Representantes de 10 povos indígenas, da FUNAI, Embrapa e prefeitos do Vale do Juruá, estão reunidos na sede do CRIE, em Cruzeiro do Sul, para tratar da visita do ministro de Meio Ambiente, Ricardo Sales, nesta terça em Mâncio Lima. A principal atividade de Sales, junto com o senador Márcio Bittar e o governador Gladson Cameli, é visitar o traçado da BR-364 que sai de Mâncio Lima para Pucalpa, no Peru, chegando ao Oceano Pacífico. Em seguida, o ministro se reunirá com as lideranças indígenas.
Os índios deixaram claro que o governo federal não vai encontrar nenhum tipo de pressão contrária ou protestos contra a obra. Os Puyanawa, etnia que será anfitriã do ministro na Aldeia Barão, onde a BR passará bem próximo, não estiveram na prévia em Cruzeiro do Sul. As informações são de que já há a possibilidade dos Puyanawa abrirem mão da Área de Amortecimento de dez quilômetros de distância da terra indígena para a instalação da Rodovia. Inicialmente, os Puyanawa permitiriam que Área de Amortecimento fosse de apenas 5 km.
Fernando Katukina, cujo povo mora às margens da 364, próximo à Cruzeiro do Sul, defende o Estudo de Impacto Ambiental, mas também destaca que é necessário ” o desenvolvimento das terras indígenas. E nós queremos é criar gado”.
Osmildo Kuntanawa ressalta a importância da manutenção dos 10 Km da Área de Amortecimento e que os órgãos de fiscalização, como o ICMBio e o Exército, devem estar atentos às proteção das áreas indígenas.” Entendemos a importância da Rodovia como saída para outros países. Como exemplo claro de necessidade de acessos, nós temos mais de 24 mil pés de frutas na nossa aldeia, mas é difícil transportar e, por isso não temos um mercado certo para nossos produtos”.
A FUNAI, de acordo com o coordenador regional, Luís Nukini, acompanha tudo de perto. Ele cita que a Estrada está prevista no Decreto de Criação do Parque Nacional da Serra do Divisor, e que houve avanços significativos nesse sentido. ” Os povos indígenas e nós queremos é fazer junto, estar junto nas decisões importantes”.
Ilderlei quer criar Consórcio que inclui povos indígenas
O prefeito de Cruzeiro do Sul, Ilderlei Cordeiro expôs aos povos indígenas seu projeto de criar um Consórcio com oito municípios, com inclusão também das terras indígenas. Segundo ele, é uma forma mais ágil de captar recursos nacionais e internacionais. O gestor também defende que a sede do Consórcio seja em Cruzeiro do Sul, que é Zona de Livre Comércio.
Juntas, as prefeituras que compõe o consórcio dos municípios do Vale do Juruá querem firmar acordo com o Ministério do Meio Ambiente, por meio do Fundo Amazônia, de R$ 20 milhões para fomentar o agronegócio na região.
A Embrapa dá suporte técnico para a elaboração de projetos do Consórcio. ” É necessário ver esse mosaico das terras indígenas a partir do ponto de vista da produção”, conclui Eufran Amaral, chefe da Embrapa Acre.