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Construção da Bioceânica pode gerar milhares de empregos no Acre dar novo impulso na economia

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O deputado Jenilson Leite (PCdoB) que representou o Acre em seminário sobre a viabilidade do projeto na China destaca importância do empreendimento para o desenvolvimento do Estado


A construção da Ferrovia Bioceânica – obra que poderá ligar por terra o oceano atlântico ao pacífico – poderá desencadear um novo impulso econômico na região amazônica, em especial no Estado do Acre, onde cerca de 600 km dos trilhos devem passar em quase sincronia com a BR-364, ligando Rio Branco a Cruzeiro do Sul e terminando o ápice da ligação nos portos peruanos. A ferrovia, segundo estudos, deve ter cerca de 4,9 mil quilômetros de extensão, sendo que o trecho peruano tem 1,6 mil km e o brasileiro 3,3 mil km e ter custo elevado na casa dos R$ 50 bilhões.

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A ideia é que os insumos produzidos em todo o país passem pelo Estado que adotou como modelo econômico o desenvolvimento sustentável através do termo “Florestania”, implantado no governo de Jorge Viana, atualmente senador da república, e que até hoje norteia as ações do Estado nos últimos 18 anos.


Para tratar sobre o assunto, o ac24horas entrevistou o deputado estadual Jenilson Leite (PCdoB), que ao lado do secretário de Obras do Estado Átila Pinheiro, participou durante 15 dias do seminário sobre a construção da Ferrovia, sediado pela BJTU (Beijing Jiaotong University), em Pequim, na China.


Leite enfatizou que um estudo de viabilidade e impactos ambientais coordenado pelo governo chinês foi feito recentemente e custou cerca de R$ 200 milhões. Segundo o parlamentar, durante as apresentações, os chineses informaram que a viabilidade econômica da ferrovia é real. “Eles acreditam com base em estudos e na experiência em grandes obras que a ferrovia se paga devido ao grande benefício que isso vai trazer não só ao mercado asiático, mas também aos Estados Brasileiros. A Bioceânica vai cortar os Estados da Bahia, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Rondônia e o nosso Acre. Eles acreditam que a que é mais fácil construir essa ferrovia pelo Acre do que por outros trechos. O custo seria menor”, explica.


Para os chineses, tempo é dinheiro e isso os incentiva a criar uma nova rota tendo o Brasil como parceiro. Atualmente, para se transportar produtos brasileiros para a China, as mercadorias saem dos portos localizados nas regiões do nordeste, sudeste e sul do país por navios e são obrigados a passar pelo canal do Panamá. Até a chegada no mercado asiático, a mercadoria demora cerca de 54 dias, mas em comparação com a nova rota que pode ser criada pelo país, o tempo de transporte fica muito mais rápido, entre 34 a 38 dias, tendo um ganho significativo no fluxo e até mesmo barateando o produto.



“O objetivo de nossa ida a esse seminário foi ter conhecimento de algo que já estava sendo discutido. Os chineses já fizeram relatório e já apresentaram ao governo brasileiro que demonstra que esta ferrovia é viável, que é criar uma nova rota econômica, entre o Brasil e a América do Sul . Ela tem viabilidade desde o ponto de vista financeiro. Ela se paga. E a viabilidade no âmbito do impacto ambiental com as menores perdas possíveis, respeitando as áreas indígenas”, disse o parlamentar.


Jenilson fez questão de enfatizar ainda que no passado existiu a possibilidade do Acre ficar de fora do empreendimento, mas que isso praticamente ficou descartado pelo governo chinês. “Usando o Brasil, de início, os Chineses estudaram que existiam três alternativas para chegar ao pacífico. Existia a alternativa Sul, que do passando pelos Estado de Mato Grosso você chegaria a Argentina e logo em seguido no Chile. Também existia a alternativa Centro, que a ferrovia viria por Mato Grosso, entra na Bolívia e finalizando nos portos chilenos. O que ocorre nessa segunda alternativa é a instabilidade e dificuldade muito grande dentro da Bolívia por conta da burocracia , dessa parte mais de corrupção. Os chineses entenderam que isso seria empecilho. Mas graças a Deus, a alternativa Norte, que passe pelo Acre e Rondônia foram vistas com bons olhos por eles”.


Com base na Alternativa Norte, os chineses estudaram primeiramente que ao chegar no Acre a ferrovia poderia cortas para o município de Assis Brasil e seguir para o solo peruano até a chegada nos portos, mas ao cortar por Cruzeiro do Sul, eles entenderam que isso causaria menos impacto, apesar de passar por uma terra indígena e levando em conta isso, eles tem um sistema de elevação da estrada de ferro. E claro, não teria o enfrentamento de tanta altitude, pois isso somente ocorreria em Pucalpa. “Hoje se amadureceu tudo isso com base nos estudos feitos e que foi apresentado ao Ministério dos Transportes esse trecho ligando Rio Branco a Cruzeiro do Sul é o mais viável, mas o martelo ainda não foi batido”, explicou o deputado.


Orçada em R$ 50 bilhões, a obra exige um grande volume de recursos, mas de acordo com os chineses, os valores não devem sair apenas dos cofres dos governos chinês, brasileiro e peruano, mas também da iniciativa privada. “Eles [chineses] acham que essa ferrovia pode ser construída a partir de uma parceria público-privada, mas que tudo seria coordenado por eles mesmo todo o processo de construção. É lógico que como nosso país tem vivido uma onda de falta de credibilidade e confiança, eles vão querer sim coordenar os trabalhos de ponta a ponta, não abrindo a mão do gerenciamento do empreendimento”, ressalta.


De olho no futuro, o deputado acredita que o fato da China ter atualmente 1,3 bilhões de habitantes, os asiáticos sentem a necessidade de expandir as rotas para sobreviverem em parceria com países com elevada capacidade de produção alimentar e demais produtos, visando abastecer seu mercado. “Eles olham a Bioceânica como esse alternativa de futuro, em relação a custo e benefício. Os chinese acreditam que entre 9 ou 10 anos esses recursos possam ser levantados para que a obra seja iniciada. A próxima etapa fica nesse impasse sobre que recursos e quando irão construir. Infelizmente, a burocracia ainda é grande e isso acaba tornando a Bioceânica uma obra para o amanhã, mas com grandes expectativas de geração de emprego nos Estados por onde ele passar, em especial no Acre”, diz o deputado que afirma ainda que apesar de todo esse tempo, assim que iniciada, a obra, coordenada pelos chineses, deve ser concluída em pouco mais de 2 anos, demonstrando a eficácia tecnológica dos métodos chineses em grandes construções.


Para exemplificar o poderia chinês na construção de ferrovias, Jenilson revelou que durante o seminário foi mostrado um histórico em que há dez anos a malha ferroviária da chinas era insignificante, mas com uma política pública voltada para a construção, eles criaram mais de 23 mil quilômetros de ferrovias em seu território, “Até 2030 eles querem aumentar esse número para mais de 200 km de ferrovias construídas e nisso tudo já incluindo a bioceânica”.


“A bioceânica no Acre pode elevar o Estado a uma capacidade maior e melhor de desenvolvimento. A ferrovia passaria cruzando o Acre e por onde ela passasse levaria o desenvolvimento, assim como ocorreu com a construção da BR-364, onde cidades como Feijó e Tarauacá cresceram e se desenvolveram com base na facilidade de chegada de produtos. Cruzeiro do Sul e demais cidades do interior tiveram seus mercados mais fortes com a chegada desse desenvolvimento e Bioceânica significa isso. Claro, que uma grande empresa da china não traria mão de obra de fora, iria apenas coordenar os trabalhos aqui com mão de obra local, gerando assim milhares de empregos”, diz o deputado sobre expectativa de aquecimento da economia e mercado de trabalho com o empreendimento.


Jenilson ressalta que com a chegada da ferrovia, o Estado do Acre precisa desenvolver uma projeto de desenvolvimento baseado em suas características. “Nós não podemos olhar para o Mato Grosso e querer ser o Mato Grosso. Nós não podemos olhar para Rondônia e querer ser Rondônia. O que nós temos hoje, nós temos uma pecuária de qualidade, mas nós temos a maior parte de nosso território coberto por florestas e no meu ponto de vista a única forma de a gente utilizar de fato as riquezas da floresta para gerar receita seria investir em ciência e trazer para nossa região laboratórios de tecnologia para produzir remédios , fármacos e cosméticos, que são produtos que não utilizam outra coisa que não seja as riquezas de nossas florestas, através dos derivados animais e vegetais. Todos os remédios que se produzem no planeta são oriundos dos princípios ativos que se tiram das plantas e dos animais. Nós poderíamos direcionar nossos recursos em centros de pesquisas, de biotecnologia para identificar esse princípios e passar a produzir produto de alto valor agregado. Hoje o mundo dos cosméticos movimenta trilhões e nós com as fontes nas mãos, não conseguimos capitalizar isso para distribuir renda. Essa é uma sugestão que poderia ser pensada em conjunto com o desenvolvimento do Acre”, disse.


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