Uma das características da última eleição foi a alta renovação na câmara dos vereadores. Em Rio Branco, 14 novos nomes foram eleitos, sendo todos eles ainda jovens, portanto, aspirantes a uma carreira política longa e profícua. Isso é bom. Ainda que alguns excelentes parlamentares não tenham obtido êxito na reeleição, caso do João Marcos Luz, se pode dizer que a tendência é de que a nova safra vem com representantes à altura das necessidades da população.
Importante ressaltar que, embora seja tida por alguns como uma eleição de paróquia ou de síndico, a eleição municipal é a base sobre a qual são erigidos pilares ideológicos. É ali que se formam e se sedimentam valores e princípios que traduzem a sociedade em seus primeiros movimentos políticos, logo, são marcadores ideológicos importantíssimos.
A renovação serve também como sinalizador aos dirigentes partidários no sentido de que revejam suas posições, quase sempre patrimonialistas, de quem se torna dono de partido e impede ou cria obstáculos ao surgimento de novas lideranças. Se observarmos bem, veremos que o mofo ameaça grandes siglas no Acre. É o caso, por exemplo, do MDB e do PT.
O melhor e pior exemplo pode ser observado no PT. Há uns trinta e poucos anos, o partido juntou um grupo de jovens – “os meninos do PT”, e em poucos anos eles ascenderam as mais importantes posições, colocando na arquibancada toda a velharada. Por 20 anos dominaram completamente a política acreana e alguns se projetaram nacionalmente, fazendo os acordos necessários e movendo o seu projeto. Uma renovação de nomes e de perspectiva de desenvolvimento.
Não cabe, por agora, fazer balanço sobre o projeto petista – florestania, seus erros e acertos, mas tão somente, reconhecer a eficiência do projeto político que, nos últimos anos, não se repetiu e, também por causa disso, fracassou em três eleições seguidas.
O PT, que no Acre floresceu pela renovação, parece sucumbir pela falta dela. Os meninos do PT envelheceram e continuam, 35 anos depois, diretamente ou através de prepostos, manejando os cordões, ao ponto de exibindo o presidente da república, não poderem assentar uma perspectiva de vitória em 2026. Os figurões da Frente Popular estão hoje acomodados em confortáveis poltronas em Brasília e o partido míngua no Acre. Jorge Viana pode muito, mas não pode tudo e certamente lutará primeiro para salvar o próprio crachá.
Isso deveriam observar os outros partidos. Reciclem-se, se deixem arejar por ideias novas, parem com tanto fisiologismo, diminuam esses cabides de emprego, permitam que emerjam novas lideranças, renunciem ao dedaço nas indicações, negociem, aproximem-se do povo, ajudem a sociedade a organizar-se e deem forma a um projeto de desenvolvimento em nome do qual se possa empenhar trabalho e esperança. Do contrário, serão todos levados ao ostracismo e ao esquecimento.
A verdade é que, em todo o Brasil, estamos vendo um saudável movimento da população no sentido de prestigiar a juventude. Lideranças como André Fernandes, Níkolas Ferreira, Bruno Engler, Marcel Van Hattem, João Campos, Tábata Amaral, Kim Kataguiri etc., não são forjadas sem liberdade de ação, sem que acreditemos em suas capacidades. Descuidar disso significa soterrar a representação política e calar o cidadão.
Em Rio Branco, a eleição da Câmara dos Vereadores foi sábia. Temos ali jovens experientes e de boa formação intelectual tais como Samir Bestene, o Felipe Tchê, o Zé Lopes e muitos outros, que certamente poderão contribuir grandemente para o município, se constituindo referência para o futuro.
Valterlucio Bessa Campelo escreve às segundas-feiras no site AC24HORAS e, eventualmente, no seu BLOG, no site Liberais e Conservadores do jornalista e escritor PERCIVAL PUGGINA, no DIÁRIO DO ACRE, no ACRENEWS e em outros sites. Quem desejar adquirir seu livro de contos mais recente “Pronto, Contei!”, pode fazê-lo através do e-mail [email protected].