O cenário é deslumbrante para uma festa popular. A Alameda das Águas, às margens do Japiim, um braço do rio Môa, que banha Mâncio Lima, o município mais ocidental do Brasil, já começou a se transformar para receber milhares de foliões de todo o Estado. A mistura das belezas naturais, com uma organização cuidadosa e a segurança fazem do Carnaval de Mâncio Lima o melhor do Acre. Durante cinco noites grupos folclóricos, blocos, bandas regionais farão a alegria da população do Juruá tanto de dia quanto à noite.
O atual prefeito de Mâncio Lima, Cleidson Rocha (PMDB) desde que assumiu a gestão do município, em 2009, resolveu investir na festa. “Não havia nenhum evento no município com proposta cultural. E resolvemos vincular o carnaval com elementos de identidade regional e com as tradições culturais do Juruá. Anteriormente Mâncio Lima era apenas uma sombra de Cruzeiro do Sul na área de produção cultural. Por isso, começamos a fazer um carnaval com a participação das comunidades que trabalham os temas propostos e depois levam para a avenida do Porto para a população apreciar,” explicou Cleidson.
Mitos, tradições da terra e segurança
Desde a ornamentação da Alameda das Águas até o blocos que desfilam obedecem a proposta de uma referência cultural. “Nós decidimos os temas e cada uma das comunidades vai trabalhando o enredo com ajuda financeira da prefeitura e do empresariado local. Procuramos levar para a avenida personagens folclóricos, vultos da nossa história e potencialidades econômicas regionais. Depois de cinco desfiles conseguimos dar uma feição regional ao nosso carnaval, que tem a cara do Juruá. No momento, os três principais bairros do município estão empenhado em apresentar o melhor para a plateia,” revela o prefeito.
Cleidson Rocha que tem doutorado em filosofia pela Universidade do Rio de Janeiro (UFRJ) é também teatrólogo. A formação do prefeito ajudou na concepção de um modelo de “festa popular” capaz de resgatar a identidade cultural da região. Assim a população cai na folia cercada de elementos reflexivos do cotidiano do Vale do Juruá. Essa concepção tem atraído visitantes de várias partes do Acre e, até mesmo, de outros estados brasileiros. Para se ter uma ideia do sucesso do Carnaval de Mâncio Lima, em 2013, a Polícia Militar estimou em 10 mil participantes por noite na Alameda das Águas.
E o melhor, apenas sete ocorrências foram registradas pela Polícia durante as cinco noites de folia. Ainda assim “desentendimentos entre bêbados” que não deixaram feridos. Isso porque o prefeito faz questão de investir em segurança para os foliões curtirem sem riscos. “Além do efetivo da Polícia Militar nós também contratamos seguranças particulares. O fato da rua do Porto ter apenas uma única saída e entrada facilita a fiscalização para que não entrem pessoas com armas brancas ou qualquer outro tipo de objeto ofensivo,” relata Cleidson.
Peregrinação de embarcações
Uma das tradições do Carnaval de Mâncio Lima é o grande número de barcos que aportam no porto do município para participar da festa. Desde pequenas embarcações de rabetas vindas dos seringais do Môa, até lanchas luxuosas vindas de Cruzeiro do Sul chegam lotadas de participantes, principalmente no domingo e na terça de carnaval.
O Japiim nessa época de inverno amazônico fica cheio facilitando a navegação dentro de uma floresta fechada repleta de flores e animais silvestres que observam os peregrinos da festa de momo. É um deleite a travessia do Japiim. A chegada ao porto com toda a movimentação dos foliões e a possibilidade de um banho nas suas águas negras espanta o calor e anima qualquer um para cair na folia.
O porto de Mâncio Lima é emblemático por ser dali que a maioria dos viajantes que querem conhecer a Serra do Môa com as suas cachoeiras iniciam a sua jornada. A saída do porto de Cruzeiro do Sul pelo rio Juruá, entrando no rio Môa e depois subindo o Japiim leva entre uma e duas horas de navegação, dependendo da embarcação. É uma jornada inesquecível para quem ainda não conhece as belezas naturais da região que se complementa com um Carnaval alegre e bem organizado.
Onde ficar e como conhecer a região
Com todos os problemas das cheias dos rios em Rio Branco e Rondônia, quem desistir de passar o carnaval no Abunã, terá Mâncio Lima como opção. Com a BR 364 aberta, quem quiser vir da Capital para passar o carnaval no Japiim, deverá chegar em Cruzeiro do Sul, numa viagem que dura em torno de oito horas num carro pequeno. Dali para Mâncio Lima são 36KM.
Existem várias alternativas de hospedagem. Mâncio Lima têm três pousadas e um hotel com diárias em torno R$ 60 reais. Mas a rede hoteleira de Cruzeiro do Sul é grande e não deve faltar vagas nos hotéis da cidade. Sempre com a opção de ir para o Carnaval do Japiim de carro, em torno de meia hora de viagem, ou de barco, aproveitando para conhecer as belezas da região.
Para comer, na local onde acontece o carnaval de Mâncio Lima existem centenas de barracas com todo o tipo de comida regional, tira-gostos e cerveja à vontade. Além disso, existem alguns restaurantes no bairro do Guarani e na Vila, como é conhecido o centro da cidade, com qualidade culinária indiscutíveis. Os mais famosos são os restaurantes da Ana e Francisca no Guarani que servem uma deliciosa galinha caipira e peixes da região. E no centro Tempero da Maria.
Para quem quer navegar pelo Japiim e o Môa é só informar-se. Existem dezenas de barqueiros que alugam a as suas embarcações para passeios pelas águas negras dos rios da região. Portanto, quem quiser aproveitar o carnaval e ao mesmo tempo conhecer um dos lugares mais bonitos do Brasil que coloque a sua tristeza de lado e caia na estrada em direção a Mâncio Lima. A alegria fica por conta da hospitalidade da população do Val
