Gladson Cameli (Progressistas) venceu a eleição para governador do Acre colocando fim a 20 anos de gestões petistas. Enquanto Jair Bolsonaro (PSL) se elegeu presidente da República com mais de 80% dos votos acreanos. Isso tornam as expectativas enormes em relação a esse dois governos por aqui. Mas o quê esperar? Vou colocar alguns elementos sociais e políticos para que o leitor chegue a sua própria conclusão.
Operação delicada
Gladson terá como desafio mais urgente a saúde pública do Estado que está depauperada. Não será fácil para o secretário Alysson Bestene dar uma resposta rápida à população. Mesmo sem conhecer tecnicamente os meandros da gestão da pasta imagino que ele vai encontrar muitos “esqueletos” escondidos nos armários. Dívidas e um sistema que parece emperrado em quase todos os municípios onde o Estado tem unidades. Médicos insatisfeitos e pacientes descrentes na eficiência dos tratamentos. Não será fácil. Mas aí existe, por outro lado, a possibilidade de um grande trunfo para a gestão se conseguir o mudar o espectro da saúde pública no Acre.
Calcanhar de Aquiles
Também a segurança pública do Acre precisará de muita estratégia e inteligência pra se tornar efetiva. Além dos crimes cotidianos o Estado agora tem facções organizadas em plena atuação. Não será fácil desmontar essa estrutura do dia pra noite. Será o primeiro Governo que já assume com esse problema real do crime organizado.
Boas perspectivas
A família Cameli é especialista em obras. Então acredito que o setor de infraestrutura do Estado deverá avançar. Também o crescimento do agronegócio poderá impulsionar a economia. Mas espero que isso não aconteça com o
sacrifício desmedido do meio-ambiente. Em relação aos setores sociais, o Gladson é um político de diálogo. Acredito que as diferenças que surjam, a princípio, sejam superadas ao longo da gestão.
Não adianta reclamar
Dentro de poucos dias esse mantra que tem sido entoado pelo povo acreano de que o Estado está falido começará a perder força. A população não vai querer saber de justificativas e cobrará soluções do Governo eleito. Então o melhor é se concentrar em resolutividade e transformar o passado se quiser ter uma gestão popular no presente.
O quê esperar de Bolsonaro?
Acredito que o ministro da economia Paulo Guedes tenha conhecimento para recuperar, em parte, o crescimento econômico do país. Governos da direita normalmente conseguem manter o mercado financeiro mais tranquilo. Ainda que invariavelmente isso interfira diretamente nos direitos dos trabalhadores. Mas acredito num aquecimento da economia brasileira no próximo ano. Sobretudo, se o presidente norte-americano Trump, que encontrou um parceiro em Bolsonaro, resolver colaborar.
Estabilidade
Também a super pasta da Justiça na mão de Sérgio Moro poderá trazer ao menos o respeito à Constituição. O ex-juiz federal não jogaria a sua carreira que estava em ascensão numa aventura autoritária. Muitos balanços virão no combate à corrupção e à criminalidade. Só não sei se a espada da Justiça vai cortar realmente de todos os lados.
Conflitos à vista
Mas acredito que o Governo Bolsonaro irá enfrentar muitas manifestações sociais. A expectativa para que haja uma mudança repentina no país não deverá ser atendida imediatamente. Mesmo porque isso não é possível. Os grupos organizados oriundos de partidos de centro e esquerda farão resistência. Nisso se incluem sindicatos e outras organizações do movimento social. Poderemos ter conflitos. Então prevejo um Governo com muitos enfrentamentos.
Temperança
Se vestido com a faixa de presidente da República Bolsonaro abandonar o radicalismo será mais fácil governar. A diplomacia e o diálogo sempre têm um poder enorme de contornar crises. Agora, se esticar ainda mais a corda de uma Nação que está melindrada depois do processo eleitoral poderemos passar por momentos difíceis no Brasil. Acredito que seja melhor para o Bolsonaro realizar um Governo mais resolutivo do que ideológico. Essa coisa de perseguir esquerdistas, comunistas e desafetos políticos nunca acabou bem. Terá apoio popular por resolver problemas e não por perseguir desafetos.
Fator general Mourão
O vice do Bolsonaro parece ainda mais feliz com o poder do que o próprio. O General Mourão (PRTB) já demonstrou ter opiniões próprias, e fortes. Ele vai estar de olho em tudo que acontece esperando o seu momento de brilhar. A sua
patente de general lhe dá algumas prerrogativas que não serão fáceis de contornar com conversa. O Bolsonaro não deve subestimar o seu vice. E a recente história política brasileira mostra porque.
Deselegância
Não vou polemizar pelo fato do governador Tião Viana (PT) não participar da passagem da faixa de governador para o Gladson Cameli. Só acho que isso não fortalece a democracia interna do Estado. Além de ser deselegante. Ponto final.
Um problema a menos
Eu pensei que haveria muita disputa pela presidência da ALEAC. Mas com a desistência do deputado estadual Gehlen Diniz (Progressistas) de querer ser o presidente acredito que deverá haver chapa única. O deputado estadual Nicolau Júnior (Progressistas) será o novo presidente da ALEAC. Um problema a menos para o governador Gladson Cameli resolver nos primeiros meses do mandato.
Um Ano Novo iluminado
Desejo a todos os leitores e leitoras desta coluna um 2019 de muitas realizações, paz, amor, saúde e prosperidade. Também peço mais tolerância aos setores políticos. Abandonem tanta vaidade e comecem a pensar mais na população. Assim poderemos ter um país e um Estado de inclusão e bem estar social. Torço para que o governador Gladson e o presidente Bolsonaro acertem nas suas decisões. E o Congresso Nacional se aproxime mais do povo brasileiro. No mais rogo a Deus e a Rainha da Floresta abençoem a todos sem discriminação em 2019.