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Jair Bolsonaro critica cotas e nega dívida com negros: “não escravizei ninguém”

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O pré-candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, disse em entrevista ao programa Roda Vida, da TV Cultura, que se for eleito vai propor ao Congresso Nacional que reduza o percentual das cotas de vagas nas universidades públicas reservadas a negros.


“Eu não posso falar que vou terminar porque depende do Parlamento. Pelo menos diminuir o percentual. Vou propor, quem sabe a diminuição do percentual”, disse nesta segunda-feira (30).


O bloco foi iniciado com uma pergunta feita pelo Frei David, presidente da ONG Educafro (Educação e Cidadania de Afro-descendentes e Carentes), sobre educação da população negra. Questionado sobre a política de cotas, Bolsonaro afirmou não ver justiça nas cotas para negros, por entender que a ascensão às universidades e aos concursos públicos deve ser por merecimento.

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Indagado se a política de cotas não seria uma resposta à divida histórica do Brasil com os afrodescendentes, derivada do tempo da escravidão, o presidenciável negou.


“Que dívida? Eu nunca escravizei ninguém na minha vida”, afirmou. “É justo a minha filha ser cotista? O negro não é melhor do que eu, e nem eu sou melhor do que o negro. Na Academia Militar das Agulhas Negras, vários negros se formaram comigo. Alguns abaixo de mim, alguns acima de mim, sem problema nenhum. Por que cotas?”, disse.


Em suas respostas, o deputado disse ainda que “se for ver a história realmente, os portugueses nem pisavam na África, eram os próprios negros que entregavam os escravos”.


Racismo
Bolsonaro também foi instado a comentar a reportagem do jornal suíço Tribune de Genève que o chamou de misógino, racista e homofóbico. “Se eu sou racista, eu tinha que estar preso. Não tenho imunidade, se eu ofender um afrodescendente agora, impedir de entrar no elevador, isso é crime de racismo, tem que ser preso mesmo”, disse afirmando que o jornal faz “calúnias” contra ele. “A imprensa é quase toda de esquerda no mundo. O [presidente dos EUA, Donald] Trump sofreu muito com isso. Fake News!”.


Em abril do ano passado, o pré-candidato do PSL fez ataques contra quilombolas e indígenas durante um evento no Clube Hebraica, no Rio de Janeiro. Para uma plateia de 300 pessoas disse que, se eleito, ia acabar com as reservas indígenas e quilombolas. Na ocasião, disse ter ido a um quilombo e afirmou “o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas”. “Não fazem nada. Eu acho que nem para procriador ele serve mais”, comentou à época.


As declarações geraram uma denúncia por crime de racismo contra quilombolas, indígenas, refugiados, mulheres e LGBTs feita pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge, ao STF (Supremo Tribunal Federal). Ao ser questionado pelo colunista do jornal O Globo, Bernardo Mello Franco sobre o assunto, respondeu ter falado isso de “brincadeira” e disse que “se mandar cartinha para o Ministério Público, eles vão me investigar”.


“Se você mandar uma cartinha para o MP falando qualquer coisa, vão me investigar. Já respondi processo por carta anônima”, disse. Ele também negou ter cometido racismo contra os quilombolas. “Que ofendi? Eu fui lá, a pessoa que me referi, conheço a pessoa, se esse processo for avante, ela vai testemunhar ao meu favor. Falei que ele pesava oito arrobas. Pode ter sido um equívoco? Pode. Exagerei? Posso ter exagerado. Costumo fazer esse tipo de brincadeira com qualquer um”.


A pena para o crime atribuído a Jair Bolsonaro é de um a três anos de reclusão. A Procuradoria pede ainda pagamento mínimo de R$ 400 mil por danos morais coletivos. Para Dodge, a conduta do presidenciável é “ilícita, inaceitável e severamente reprovável”.


Jair Bolsonaro também responde a uma ação penal no STF pelo crime de incitação ao estupro. Em 2014, ele disse à deputada Maria do Rosário (PT-RS) que não a estupraria porque “ela não merece”. O Supremo ainda acolheu uma queixa-crime contra o congressista por injúria.


Bolsonaro aparece em segundo lugar nas principais pesquisas de intenção de voto para a Presidência da República, atrás apenas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele lidera os cenários em que o petista não é testado.


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