Um artigo publicado pelo professor e escritor Ataualpa A. P. Filho no jornal Diário de Petrópolis em fevereiro deste ano mostra que até aquela data a casa do diplomata brasileiro José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco, onde foi assinado o Tratado de Petrópolis, em 17 de novembro de 1903, estava péssimo estado.
Na publicação, o escritor diz que Petrópolis, como outras cidades com forte legado histórico, depende do turismo, e que economia do município não se mantém somente pelos “ares da serra”, ressaltando que o patrimônio histórico que reside na cidade atrai muitos turistas, sendo a preservação do acervo cultural importante manutenção de empregos no setor turístico.
“Por ter conhecimento dessa dependência econômica e por saber da importância da preservação da memória, bate uma tristeza profunda quando vejo o péssimo estado em que se encontra a casa que pertenceu ao senhor José Maria da Silva Paranhos Júnior, que se tornou mais conhecido como Barão do Rio Branco. Na referida casa foi assinado o Tratado de Petrópolis, em 17 de novembro de 1903, que integrou o Estado do Acre ao Brasil, que pertencia à Bolívia desde 1750”, diz o artigo.
Ataualpa A. P. Filho segue dizendo que pela influência diplomática que exercia na época, a residência do Barão do Rio Branco era visitada por pessoas ilustres, entre elas, Carlos Martins Pereira e Sousa, amigo do ex-presidente Getúlio Vargas, que ingressou no Ministério das Relações Exteriores. Esse senhor ao visitar o Barão, encantou-se com a casa e externou o interesse em comprá-la, caso fosse colocada à venda, fato que se concretizou. A esposa desse embaixador, a escultora Maria Martins, construiu ao lado da casa um atelier, que também se encontra em situação precária.
“Carlos e Maria Martins mantiveram também o hábito de receber os amigos do mundo diplomático e artístico. O escritor Aldous Huxley, autor do livro ‘Admirável Mundo Novo’, esteve hospedado na citada residência”, cita.
Em 2014, o governo do Rio de Janeiro comprou o referido imóvel com o propósito de instalar o curso de Arquitetura vinculado à Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, mas devido à precariedade das instalações, não foi possível. Hoje esse curso está sendo ministrado em outro imóvel na Rua Ipiranga.
“A casa a que me refiro está localizada na Avenida Barão do Rio Branco nº 279. Quem passa por ela constata o estado de abandono. Diante da importância histórica, merece um pouco mais de cuidado, de atenção dos gestores públicos. Esse estado lastimável em que se encontra demonstra o descaso com a nossa história. A casa do Barão do Rio Branco precisa ser restaurada”, encerra o artigo de Ataualpa A. P. Filho.
A reportagem fez pedido de informações sobre o atual estado da casa à Fundação Universidade do Estado do Rio de Janeiro, por meio do Serviço de Informação ao Cidadão, e aguarda resposta.