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Pioneira no Acre, KeK Bijoux se mantém 24 anos como referência em acessórios

Karla mantém clientes e funcionárias de longa data na KeK Bijoux - FOTO: SÉRGIO VALE

A paixão por brincos, pulseiras, colares e anéis fez surgir a primeira loja especializada nesse assunto de Rio Branco, em meados de 1999, quando não havia no estado opções de compras e autoatendimento como se vê nos estabelecimentos do ramo atualmente. A KeK Bijoux acaba de completar 24 anos de existência com ampliação de loja, criação de peças autorais e um ambiente inovador: o Espaço Noiva.


A proprietária, Karla Fernandes, afirma que a loja foi criada por pura oportunidade, apenas pelo fato de ser apaixonada por acessórios, desde a adolescência. “Sempre gostei muito de bijuterias. Tinha uma vibe meio hippie que eu adorava, bem simples, mas ousada. Se eu tinha um brinco e ele quebrava, não tinha importância, construía uma outra peça com ele. E essa minha paixão por bijuteria só aumentou, apesar de eu não ter nenhuma habilidade em fazer, só em curtir mesmo”.


Empresária Karla Fernandes abriu a primeira loja de acessórios em Rio Branco – FOTO: SÉRGIO VALE

A primeira loja de acessórios acreana foi pensada durante uma viagem de férias com familiares e amigos a Goiânia (GO). “Fomos passear e quando cheguei lá, vi uma mudança radical de um ano para o outro. De repente, [apareceram] centenas de lojas exclusivamente de acessórios, com esse padrão de autoatendimento. Lembro que cheguei lá à tarde e sai à noite”, relata a empresária.


Os amigos foram os grandes incentivadores desse projeto, pois sabiam de seu conhecimento profundo sobre acessórios. “Eles me aconselharam a trazer peças para eu vender aqui. Na época eu tinha 30 anos e trabalhava como servidora. Mas aquilo [lojas] era um paraíso para mim, onde a gente tinha essa possibilidade de estar mexendo, com autoatendimento, o que não existia aqui”.


Quando retornou dessa viagem, resolveu alugar seu primeiro espaço e abrir a loja, na Rua Rui Barbosa, Centro. “Meu marido vendeu o carro que a gente tinha, voltamos para Goiânia e compramos tudo para montar a primeira especializada em acessórios de Rio Branco. É algo que tenho muito orgulho e muita felicidade. Foi uma loja que logo as mulheres amaram e vi que não era só eu que era apaixonada por esse mundo”.


Loja da Cerâmica oferece o Espaço Noiva às clientes – FOTO: SÉRGIO VALE

Sendo pioneira, a KeK Bijoux tornou-se referência e inspiração para lojas que surgiram depois. Com isso, carrega um legado de amizade e clientes fiéis de quase três décadas. “Tenho clientes que estão comigo desde o início. Temos a mãe que chegava aqui com a filha adolescente, que a filha casou e estivemos com ela com nossos acessórios. Elas tiveram filhos e nós continuamos [juntas]. É uma história linda”.


Adaptação a novas gerações

Karla conta que a loja precisou se reinventar ao longo do tempo. No início, o surgimento da concorrência a assustou, mas rapidamente soube contornar. “Abrimos a loja com peças de grife, de marca, então o valor ficou alto. A KeK Bijoux por muito tempo ficou conhecida como uma loja cara na questão do valor. Mas os acessórios eram todos semijoias. A essência nossa era de peças ousadas, diferenciadas e passamos muito tempo assim”.


Quando a concorrência chegou trazendo peças e preços mais populares, a KeK Bijoux sentiu que poderia ter sua estabilidade abalada. “Mas graças a Deus que, com a concorrência, eu cresci. Porque realmente começamos a nos reinventar. Pensei: as pessoas estão buscando algo mais em conta, então eu vou trazer e oferecer aos meus clientes algo em conta. E comecei a trabalhar com as linhas de bijuterias”, relata Karla.


FOTO: SÉRGIO VALE

Tudo que é vendido na KeK é escolhido literalmente a dedo pela proprietária até hoje. “Tem uma história engraçada de quando meus filhos eram adolescentes. Teve uma moda de usar algo parecido com cadarço no braço e eles pediam para eu trazer de São Paulo e vender, mas eu disse que não, que eles poderiam comprar na concorrência. Isso porque eu queria sempre manter o padrão de vender peças que me agradem, que eu queira realmente ter na loja. Sempre fui fiel a minha essência, nunca quis trazer algo que não tivesse qualidade”, destaca Fernandes.


Segundo ela, se trouxer um brinco para vender e ele quebra muito rapidamente, imediatamente tira aquele fornecedor de sua lista, pois preza pela qualidade dos acessórios. “O cliente é minha prioridade. Às vezes a pessoa sai daqui com um brinquinho de R$ 10, chega em casa, amolece algo e ela volta. Eu digo às colaboradoras: troque. Se ela voltou, é porque aquele R$ 10 é importante para ela e não pode um brinco de 10 reais durar só um dia ou usar só uma vez. Então eu troco”.


Por essa atitude, Karla já recebeu ligações de outras lojistas locais questionando ou até brigando por causa da troca de peças. “Falavam que assim eu estava derrubando elas, diziam que eu não poderia fazer isso. E eu disse que a política da minha loja eu que faço e que meu cliente é prioridade. Se a pessoa acabou de levar o brinco e ele quebrou, eu tenho que ter empatia com essa pessoa. Como não vou ter empatia com essa pessoa? É com essa política toda que recebemos muito carinho de nossas clientes. O que a gente planta, a gente recebe”.


Peças autorais e a preferência das acreanas

Entre os diferenciais da KeK Bijoux, Karla aponta seu destaque: o atendimento. Para ela, é fundamental a atenção no atendimento ao cliente. “O cliente para mim é tudo, até mais importante que eu aqui dentro. Pelo cliente, fizemos uma coisa interessante para comemorar os 24 anos de existência, que foi um sonho realizado. Fizemos parceria com uma fábrica de semijoias de ótima qualidade em São Paulo, e apresentamos nossa primeira linha autoral de peça. Tudo criado por mim e por minhas consultoras de vendas”.


Para isso, foi preciso ouvir bastante as clientes, sobre o que elas realmente gostam de usar, o que estão querendo usar. Baseado nisso, a KeK elaborou sua linha de peças autorais em setembro de 2023. “Quando começamos a loja, lá em 1999, a cliente acreana não usava colar. Nossa região é muito quente e as clientes só queriam brinco, pulseira e anel. Aos poucos, fomos vendo que hoje a acreana é uma mulher aberta totalmente ao uso de colares. Percebendo essa mudança, com nossa influência também trazendo essas peças, montamos uma linha autoral de acessórios”.


As acreanas gostam de tendência. Hoje, com a facilidade das redes sociais, a KeK Bijoux sabe imediatamente o que grandes personalidades estão usando em acessórios, como Xuxa, Virgínia e Thássia Naves. “Quando eu trago imediatamente uma peça que essas pessoas estão usando, é muito importante porque as acreanas gostam de tendência, mas também não só a moda pela moda”.


A acreana tem muita personalidade, não basta dizer o que está na moda, elas querem a moda respeitando seu estilo. “Isso é muito bom e traz um desafio que nos faz crescer. Não é porque a fulana tá usando que -ma peça chega aqui e ela vai aceitar. A gente traz, gosta de receber as tendências, mas tem essa cliente que diz: espera aí, não é assim não, não vem trazer tudo que eu não vou comprar tua história”, brinca Karla.


Espaço Noiva

Além da loja do Centro, há um quiosque da KeK Bijoux no Via Verde Shopping e também uma loja no bairro Cerâmica. É nesta última que foi recentemente criado o Espaço Noiva, um lugar criado exclusivamente às clientes que se preparem para o “sim” no altar. “A gente se reinventou. Essa loja tem um espaço maior e também era um sonho meu, porque eu sempre quis oferecer mais conforto para elas”, diz Karla.


O espaço tem cadeira de princesa, decoração diferenciada, tudo para contribuir e entrar no clima de romance, do sonho daquela mulher, num momento tão especial da vida, que é o casamento. “Como meu público é essencialmente feminino, sentia falta disso e esse espaço me fez realizar um sonho. Foi inaugurado 2021, bem na pandemia, mas tem sido bastante procurado. Capacitei minhas consultoras com uma especialista”.


A noiva-cliente pode ir com uma acompanhante, escolhe algumas peças sem compromisso nenhum de levar e experimenta. “A gente serve uns espumantes e as meninas vão simulando penteados na cliente usando nossos acessórios. É a única loja com esse espaço por aqui. Oferecemos toda uma aura mágica, de princesa. Às vezes a noiva também traz o vestido e fechamos as cortinas para ela se sentir mais à vontade”, explica Fernandes.


Karla acompanha algumas clientes desde quando elas eram crianças e frequentavam a loja com a mãe. “Eu me emociono e choro. Elas casam, vêm aqui com a filha. Era um grande sonho oferecer um espaço onde elas não fossem atendidas somente no balcão comum, como numa ocasião qualquer. Aqui no Espaço Noiva colocamos musiquinha, todos se emocionam muito”.


Relação de amiga com as clientes

A KeK Bijoux sempre foi muito desafiada pelas minhas clientes de outros municípios acreanos a ter uma loja em cidades como Cruzeiro do Sul, Feijó e Sena Madureira, mas Karla diz não ter mais o mesmo pique de quase 30 anos atrás para tornar esse pedido uma realidade. “Temos nossas lojas físicas em Rio Branco, mas vendemos para as demais cidades pela internet, através de nossas redes sociais. Temos clientes em vários municípios acreanos”.


Sua relação com as clientes é pautada em muito carinho, respeito e amizade. “As clientes que nos entusiasmam, algumas vezes até me emociono, choro com o que elas me dizem. Há sempre um contexto positivo e essa minha relação com as clientes quero que seja estendida para minhas consultoras. Minha batalha é essa. Eu sou essa pessoa, adoro conversar, receber as clientes como se fosse na minha casa. Como a gente recebe uma cliente em casa? Da melhor forma”.


Criada por mãe solteira e batalhadora no bairro Quinze, Karla sente orgulho de suas raízes e tenta repassar isso às clientes. “Recebi muitos valores. Tenho muito orgulho e felicidade por ter passado por tudo isso, ter curado funcionária pública e ter essa loja que para mim é um plus. Passo para minhas consultoras todos os dias: vamos receber nossas clientes como se fosse na sala da nossa casa. Às vezes você não tem um café, mas tem um sorriso, uma palavra amiga”.


Expectativa para futuro

Emocionada, a empreendedora diz não ter muita ambição, mas em termos de realização, ainda nutre o sonho de um dia criar um site para a KeK Bijoux. Apesar disso, confessa ainda estar se convencendo disso. “Sou um pouco reticente e a loja tem muito da minha essência. Não faço compras online, isso não é da minha geração, mas não posso me fechar a isso, porque tenho uma gama de pessoas que só fazem compras online, que é a juventude. Tenho o sonho de criar um site legal, funcional, bem minha cara também”.


O trabalho das redes sociais tem sido fundamental para que a empresa se adapte ao público da nova geração, uma vez que o Instagram, por exemplo, é essencialmente jovem e permite que a KeK apresente uma vitrine. “Sempre tentamos manter uma linguagem ética e respeitosa para atrair esse público também”, ressalta.


FOTO: SÉRGIO VALE

Impactos da pandemia

A KeK Bijoux passou um bom período buscando peças mais baratas para se enquadrar com a concorrência. Porém, com a pandemia de COVID-19, surgiu um movimento contrário das próprias clientes. “De repente, elas estavam em casa pedindo peças com mais qualidade, garantia, e isso fez com que a loja voltasse a ser um pouco como era no início. Hoje temos peças de R$ 100, R$ 200, R$ 300, todas com garantia, e também temos as bijuterias”.


Karla garante que a empresa também sentiu os impactos da pandemia. “Eu tinha pressão alta e me afastei do trabalho de servidora pública, fiquei em casa. Mas desde os primeiros casos eu não conseguia dormir direito, preocupada, até que decidi fechar a loja bem antes. Eu não podia ficar em casa e colocar minhas funcionárias em perigo nos ônibus. Fechei a loja cinco dias antes do decreto do governador, por uma questão de valor, de vida”.


Ela também enviou uma carta ao shopping avisando que iria fechar o quiosque à época, mesmo que levasse multa. “Tenho muito orgulho disso, pois às vezes as pessoas olham o patrão com olhar enviesado e não é assim. Eu tenho muito compromisso com minhas funcionárias. Quando o decreto governamental permitiu atender por delivery, meu marido era que ia buscar e deixar elas de carro e todos de mascara”.


Prova da relação sólida de Karla com as colaboradoras é Livia Abreu, que trabalha na KeK desde os anos 2000. “Ela é um patrimônio da loja. Ela compreende essa minha essência. Treinei ela muito novinha e ela se tornou um exemplo de excelente atendimento. Lívia é nossa consultora mais antiga e virou unanimidade entre as clientes. Todos a amam e eu fico feliz demais com isso”.


Recentemente, a loja perdeu sua conta no Instagram com mais de 30 mil seguidores e tem recebido apoio dos clientes.”incrível o tanto de solidariedade de pessoas amigas, uma rede de mulheres poderosas que se juntaram me dando apoio. Recebi centenas de mensagens, muita gente compartilhando a conta nova. Minha mensagem é de gratidão, de muito obrigada a todos pelo carinho com a loja. Uma história de 24 anos limpa, sem nenhuma denúncia, sem nenhum problema com cliente, com todos os problemas solucionados. Em um dia ganhamos quase mil seguidores na nova conta do instagram, e isso é apoio, união e empatia. Pedimos que sigam nossa nova página temporária (@kekbijouxx) até conseguirmos recuperar a antiga. Mesmo nos momentos difíceis, a gente sempre acha uma solução, só temos que repensar e recomeçar”, conclui Karla Fernandes.