A rivalidade histórica entre PT e PCdoB no Acre provocará um efeito em 2014 com sérios impactos para o desempenho da Frente Popular em outubro. Insatisfeitos em terem sido tirados da disputa pelo Senado numa articulação de cima para baixo, os petistas orgânicos já não fazem questão de esconder que no dia da votação não precisarão de “colinha” para a majoritária: será Tião Viana (PT) para governo e Gladson Cameli (PP) para o Senado.
Os petistas não demonstram a mínima disposição em fazer campanha para Perpétua Almeida (PCdoB). Às claras podem até dividir a estrela vermelha com a foice e o martelo, mas na hora do vamos ver a tática será bem diferente. A militância do PT não perdoou Perpétua pela sua ausência da campanha de 2012 à prefeitura de Rio Branco.
Depois do intenso cabo de guerra pré-eleitoral, a comunista deu as costas para Marcus Alexandre Viana (PT); não só Perpétua, mas parte expressiva do PCdoB, mesmo com o vice Márcio Batista. Sozinho, o PT teve que se virar nos 30 para reverter o jogo ante o favoritismo de Tião Bocalom, então no PSDB.
Perpétua Almeida só apareceu na campanha no segundo turno, prestando uma acanhada declaração de apoio a Marcus Viana, e uma vez ou outra numa aparição pública pedindo votos. Este desgaste do casamento entre petistas e comunistas reflete-se agora na primeira disputa majoritária de Perpétua.
Não contar com a força do PT representará um grande desfalque para ela, ante o crescimento inevitável de Gladson Cameli durante a propaganda na rádio e TV. O PCdoB tem uma militância aguerrida em todo o Acre, mas sozinha não terá poderes de definir o jogo. O casamento de votos Tião/Gladson é uma repetição de 2010.
Há quatro anos também foi comum o boicote petista à campanha do PCdoB ao Senado. Muitos assim votaram: Tião Viana governador, Jorge Viana (PT) senador e a segunda cadeira para…Sérgio Petecão (ex-PMN). Com os próprios membros da base assim votando seria muito difícil de fato Edvaldo Magalhães, o esposo de Perpétua, ser eleito.
Camaleões
É histórico do PT ter tendência de votar nos Camelis. Assim foi em 1994; o partido disputava o governo com Tião Viana, mas o segundo turno ficou entre Flaviano Melo (PMDB) e Orleir Cameli, tio de Gladson. A sigla optou por liberar a militância, que preferiu, na sua grande maioria, eleger Orleir num voto de protesto contra Flaviano Melo.
Castigos passados
Tião Viana (PT) acerta ao escolher Perpétua Almeida como sua candidata ao Senado. Dentro da Frente Popular é o nome mais competitivo, não representando nenhum peso para sua tentativa de reeleição, que já não será das mais fáceis. Mas ele carregará os custos de um relacionamento desgastado entre os dois maiores partidos do grupo, além de sua operação para tirar Aníbal Diniz de cena não ter sido a mais republicana.
Venenos
Parte da culpa deste tensionamento com o PCdoB, além de outras legendas também descontentes mais o rompimento de lideranças de peso é fruto da própria política hegemônica do PT de não ceder para aliados, ficando sempre com a melhor fatia do bolo. Se talvez em 2012 Perpétua tivesse sido a candidata a prefeita, a FPA enfrentaria 2014 num estado bem melhor.
Estrelas ao chão
A pessoas próximas do Juruá o senador Aníbal Diniz confidenciou como “traição” o anúncio precoce da candidata a vice-governadora vinda do PT, num claro sinal de eliminação dele da disputa ao Senado. Ele passou por situações desconfortáveis na região, com o PT de Cruzeiro do Sul deixando bem claro que não iria apoiar suas pretensões de ser o candidato de consenso da FPA.
Estrelas ao chão
Uma das mágoas maiores de Aníbal é com Marcelo Siqueira, a principal liderança do PT em Cruzeiro do Sul, que lhe negou apoio neste último fim de semana. Foi Aníbal um dos principais articuladores para que Siqueira fosse o candidato a vice-prefeito na chapa do então governista Henrique Afonso (PV).
Repouso
Está descartada a possibilidade de Aníbal Diniz vir a concorrer a deputado federal ou qualquer outro cargo eletivo. O senador também não quer saber de barganhar um berço de ouro na estrutura do Estado, como uma vaga de conselheiro do TCE. Uma vaga de TCE até pode ser levado em consideração, afinal nem a mais ferrenha companheira Naluh Gouveia resistiu…
Laços e entrelaços
O deputado federal Sibá Machado tinha tudo para ser o grande nome do PT na disputa pela Câmara. Na eleição interna do partido de novembro conseguiu reunir em torno de si a velha-guarda e as alas mais a esquerda. Mesmo derrotado, o grupo formado por estas tendências recebeu 41% dos votos, garantindo espaços privilegiados e força política.
Laços desfeitos
Sibá, no entanto, queria usar este poder de fogo para barganhar espaços no governo, o que não foi aceito por parte das tendências, optando elas por cada um seguir seu rumo. Desta forma, Sibá ficará restrito às tendências Articulação, Articulação Sindical e Esquerda Popular e Socialista (EPS). A forte e organizada Democracia Socialista cuidará da campanha de Mâncio Lima Cordeiro em sucessão a Taumaturgo Lima.
Sugestões e reclamações
Estes dias o ex-presidente do PT, Leo Brito, reclamava de atrasos das obras da Cidade do Povo por conta da operação G7, responsável por desbaratar o maior esquema de corrupção da história recente do Acre. Ora, Brito poderia fazer esta queixa da PF ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, do PT, com previsão de vinda ao Acre na sexta para a posse do novo superintendente.
Militantes melancia
O PV reuniu-se ontem para tratar de alguns pontos. Um deles foi bater o martelo na adesão ao G10, grupo de partidos da oposição que defende candidatura única ao governo. Outro ponto foi uma caça às bruxas aos filiados que permaneceram com cargos no governo e promovem campanhas contra a imagem do partido; uma opção da direção será a expulsão deles, que ficaram conhecidos como melancia: verde por fora e vermelho por dentro.
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