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Igrejas dizem que pedido do MP de fechamento dos templos é baseado em dados imprecisos

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Uma entidade que representa diversas igrejas evangélicas no Acre se posicionou por meio de uma nota após o Ministério Público Estadual (MPAC) recomendar o fechamento dos templos religiosos para a realização de atividades presenciais por conta do decreto que colocou o Acre na fase vermelha da pandemia.


Atualmente, as igrejas estão autorizadas a funcionar com 20% de sua capacidade. A entidade chamada de Liga Somos Um, afirma que o pedido do MPAC é baseado em dados imprecisos e sem qualquer fundamento em estudo científico desenvolvido em qualquer universidade brasileira sobre a situação de transmissão viral em ambiente religioso.

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A nota diz ainda que por mais que se reconheça a necessidade de cuidados excessivos, não é possível afirmar que igrejas são responsáveis diretas por propagação do vírus, especialmente porque o estudo, feito nos EUA, leva em consideração uma população que não foi submetida a decreto restritivo, como foram as igrejas no nosso estado.


Os pastores ressaltam ainda que não há no Acre, o fenômeno das igrejas negacionistas americanas que não tiveram decreto de fechamento com os mesmos quantitativos aplicados aqui. “Há um grupo grande de pastores “negacionistas” que seguiam o presidente Trump na luta contra o uso de máscaras, o que não é o caso das igrejas no Acre, que tem respeitado o decreto de quantidade reduzidíssima de pessoas nos cultos (20% da capacidade total do prédio), com máscaras, álcool gel, tapete sanitizante, distanciamento social, medidores de temperatura e cuidados com os grupos de risco”.


Leia a nota completa:

A LIGA SOMOS UM, entidade representativa dos pastores presidentes de igrejas evangélicas no Estado do Acre, manifesta seu desagravo à recomendação do Ministério Público Estadual quanto ao fechamento das igrejas neste período de Pandemia regido pelo decreto 7.862 de 02 de fevereiro de 2021, que regulamenta a abertura de igrejas com 20% da capacidade de seus prédios, distanciamento social, álcool gel e outras medidas protetivas.


Esta LIGA reconhece o serviço cidadão prestado por esta egrégia instituição, vigilante na guarda do melhor para a sociedade, por meio de seus distintos membros. Mas se coloca também como uma associação representativa de parte relevante da mesma sociedade, não para se opor, mas para somar os esforços na luta contra este mal que a todos assola, a pandemia causada pela COVID-19. A razão para o desagravo é o argumento de que a nota é técnica e científica, embora baseada em entendimento inicial datado de março de 2020. Naquele momento, a compreensão do Comitê já se mostrava inadequada à realidades das igrejas no Brasil e, principalmente – no nosso caso, no Acre. A decisão foi baseada em dados imprecisos e sem qualquer fundamento em estudo científico desenvolvido em qualquer universidade brasileira sobre a situação de transmissão viral em ambiente religioso.


O artigo usado muitas vezes como base para tais decisões só surgiu posteriormente e sofreu interpretação não equivalente à sua tradução. O artigo é intitulado: ”Como impedir restaurantes de liderar infecções pela COVID” (How to stop restaurants from driving COVID infections)! Este é o artigo publicado pelo famoso site americano nature.com no último dia 10 de novembro (https://www.nature.com/articles/d41586-020-03140-4). O subtítulo da reportagem é “Dados de mobilidade dos EUA sugerem que restaurantes, academias e cafés podem ser foco de contágio pela COVID – e revela estratégias para limitar disseminação” (US mobile data suggests restaurants, gyms and cafes can be COVID hotspots — and reveals strategies for limiting spread).


Como se vê, à partir dessa publicação, por mais que reconheçamos a necessidade de cuidados excessivos, não é possível afirmar que igrejas são responsáveis diretas por propagação do vírus, especialmente porque o estudo, feito nos EUA, leva em consideração uma população que não foi submetida a decreto restritivo, como foram as igrejas no nosso estado.


Algumas considerações precisam ser feitas:


1. O artigo não pode ser interpretado diretivamente como apropriado para medir a situação das igrejas no Acre. Leva em consideração igrejas americanas que não tiveram decreto de fechamento com os mesmos quantitativos aplicados aqui. Há um grupo grande de pastores “negacionistas” que seguiam o presidente Trump na luta contra o uso de máscaras, o que não é o caso das igrejas no Acre, que tem respeitado o decreto de quantidade reduzidíssima de pessoas nos cultos (20% da capacidade total do prédio), com máscaras, álcool gel, tapete sanitizante, distanciamento social, medidores de temperatura e cuidados com os grupos de risco.


2. Ainda que em contexto completamente diverso, o artigo contém apenas uma frase em que menciona as igrejas como um dos exemplos de lugares da vizinhança em que as pessoas frequentam, como “restaurantes, igrejas, academias, hotéis, concessionárias e lojas de produtos esportivos”, considerando cidades com 57.000 pontos de movimentação mapeados na vizinhança nas 10 maiores cidades americanas. Esses dados não podem ser absolutamente usados na comparação com o que acontece em Rio Branco. Sequer teríamos essa quantidade de pontos de movimentação.


3. Por uma questão de rigor metodológico, o artigo não trata de contexto eleitoral, embora cumpra-nos o dever de lembrar o que é publicamente reconhecido como um dos grandes fatores aceleradores do aumento da proliferação do vírus e que não sofreu o mesmo rigor de fiscalização pelos órgãos competentes.


4. A redução de uso dos espaços aconselhada pelo artigo já é feita em Rio Branco, principalmente nas igrejas.


Não é, portanto, apropriado utilizar estes dados para apontar as igrejas na situação em que estão vivendo no estado do Acre como pontos de contágio, mesmo considerando o cenário mais negativo apontado no artigo. A ênfase no título do próprio site não traz essa luz sobre igrejas. Igrejas americanas são citadas como possibilidade de local de contágio no contexto de 100% de presença dos seus membros, sem máscara ou distanciamento social, e até em contexto de retiro espiritual feito por algumas delas, conforme artigo publicado pelo The New York Times em 08 de julho de 2020 por ocasião da reabertura das igrejas americanas (https://www.nytimes.com/2020/07/08/us/coronavirus-churches-outbreaks.html).


Por fim, faz-se necessário enfatizar o papel social que as igrejas cumprem na vida das pessoas que nelas congregam voluntariamente: há um forte trabalho social no cuidado aos necessitados, com distribuição relevante de cestas básicas, medicamentos, roupas e outros gêneros de primeira necessidade; há uma atuação e relação direta entre espiritualidade e saúde emocional, além dos atendimentos individualizados a pessoas com necessidades específicas; é parte do comprometimento das igrejas com o Pacto de Lausanne, desenvolver o que chamamos de Missão Integral da Igreja, oferecendo serviços, sobretudo médicos e assistencialistas nesse momento de pandemia, por meio de seus membros, profissionais nas áreas diversas, principalmente de saúde, ajudando a retirar a sobrecarga do estado com seu serviço voluntário; existem demandas existenciais que nem o Estado, nem a ciência, nem a tecnicidade conseguem suprir nos indivíduos e a igreja é central nesta função como amplamente discutido na literatura que trata da identidade na pós-modernidade e que precisa continuar sendo assegurado constitucionalmente a todo indivíduo: espiritualidade! Por todo o exposto, solicitamos uma revisão na recomendação de fechar as igrejas, já tão atingidas e, ainda assim bravas na assistência social e espiritual da nossa sociedade.

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A igreja não é a instituição menos relevante da sociedade!


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