Meu radar para operações da Lava-Jato é irritante. Meus amigos bem sabem. Um dia acordei a Ana Cristina às 5h da manhã. Ela ficou brava, mas ligar a TV naquele horário era prioridade. Hoje não foi diferente. Apesar de ter ido dormir muito depois da uma da manhã, às 5h estava desperta e cheia de energia. Quem me conhece sabe: acordar de madrugada não é meu exercício favorito. Dito isso, vamos ao que interessa. De todas as coisas que fui lendo e vendo no noticiário (Breaking News agora não é nem mais Telessena, é minuto a minuto), uma me chamou a atenção e é sobre ela que vou me ater nessa edição extraordinária: o nome da operação que jogou gasolina na fogueira política que queima a República desde ontem: Operação Patmos.
Patmos é a ilha onde o Apocalipse foi revelado ao Apóstolo João, depois dele ter ser banido e mandado para o exílio. Dizem que lá havia uma prisão. João ficou preso em Patmos depois dos 90 anos. Estando ele numa ilha remota e distante, pensavam seus inimigos, sua influência não mais seria sentida, e ele morreria, afinal, pelas privações e sofrimentos. Mas não foi o que aconteceu.
Cheia de caraminholas na cabeça, mando um Whats para o pastor Daniel Batistela em busca de luz sobre a ilha. Ele imediatamente me responde: “Patmos, onde se revela e se desvenda a vitória da luz contra as trevas, a vitória da verdade sobre o engano, a derrocada do sistema da estátua, pela pedra que desce da montanha, Venha o Teu Reino…” Me senti contemplada, em parte pelas minhas dúvidas. Mando mensagem para Raquel Eline, que está em POA e Shirlei Gusmão: “posso dizer que Patmos é a ilha em que o Messias se revela? (Sabia que não, mas estava em busca de respostas). Raquel também é rápida: “messias se revela” não é a melhor descrição. Acho que a revelação é de tudo: do presta contas, do juízo, da vinda de um novo Reino. Complemento: Juízo e Justiça? Isso. É isso.
Volto aos jornais. No Estadão a manchete diz: Operação Patmos, o apocalipse político. Mais adiante leio: Com Patmos, a Procuradoria-Geral da República anuncia o apocalipse político. Lembro que no grego, a palavra é apokálypsis que significa revelação ou ação de descobrir. Em sentido figurado o apocalipse pode ser um discurso obscuro ou um cataclismo. No inglês, o livro de João, último livro da Bíblia, não chama Apocalipse como no Brasil, mas Livro da Revelação (Revelation).
Por aqui, as revelações de Joesley Batista que vieram à tona pelas mãos de Lauro Jardim de o Globo, são estarrecedoras. Ainda estão cifradas em códigos. Não sei quantos selos há sobre sua delação. E, confesso: tenho medo de ser real o que está escrito em Apocalipse 8:1 que diz: quando abriu o sétimo selo, fez-se silêncio no céu quase por meia hora. Se já estamos catatônicos apenas pelo ouvi falar do moço da JBS, imagina o que virá quando os áudios e os vídeos forem revelados. Se trouxermos a alusão apocalíptica ao caso, como o fez a equipe da atual etapa da Operação Lava-Jato, só Jesus, o Messias, na nossa causa. Sim, vivemos dias de soar da trombeta, de rugir do Leão. Vivemos a fase mais tenebrosa da história recente do país. E, ao que consta, as coisas não vão melhorar. Ainda vão piorar muito.
Nisso, só lamento quem comemora. Vivemos tempos de juízo e justiça. Tempos de dores e angústias. Sofrimento. O mercado, a bolsa, o dólar estão esfregando nossa crise econômica e política. Não é tempo de comemorar a desgraça alheia. É tempo de se arrepender, pedir perdão e pagar pelos crimes cometidos. O país está sendo passado a limpo. Estamos sendo rasgados em praça pública. As trombetas do Apocalipse político não vão parar de tocar. O povo que celebra, deveria vestir panos de saco. Se a República caiu, caímos todos nós. Um barco não afunda sozinho. Como diz o Filho do Homem nas Revelações a João: quem tem ouvidos para ouvir, ouça o que o Espírito diz às igrejas (que somos nós). Não é o rei que está nu. Nu estamos todos nós. Que toquem as trombetas. Como cristã, só posso dizer: Venha o Teu Reino!