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A versão e os fatos

Conselho editorial


De um encontro realizado no último dia 17 entre os membros do diretório nacional do Partido dos trabalhadores saiu um documento que pretende explicar o afastamento da presidente Dilma Rousseff e o desgaste da sigla. O texto tem dez páginas e foi divulgado no site do partido.


A exposição feita pelos membros do diretório central do PT está tisnada pelo discurso ideológico que vem sendo repetido desde que a Câmara dos Deputados começou a apreciar o pedido de impeachment da presidente. E a tentativa de fazer uma mea maxima culpa pelos erros do partido parece ter sido decantada pela indulgência antes de ser colocada no papel.


Para os companheiros, o impedimento de Dilma “representa o desfecho de uma ofensiva planificada, que culminou com a unificação de distintos centros de comando ao redor da conspiração golpista”. Não lhes ocorre sequer que a oposição ao governo petista foi sempre um amontoado de ações desconexas e incapazes de fazer frente aos erros do governo, tendo este caído devido aos muitos desmandos que praticou no poder com o objetivo de se manter nele o máximo de tempo possível.


Os companheiros de alto coturno juram que o impeachment resulta de uma conspiração das forças dominantes para atrasar o país, como se a população não tivesse endossado o afastamento da presidente para evitar que o atraso se alongasse além dos dez anos previstos pelos mais otimistas dos experts em economia.


E afirmam que o novo governo responde ao anseio da elite por baixos salários e alta rentabilidade financeira aos donos do capital, o que significa massacrar os trabalhadores em defesa dos grandes empresários e banqueiros. Assim, fingem ignorar que o clube do bilhão, representado pelos donos das empreiteiras, deu guarida e dinheiro ao PT, e que os bancos, na Era Lula, seguiram obtendo lucros na casa dos bilhões.


Nem mesma a Operação Lava Jato – que turbinou os movimentos populares contra o governo nas ruas do país, e deu munição à oposição na Câmara e Senado – foi poupada no documento.


“A Operação Lava Jato desempenha papel crucial na escalada golpista. Alicerçada sobre justo sentimento anticorrupção do povo brasileiro, configurou-se paulatinamente em instrumento político para a guerra de desgaste contra dirigentes e governantes petistas, atuando de forma cada vez mais seletiva quanto a seus alvos, além de marcada por violações ao Estado Democrático de Direito”, dizem os companheiros, fiéis à política de inocentar os ladrões para criminalizarem a polícia.


Para eles, os Estados Unidos estão por trás dos recentes eventos políticos brasileiros, de olho nas fontes naturais de riquezas do país (em especial o petróleo do pré-sal), a fim de poder comprá-las mais barato. Se não for ignorância, é pura má-fé, já que a imprensa recentemente noticiou que a prospecção de petróleo nos Estados Unidos derrubou o preço do barril no mercado internacional e tem inviabilizado a continuidade dos investimentos, pelo volume retirado das jazidas.


E assim segue o desarrazoado petista, a reiterar que os próprios erros devem sempre ser atribuídos aos adversários, depois de ampliados. Daí não haver uma única palavra no documento sobre a roubalheira na Petrobras, o rombo de R$ 94 bilhões nas contas públicas e a crise econômica que assola a economia com um todo.


Se ao próprio diabo fosse dada a tarefa de relatar suas faltas, ele certamente seria mais honesto que os companheiros do PT.


 


 


 


 


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