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Comércio, serviços, inflação e emprego na crise sanitária 

A proposta de hoje é analisarmos o desempenho da economia acreana, à luz de indicadores do IBGE e do Ministério da Economia, analisando o desempenho do comércio varejista (medido pelo índice do volume do comércio), do setor de serviços (medidos pelo índice do volume de serviços), do comportamento da inflação na cidade de Rio Branco (medidos pelo IPCA), do emprego com carteira assinada (medido pelo CAGED) e da taxa de desemprego (medidos pela taxa de desocupação da força de trabalho). Os cinco indicadores nos darão um panorama do desempenho da economia acreana, desde a implantação das medidas de isolamento social até as primeiras medidas de abertura de alguns setores da nossa economia.



Comércio fechou o semestre com -7,5% frente ao primeiro semestre de 2019


Depois de amargar quedas históricas nos meses de março e abril o volume de vendas do comércio varejista do Acre cresceu 14% em maio e 13,3% em junho. Apesar dos números positivos nesses dois meses, o varejo fechou o primeiro semestre com -7,5%, frente ao primeiro semestre de 2019, influenciado pelas medidas de isolamento social para contenção da pandemia de Covid-19. No comércio varejista ampliado, que inclui, além do varejo, as atividades de veículos, motos, partes e peças e material de construção, o volume de vendas em junho cresceu 24,8% em relação a maio. Pelo segundo mês consecutivo, os resultados apontaram um menor impacto do isolamento social no comércio ampliado. Porém, até junho, o setor não tinha conseguido a sua recuperação e também fechou o semestre com resultado negativo (-9,8%) em relação ao primeiro semestre de 2019.



Mesmo com crescimento em junho, o setor de Serviços acumula queda de -9,1% no ano


O setor de serviços avançou 6.4% na passagem de maio para junho e interrompeu a sequência de taxas negativas dos três meses anteriores, quando havia acumulado uma perda de 33,9%. Mesmo com o resultado positivo de junho, o volume de serviços ficou 34% abaixo do patamar registrado em fevereiro, último mês antes da implementação das medidas de isolamento social para controle da pandemia de Covid-19. Na comparação com junho de 2019, a queda é de 13,1% e nos últimos 12 meses a queda é de 6,6%. Os dados são da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgada no dia 13/8 pelo IBGE.



Inflação acumulada no ano de Rio Branco ficou em 0,40%, abaixo da do Brasil (0,46%)


A inflação de Rio Branco em julho ficou em 0,75%, superando a nacional que ficou em 0,36%. A inflação da capital do Acre foi influenciada, principalmente, pelos preços da gasolina e dos alimentos, os dois itens de maior impacto no mês. Em comparação com o mês anterior, o aumento foi de 0,54 ponto percentual. Os dados foram divulgados no dia 7/8 pelo IBGE e compõem o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). No acumulado do ano de 2020, o indicador é de 0,40%, e ficou abaixo do indicador para o Brasil que ficou em 0.46%. 



Mesmo na pandemia, empregos com carteira assinada crescem  


No acumulado dos sete primeiros meses deste ano, segundo informações do Ministério da Economia, as contratações superaram as demissões em 1.400 empregos formais. No mercado de trabalho formal acreano, somente no mês de abril, as demissões superaram as contratações, em função o impacto da pandemia do novo coronavírus. O setor de Serviços, sob a liderança do subsetor de informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas; foram responsáveis por 78,5% do saldo positivo do emprego formal nos primeiros 6 meses do ano. 



A taxa de desemprego de 14,2% é a maior desde o primeiro trimestre de 2019   


A taxa de desocupação teve avanço estatisticamente significativo na passagem do primeiro para o segundo trimestre de 2020. Este indicador do Acre, historicamente, sempre ficou acima  do total do País. No segundo trimestre, período do impacto da pandemia, a taxa nacional foi de 13,3%, ante 12,2% no primeiro trimestre, e a do Acre saltou de 13,5% para 14,2%. No segundo trimestre do ano passado, a taxa de desocupação era de 13,6%.


Em resumo, para os setores analisados temos uma recuperação do setor comercial nos meses de maio e junho e uma recuperação do setor de serviços em junho, mas ambos ainda com desempenhos negativos em seus volumes de negócios no ano. A inflação medida para Rio Branco apresenta uma certa estabilidade em relação à inflação medida pelo IPCA para o país como um todo. A exceção é a taxa de desemprego que aumentou no segundo trimestre do ano, mesmo a despeito de um aumento sustentado do emprego formal. Ou seja, a economia lentamente vem dando sinais de recuperação.


Concluindo, foi anunciado pelo IBGE no dia 01/09, última terça-feira, que o Produto Interno Bruto –PIB do Brasil teve um tombo histórico de 9,7% no 2º trimestre, na comparação com os 3 primeiros meses do ano, devido ao impacto da crise do coronavírus. Com o resultado, a economia brasileira entra oficialmente naquilo que os economistas chamam de recessão técnica, caracterizada por dois trimestres consecutivos de encolhimento do nível de atividade. O Acre possui uma economia reflexa da economia brasileira, precisamos criar investimentos internos para acelerar a recuperação, principalmente do emprego. Pergunta que não quer calar: como financiar os investimentos necessários?



Orlando Sabino escreve às quintas-feiras no ac24horas.