A estabilidade com tendência de queda nas importações acompanhada do crescimento nas exportações fez a balança comercial do Acre registrar o maior superávit para meses de outubro dos últimos 11 anos (desde 2010). Em outubro, o estado exportou US$ 2,42 milhões a mais do que importou, conforme divulgou o Ministério da Economia.
É o melhor resultado para um mês de outubro dos últimos 11 anos e superou outubro de 2019, quando a balança comercial tinha registrado superávit de US$ 2,40 milhões. No mês, o estado vendeu US$ 2,576 milhões para o exterior, com leve alta de 2,5% em relação ao mesmo mês do ano passado. As importações também subiram, somando US$ 163.242, aumento de 52,4%.
Com o resultado do mês passado, a balança comercial acumula superávit de US$ 26,872 milhões de janeiro a outubro. Esse também é o melhor resultado da série histórica para o período dos últimos 11 anos, superando o mesmo período de 2017 (superávit de US$ 24,964 milhões).
No acumulado de 2020, as exportações somam US$ 28,880 milhões, aumento de 8,7% na comparação com o mesmo período de 2019. As importações totalizam US$ 2,008 milhões, aumento de 24,1%.
Os destaques do valor das exportações no ano ficam por conta da madeira e seus derivados, que respondeu por 40,4% no mês de outubro e por 36,1% de janeiro a outubro. Em seguida figuram os derivados de bovinos, com 25,8% no mês e com 29,6% até outubro. A cada ano que passa vemos o crescimento das exportações dos derivados de suínos, que responderam por 11,1% em outubro e por 5,7% no ano. A castanha do Brasil que ainda responde por 12,2% do total das exportações do ano, em outubro representou somente 1,3%. Merece também destaque as exportações do milho e da soja e seus derivados. Em outubro representaram 8,4% do valor total das exportações e 10,6% no acumulado no ano.
Até outubro, os seis principais destinos das exportações em termos de valor são, pela ordem: Hong Kong (20,2%) com um total de US$ 5.832.242; Peru (14,4%) com US$ 4.164.74, Estados Unidos (11,9%) e US$ 3.437.906, Bolívia (10,8%) com US$ 3.127.195, China (9,7%) com US$ 2.788.064, Holanda (9,6%) com US$ 2.764.938 e a França (6,7%) totalizando US$ 1.941.129.
Somente 25,7% das exportações acreanas foram realizadas pelos nossos postos alfandegários: Assis Brasil (16,1%) exportou o equivalente a US$ 4.653.598 e Epitaciolândia (9,5%) correspondendo a US$ 2.756.536. Os principais locais das exportações do Acre no ano, foram: Porto de Manaus (32%) com um valor de US$ 9.233.053, Porto de Santos (20,6%) correspondente a US$ 5.954.106 e o Porto de Paranaguá (17,4%) com US$ 5.018.135.
As importações do Acre até outubro de 2020 estão concentradas em 14 países. Os seis principais, pela ordem, são: 1.China com US$ 665.828, correspondente a 33,2%, incluindo bens de capital, bens intermediários e bens de consumo; 2. Espanha com US$ 236.224, que corresponde a 11,8% do total na maior parte bens intermediários; 3. Índia com US$ 180.035, equivalente a 9,0% do total, também na sua maioria bens intermediários; 4. Argentina com US$ 169.540, com 8,4% do total, bens intermediários, principalmente farinha do trigo; 5.Turquia com US$ 159.788, equivalente a 8,0% do total e; 6. Reino Unido, de onde importamos bens de capital, equivalentes a US$ 136.539, correspondendo a 6,8% do total importado de janeiro a outubro.
No Brasil, a balança comercial encerrou 2019 com um saldo de US$ 48,035 bilhões, o segundo maior resultado positivo da história. A estimativa é que o saldo de 2020 seja menor devido à pandemia do novo coronavírus. Porém, a retração das importações em ritmo maior que a das exportações elevou as projeções de saldo.
Segundo a Agência Brasil, com base no boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo Banco Central, os analistas de mercado preveem superávit de US$ 58,7 bilhões para este ano. O Ministério da Economia atualizou a estimativa de saldo positivo para US$ 55 bilhões, com leve queda em relação à estimativa de US$ 55,4 bilhões divulgada em julho.
Os números do Acre são interessantes, mostrando que mesmo em um momento de crise sanitária, nosso comércio com o exterior apresenta uma performance positiva, não acusando a crise. Temos muito que avançar. O comércio externo é reflexo do dinamismo da economia. Sem querer fazer comparações desconectadas de todo um contexto social e econômico que separa os dois estados, o saldo comercial do nosso vizinho Estado de Rondônia, no período de janeiro a dezembro de 2020, foi 29,5 vezes maior que o saldo do Acre (US$ 793,422 milhões). Sabemos que muito dos produtos produzido aqui, como a nossa carne, é exportado por Rondônia e por outros estados, portanto, torna-se necessária essa regularização para que as nossas estatísticas possam melhorar. Porém, de concreto, existe um mundo de oportunidades no comércio exterior para os nossos produtos e para as nossas riquezas. Precisamos produzir mais.
Orlando Sabino escreve às quintas-feiras no ac24horas.