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60% do fogo em UCs no Acre está na Resex Chico Mendes

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Reportagem do jornalista Leandro Chaves para o projeto especial Amazônia Sufocada, publicada na última sexta-feira, 25, pela plataforma InfoAmazonia, mostra que a Reserva Extrativista Chico Mendes é a unidade de conservação federal que mais queima no Acre, segundo o monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).


De acordo com a publicação, há pelo menos oito anos a Resex Chico Mendes concentra mais da metade dos focos entre as UC’s. Em 2020, a unidade acumula 60,24% do total nessas áreas. De 1º de julho a 23 de setembro deste ano, foram registrados 2.053 focos de calor na reserva, o que representa 60% das queimadas entre as unidades de conservação (UCs) federais acreanas e mais de 8% do total no estado, no período.


A reportagem destaca ainda que a segunda reserva extrativista que mais queimou neste ano no Acre, a do Alto Juruá, foi responsável por 13% do total do identificado nas unidades federais no estado. Em relação a 2012, início da série histórica do satélite analisado pela InfoAmazonia, a quantidade de queimadas em 2020 mais que dobrou no território (o total deste ano é o segundo maior recorde, atrás apenas de 2019, que teve 2.641 focos).

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Leandro Chaves conversou com Silvana Lessa, ex-chefe local do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que trabalhou na Resex entre 2012 e 2016. Ela ressaltou que nem todos os focos de queimadas na área são para abertura de pasto e que muitos moradores ateiam fogo de forma controlada, para a criação de roçados para a subsistência. Ainda de acordo com ela, os incêndios florestais, de maiores proporções, são concentrados, em sua grande parte, nos limites da reserva com a rodovia BR-317, que liga o Acre à Bolívia e ao Peru.


“Essas áreas da reserva próximas à rodovia ficam nos municípios de Xapuri e Brasiléia e são de fácil acesso para muitos de fora do território. O índice de entrada irregular e as consequentes práticas ilegais vêm aumentando porque não há controle, falta gestão. O ICMBio não tem recursos pessoais e financeiros suficientes para lidar com o problema”, relatou.


O órgão, que gerencia a Resex, dispõe de apenas três analistas e dois técnicos, além do chefe, para cuidar dos quase um milhão de hectares da Chico Mendes. O território perpassa os municípios de Rio Branco, Brasileia, Xapuri, Assis Brasil, Capixaba, Sena Madureira e Epitaciolândia, no sudeste do Acre.


Nos últimos dez anos, o número de famílias dentro da reserva dobrou de 2 mil para 4 mil, diferença que inclui tanto o crescimento populacional natural, quanto a chegada de arrendatários que prolongam a permanência na área, não sendo raro o arrendamento de terra por parte de moradores para a criação de gado por grupos de fora da reserva.


Fiscalização “capenga”

O ex-prefeito de Xapuri, Júlio Barbosa de Aquino, secretário-geral da Associação dos Moradores e Produtores da Reserva Extrativista Chico Mendes em Xapuri (Amoprex), reitera que a capacidade de fiscalização do ICMBio é “capenga” e isso contribui para o aumento do desmatamento e dos incêndios florestais.


“Sempre foi assim, mas, nos últimos anos, é possível observar um verdadeiro desmonte no órgão. Para se ter ideia, os fiscais só podem se deslocar para apurar denúncia com autorização de Brasília. Se fizerem por conta própria, serão chamados a atenção”.


Para Aquino, o aumento das queimadas na área está diretamente relacionado ao avanço da atividade agropecuária na reserva, ao passo que o fogo tradicional para pequena agricultura não causa impacto na floresta.


InfoAmazonia agrega dados e notícias sobre a Amazônia, a maior floresta tropical contínua do planeta. O projeto é sustentado por uma rede de organizações e jornalistas que oferecem atualizações constantes dos nove países da região.


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