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Como na música de Tim Maia, o eleitor é conservador, mas pensa: “me dê motivos…”

Desde a antiguidade sabe-se que uma sentença é verdadeira quando assenta-se em premissas verdadeiras. Exemplo: Todo roubo é crime, Lula roubou, então Lula é criminoso. Um silogismo simples que tem duas premissas (todo roubo é crime) e (Lula roubou), e apresenta uma conclusão (Lula é criminoso). Vem da lógica aristotélica e é usada naturalmente em seu cotidiano por todo vivente lúcido.


Apesar disso, há quem se ancore em premissas falsas para dizer a bobagem que quer dizer. Neste caso, às favas com as premissas, importa é a lacração final, a frase de efeito, o impacto ao ouvinte ou leitor. Nos deparamos com distorções como essa diariamente, especialmente quando lidamos com militantes de esquerda, por mais mansos que pareçam.  O filósofo Arthur Schopenhauer em sua obra “Dialética Erística – a arte de ter razão” publicada postumamente,  descara esses fariseus com algumas lições. Uma delas manda “ampliar a proposição de seu oponente, altere o seu núcleo, assim você pode encontrar mais objeções contra ela”.  Ou seja, haja desonestamente com seu opositor dizendo que ele disse o que não disse exatamente, e ataque este NÃO DITO. Se o sujeito conseguir, é infalível. Assim se comportam os militantes de esquerda, o que não é nenhuma novidade.


Trago aos leitores nesta sexta-feira uma lição de filosofia? Eu não. Nem tenho sequer o preparo necessário. Trago premissas nas quais assento as minhas conclusões sobre o conservadorismo e o seu antagônico, o revolucionário. NÃO é verdade que o conservadorismo “busque a manutenção da ordem política e, sobretudo, da estrutura econômica estabelecida”. Isto é o NÃO DITO sendo atacado. Em nenhum tratado respeitável de qualquer intelectual se encontra tal afirmação. Segundo Roger Scruton, um dos mais importantes filósofos dos últimos 40 anos (morreu em 2020), traduzindo o mais autêntico veio do conservadorismo, trata-se de um conjunto de idéias, valores, costumes, tradições que resistiram ao tempo e merecem nosso respeito. Isso tem a ver com direitos que se relacionam com liberdade, propriedade privada, vida e família, e tem a ver com o patrimônio histórico e cultural que herdamos.


Sim, o mundo está em constante mudança. O conservadorismo nunca negou isso. Mesmo o pai do conservadorismo, Edmund Burke em seu justo enfrentamento aos jacobinos da revolução francesa, se pôs perante o desatino revolucionário pelos seus resultados e não propriamente em defesa do status quo: “Leis viradas de cabeça para baixo; tribunais subvertidos; indústria sem vigor; comércio agonizante; impostos sonegados e, ainda assim, o povo empobrecido; uma Igreja saqueada sem o que o Estado obtivesse alívio com isso; anarquia civil e militar transformada em constituição do reino; tudo que era humano e divino sacrificado…”.


Vejamos o que diz o atualíssimo conservador  canadense Jordan Peterson. Leiam suas obras, mas neste vídeo curtinho você vê alguma defesa de alguma ordem política e estrutura econômica? É claro que não. Porque é falso que o conservadorismo seja reacionário, que deseje a imutabilidade das coisas do mundo, assim como é falso que o eleitor acreano tenha um certo pendor para a rebeldia, para a insubmissão como se isto o caracterizasse naturalmente anti-conservador, ou, quem sabe, tenha inata uma alma comunistinha que em 2018 esqueceu momentaneamente o rumo que tomava. Faz-me rir.


A tentativa já surrada de guetizar o crente, especialmente o evangélico, com uma etiqueta de conservador babão que um pastor esperto puxa pelas ventas, é mais um equívoco próprio do desprezo da esquerda para com as massas que, infelizmente, leva sempre ao sacrifício, como provam TODAS as tentativas realizadas até hoje. Creiam, essa gente trabalhadora – mais de 80% da população acreana, que entre católicos e evangélicos se ajoelha perante Cristo, bolsonarista ou não, conservadora ou não, obviamente está sujeita a mudanças. Ou só vale mudar quando pega o rumo canhoto? 


A mudança, especialmente na política, quase sempre vem da decepção cuidadosamente avaliada. Não é jogo de azar nem artimanha eleitoral, não é pegadinha do eleitor contra candidatos. Há razões mais profundas para o comportamento do eleitorado do que a sua mera disposição para a ousadia. Propor isso equivale a lhe retirar a consciência, a liberdade, a capacidade de julgamento. Que nossos verdadeiros homens públicos, sejam poupados dessa injúria. Parece justo encangar o ladrão ex-presidiário, trazido à luz por acordos indizíveis, com Nabor Júnior e José Augusto de Araújo só pra garantir que o povo “gosta” de mudar?  


Desconfio que não está correto. Aliás, desconfio que o povo acreano é conservador sim, para infelicidade de alguns o acreano tem apreço pelos bons costumes e vai, como indicam as pesquisas, novamente punir a escumalha que durante tantos anos saqueou a população brasileira, deixando um rastro de pobreza, criminalidade organizada, educação no nível de majoritariamente não saber ler e interpretar este pequeno texto aos 15 anos, saúde na UTI, cultura de Anittas e que tais, a Amazônia empobrecida e submissa aos interesses internacionais e o Brasil quebrado, como se à espera de um remendo vermelho que em prol de um coletivismo malfadado implantasse seu regime de terror.



Valterlucio Bessa Campelo escreve às sextas-feiras no site ac24horas e, eventualmente, no seu BLOG, no site Liberais e Conservadores do Puggina, na revista Navegos e outros sites.