando criminalizar a atividade política, pois estou sendo acusado por ajudar famílias vítimas das enchentes, igrejas, por fazer obras sociais, por ajudar lideranças comunitárias nas demandas dos bairros da cidade, etc. As acusações não se sustentam e quando tiver oportunidade vou apresentar os devidos esclarecimentos”, disse.
O petista afirmou que é perseguido há muito tempo e que já foi alvo de 46 processos. “Um absurdo sem tamanho, sendo que, dez anos depois, com todos os meus sigilos à disposição (telefônico, bancário, fiscal), a justiça arquivou 43. E os demais terão o mesmo desfecho, com toda certeza. Sigo confiante na justiça dos homens e na justiça de Deus”, frisou.
Questionando se as declarações de Marinheiro poderiam ter sido usadas na denúncia, Marcus afirmou descartar a possibilidade. “Eu não tô aqui para julgar ninguém, mas não duvido disso”, disse o ex-gestor.