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É nas ruas que a democracia floresce e frutifica

Desde segunda-feira, os descontentes com a eleição do ex-presidiário foram às ruas em protesto. Sob o silêncio sepulcral do candidato derrotado, milhares, senão milhões, iniciaram e estão até agora em manifestações que embora dispersas e desalinhadas, basicamente orgânicas, sem lideranças e guias, não aceitam os resultados revelados pelas urnas do TSE. Quando falou, o presidente Bolsonaro foi econômico nas palavras e, no dia seguinte, voltou para condenar protestos que interditassem estradas causando prejuízos e impedindo o ir e vir das pessoas. 


Há nessa multidão quem tenha certeza de que o processo eleitoral foi enlameado pela ação articulada do consórcio da mídia/pesquisas com o STF/TSE, que a partir da descondenação do Lula, o tempo todo ladearam-no de modo siamês em desfavor do Bolsonaro. Lula, apesar de condenado em diversas instâncias e das robustas provas da lava jato, teria sido retirado da cadeia pelo Sistema por causa do CEP da comarca para ser eleito e ponto final. Há, de outra banda, os que apenas acham que as urnas não são confiáveis, o que macularia de plano as eleições. Para desgosto do Bolsonaro, a maioria parlamentar que havia votado anteriormente pela adoção de um sistema auditável, com impressão paralela dos votos, foi desfeita em nova votação que contou, vejam só! com ministros do STF fazendo campanha aberta contra. Sabe-se lá os argumentos que usaram contra parlamentares de rabo preso no Tribunal.


Há ainda, entre os descontentes, aqueles que não separam uma coisa da outra, ou seja, eles acreditam que o Sistema atuou para comprimir o Bolsonaro em narrativas maliciosas e omissões de seus bons resultados, inflar o Lula como um injustiçado e, via pesquisas e mídia, dar verossimilhança ao resultado sacado das urnas aprontadas de véspera como coelho em cartola de mágico. Tipo, pelo Sistema segura-se a vítima e pelas urnas lhe cortam a cabeça, mas uma perversidade depende da outra.


Para o lado vitorioso, nada disso ocorreu. Lula continua sendo, como ele mesmo disse, o homem mais honesto do mundo, seus ministros foram todos maravilhosos embora por “perseguição” de alguns juízes muitos tenham sido pegos em estrepolias, o PT é um centro de formação de bom caráter apesar de seus dirigentes terem sido quase todos presos, a mídia foi neutra e equilibrada, e ele não saia nas ruas porque não precisava. Já Bolsonaro é um genocida, negacionista, assassino, arboricida, jamais foi boicotado ou perseguido pela mídia, a peste chinesa não teve nada a ver com a economia, o Brasil está enfiado numa crise total embora os números digam o contrário, o judiciário é finamente imparcial e equilibrado com os outros poderes, as multidões que o acompanhavam eram de fascistas, nunca houve censura nem perseguição aos defensores do presidente e, além de tudo, ele fala palavrão. Alguns


Estamos neste pé. Aquele que juntava multidões para clamar por liberdade perdeu porque é autoritário e o outro, que praticamente não viu a luz do sol desde que foi preso, ganhou porque o povo estava com saudade de uma picanha fictícia. Só que não. A verdade começa a aparecer.


Está causando grande repercussão a apresentação, na tarde desta sexta-feira, de um vídeo desde a Argentina (aqui é crime questionar as urnas) no qual, utilizando método estatísticos refinados a partir da curva de Gauss, fica demonstrado que as máquinas NÃO AUDITADAS apresentaram anomalias pró-lula em todas as regiões. Outras análises que vi com base na Lei de Benford também parecem embasar a desconfiança nas urnas. Além disso, nos EUA, onde as canetadas supremas nada valem e pode-se abertamente falar de urnas, vários jornais e a FOX NEWS bateram na tecla. O âncora de maior alcance na terra do tio Sam, Tucker Carlson, já botou a boca no trombone, inclusive com sugestão de que, através da CIA (lembrei-me de alguém) tem dedo do Biden nas eleições brasileiras. Será? Pode? 


Enquanto parte significativa da sociedade brasileira está nas ruas (apesar da grande mídia esconder), o PT prepara o botim. De uma vez só, o MST encomendou a uma fábrica nada menos que 40.000 bonés e se assanha para invadir propriedades amparado em decisão recente do STF. Os nomes anunciados ou cotados para o comando das pastas são de envergonhar o PCC. Tem até comunista – Flávio Dino, sendo cotado para Ministro do STF.  Enquanto os velhos ex-presidiários (Zé Dirceu, Genoíno, Mantega…) dão as cartas na formação do governo, o vice, Geraldo Alckimin, aproxima-se do centrão invertebrado (aqui no Acre, alguns já se apresentaram) e articula a expansão da base parlamentar de apoio ao Lula. O preço ainda não foi revelado, mas talvez possa ser encontrado verificando-se o rombo programado de 200 bilhões no teto de gastos, ou os 13 novos ministérios a serem criados com milhares de cargos a serem preenchidos. É o Brasil voltando à esbornia sob os auspícios do Sistema e da Justiça brasileira. 


A meu ver, toda manifestação popular é importante por si mesma se mansa e pacífica, mas não farão as FFAA saírem de seu papel constitucional, nem devem. A não ser que o TSE deixe de contestar publicamente, claramente, os estudos já apresentados e o relatório das FFAA que aguardamos para segunda-feira. Se a verdade límpida não vier à lume, salvo melhor juízo, cabe sim aos militares, até por questão de segurança nacional, conter os danos e tomar para si o papel moderador, restabelecendo a ordem e a credibilidade do sistema eleitoral.


Neste ponto, lembro Fréderic Bastiat em “A Lei”, de 1850, um dos livros mais importantes entre os que li: “Infelizmente, a lei nem sempre se mantém dentro de seus limites próprios. Às vezes os ultrapassa, com consequências pouco defensáveis e danosas. É o que aconteceu quando a aplicaram para destruir a justiça, que ela deveria salvaguardar. Limitou e destruiu direitos que, por missão, deveria respeitar. Colocou a força coletiva à disposição de inescrupulosos que desejavam, sem risco, explorar a pessoa, a liberdade e a propriedade alheia. Converteu a legítima defesa em crime para punir a legítima defesa”. 


Pelas decisões que tomaram, penso que alguns togados nunca sequer ouviram falar em Bastiat. Pelo que ouvi de um mequetrefe hoje em uma TV, alguns “jornalistas” também não. Perderam totalmente o sentido do direito e da liberdade, inclusive a própria. Causa indignação ver gente que deveria usar seu tempo nobre, esclarecendo as pessoas sobre seus direitos, inclusive o de livre manifestação pacífica e ordeira, mas usam-no para sabujar, submetem-se de bom grado à censura, como meliantes minúsculos do sistema que os anula e humilha.



Valterlucio Bessa Campelo escreve às sextas-feiras no site ac24horas e, eventualmente, no seu BLOG, no site Liberais e Conservadores do Puggina, na revista Navegos e em outros sites.