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No Dia da Mulher, ícone da TV Lenilda Cavalcante anuncia aposentadoria após 34 anos de jornalismo

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Uma voz marcante, um trabalho eternizado. Aos 56 anos, Lenilda Cavalcante completa em 2023 seus 34 anos de carreira no jornalismo acreano. Uma repórter  que abriu caminho para muitas outras mulheres ingressarem e terem seu espaço respeitado no jornalismo policial do estado. Apesar de tantos feitos na profissão, também é o ano em que Lenilda decidiu “aposentar” seu caricato colete de imprensa e deixar o Acre para construir uma nova história no litoral brasileiro.


A segunda mulher a trabalhar como repórter na TV Acre tornou-se umas das jornalistas mais conhecidas do estado. Agora, decidiu parar profissionalmente. Ela é homenageada pelo também jornalista Roberto Vaz em seu programa – Bar do Vaz – nesta quarta-feira, 8, dia em que é celebrado o Dia Internacional da Mulher. Para Lenilda, seu tempo de trabalho já deu, mas as histórias em mais de três décadas de dedicação são lembranças que fazem parte da consolidação de sua marca e relevância ao jornalismo local.

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“Sempre fui uma profissional desvalorizada, também por ser mulher. Ainda hoje, apesar de todo o avanço, a mulher exercendo a mesma profissão com a mesma jornada de trabalho, os mesmos riscos, sempre está ganhando menos que o homem”, contou, destacando que somente nos anos que chegaram em seu final de carreira é que seu viu valorizada de forma adequada.


Lenda do jornalismo acreano

Lenilda conseguiu elevar sua atuação como repórter policial ao patamar de imaginário social do acreano. Quem nunca brincou com o bordão “De Lenilda Cavalcante para o Gazeta Alerta” para contar uma fofoca? Ou quem nunca foi chamado de Lenilda por contar uma novidade? Ela mesma reconhece tamanha aproximação e carinho com o público. “Em todo bairro tem uma Lenilda Cavalcante, aquela pessoa que sabe da história de todo mundo”, disse.


Ao longo dos anos, alguns mitos se formaram em torno da vida profissional de Cavalcante. Um deles, segundo ela, é o de que possuiu um rádio comunicador da polícia por onde sabia primeiro todos os acontecimentos envolvendo crimes, antes mesmo das autoridades policiais. “Por conta disso tive meu telefone monitorado, foi grampeado, algumas pessoas disseram que havia um inquérito em 2013 e fiquei indignada. Eu mesma coloquei meus telefones à disposição [da polícia]”.


À época, acreditavam que Lenilda tinha uma espécie de “central” que monitorava tudo que acontecia. A jornalista explica: “O que acontece é que muitas das vezes as pessoas ao invés de ligar para a polícia, ligavam para mim. Já teve situação de eu perguntar à pessoa que me passava informação se ela já havia ligado para a polícia e ela dizer que não, e eu que tinha de falar para ela ligar”, relembra.


Para ela, dar a notícia primeiro é importante e seu segredo era manter um ‘informante’ dentro da polícia. “É a tática para sair na frente”, afirma. Ao longo dos anos, muitas histórias curiosas são colecionadas por ela. “já teve autoridade que literalmente se ajoelhou aos meus pés pedindo para não publicar determinada situação” – o caso aconteceu em um motel onde a polícia foi acionada -.


Lenilda já retornou de uma pauta ao lado de dois corpos dentro do rabecão. “Na ida, era um ramal, nosso carro atolou e fomos convidados a seguir viagem com o rabecão. Isso já foi há muito tempo. Na volta viemos com os corpos”, brincou.


Como já é de praxe, é acostumada a trocar ou dar informações para a polícia, pois muitas das vezes é comunicada primeiro pela população. Sobre postura no trabalho, ela conta que age sempre com humanidade. “Abraço, choro junto com mães de criminosos. Já vi situação de a mãe ter saído da igreja e quando chega encontra o filho morto. Independente de tudo, é um ser humano, é o filho dela. Todo ser humano tem uma sociedade individual, há pessoas que a amam”.


Lenilda e o jornalismo policial

“Já fui chamada de urubu muitas vezes. Mas tudo é questão de interesse. Quando a matéria que estou fazendo interessa a você, eu sou a melhor, quando vai contra sua situação, aí sou é urubu”. Lenilda preza pelo respeito a todas as polícias do Acre. “Tenho admiração, respeito e carinho”. Questionada sobre o que pensa da audiência de custódia, comenta: “um mecanismo utilizado pelo poder judiciário para diminuir ou não aumentar a superlotação [nos presídios]”. Como exemplo, citou um cidadão que foi preso cinco vezes pela mesma equipe em menos de dois meses.


Cavalcante conta que o jornalismo é uma corda bamba para quem trabalha na área policial. “Você sempre vai desagradar, principalmente aquele que praticou um crime”. Para chegar aos locais, ia de carro, motocicleta, carona e até de canoa, só não iria nadando porque não sabe nadar.



A jornalista que já presenciou pessoas serem mortas reconhece a credibilidade que cativou junto à sociedade. “Estou ali para narrar fatos, não para emitir juízo de valores ou dar minha opinião”. Lenilda diz que nunca se sentiu inferior a jornalistas de outras áreas, mas sabe que no meio existe esse preconceito, mas que nunca se preocupou com isso.


Adeus ao Acre e continuação do Ecos da Notícia

Com residência em outro estado e depois de já ter morado três fora, resolveu dar um novo adeus ao estado do Acre. Estava por aqui há cerca de um ano, quando recebeu um convite para voltar às telas de jornal com um contrato temporário e decidiu não renovar sua estadia em Rio Branco.


“Minha irmã já está lá e decidi voltar. Quero descansar. Não deixo nenhuma decepção, me sinto realizada profissionalmente, sempre digo isso. Fiz aquilo que eu gosto com muito prazer, amor e intensidade”.


Um de seus legados é o portal voltado à notícias policiais Ecos da Notícia, que não irá fechar com sua despedida do Acre. “Confio de que o trabalho vai ser de excelência, continuem confiando no Ecos da Notícia porque para quem entreguei o site são profissionais altamente responsáveis, que manterão a mesma equipe, a mesma linha policial”, avisa.

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Ela acredita que irá sentir saudades do estado “Mas já deixei meu legado. Tenho 56 anos e me pergunto quanto tempo ainda tenho para viver. Já tive medo de morrer, mas hoje não tenho. Quero continuar meu livro onde conto histórias da minha experiência à noite”.


Após gerar emprego para nove pessoas, é orgulhosa de ser acreana e deixa o estado com respeito. “Agradeço a todas as pessoas que gostam de mim, eu preparei pessoas, foram 17 anos no Ecos. Só tenho a agradecer a todos que confiaram no meu trabalho em suas empresas. Agradeço a todas as pessoas que pude ajudar  através do meu trabalho. Comecei com Roberto Vaz e estou aqui, terminando com ele”.


Assista a entrevista completa:

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