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Aluno soldado da PM denuncia afogamento e ameaças de morte

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O aluno soldado do 5º pelotão do Curso de Formação de Soldados (CFSD) da Polícia Militar do Estado do Acre, João Paulo de Oliveira Silva Bortolozo, de 30 anos, é mais um a denunciar ao ac24horas supostas agressões físicas, afogamento, estrangulamento e ameaças de morte sofridas durante o treinamento realizado nas dependências do Centro Integrado de Ensino e Pesquisa em Segurança Pública (Cieps), em Rio Branco.


Além desta, outras denúncias já foram divulgadas contra um possível excesso no modo de operação aplicado na formação dos alunos. Segundo João Paulo, mesmo sem seu desligamento ter sido publicado na edição do Diário Oficial do Estado (DOE), na manhã do dia 18 de setembro, após quatro dias de exercícios intensos – atividade de praxe da instituição – o jovem alega ter começado a sofrer tentativa de intimidação por parte dos instrutores. Na ocasião, eles teriam avisado  João Paulo de que o mesmo iria desistir do curso.

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“Eles pediram para mim sair que eu não ia aguentar. Aí viram que não conseguiram me tirar no cansaço, aí me levaram para correr uma marcha de 11 km com uma mochila nas costas, eu corri esses 11km. Quando terminou a corrida no BOPE, eles me colocaram para fazer mais exercício e eu nada de desistir. Um deles [instrutor] disse que iria fazer eu desistir. Ele, três caras e uma mulher, me pegaram e me levaram para dentro do mato, aí pediram para assinar a folha de desligamento, mas, eu falei que não”, contou.


João Paulo disse que o que era para ser um sonho, começou a virar pesadelo. Após sua negativa em desistir, o aluno conta que os militares, que ele prefere não revelar os nomes, tentaram lhe afogar em um rio. “O cara me deu uma gravata e pulou comigo dentro do igarapé, me afogando. Quando eu ‘tava’ para morrer mesmo, eu gritei que iria assinar. Aí me tiraram de dentro d’água. Quando me tiraram, eu não quis assinar mais. Falei que não ia mais assinar o documento de jeito nenhum, aí foi na hora que o cara me deu um soco no meio dos peitos, bem no estômago, nas costas e uma mãozada no meio da minha cara. Eu me arriei no chão, aí mesmo assim não ia assinar, aí falaram que iam me jogar na água de novo, me agarrei nos paus, fiquei segurando, e eles me puxando, me puxando. Até que eles conseguiram me soltar, aí quando eu vi que ia para dentro da água de novo, aí resolvi assinar”, revelou.


Após a suposta tentativa de homicídio, o aluno contou que devido aos acontecimentos teve convulsão e precisou ser atendido por uma equipe médica presente no local. O atendimento demorou mais de uma hora. “Fiquei todo torto, tipo epilepsia, aí desmaiei. Só lembro que acordei dentro da ambulância, nem médico tinha, tinha dois policiais enfermeiros. Passei mais de hora ruim dentro da Samu, com oxigênio, monte de coisa, aí esperaram eu melhorar o dia todinho”, relembrou.


Bortolozo citou ainda que durante os dias de treinamento sofreu algumas ameaças de morte. “Eles me ameaçavam também durante as instruções, diziam que poderia acontecer algo comigo na minha volta para casa às 22 horas, que eu poderia pegar um tiro na estrada e ninguém saberia quem foi”.


Ministério Público deve entrar no caso

Após a ocorrência dos fatos, João Paulo resolveu procurar a delegacia de Polícia Civil para registrar Boletim de Ocorrência sobre o caso. Em seguida, fez o exame de corpo e delito.


O aluno soldado destacou que prestou denúncia formal na Defensoria Pública e na Secretaria de Direitos Humanos. Ele foi informado que a defensoria deverá encaminhar a ocorrência ao Ministério Público do Estado do Acre (MP-AC). “Eu quero que a justiça seja feita e que eles se responsabilizem pelo que fizeram comigo. Era um sonho ser policial, estudei por meses. Eu perdi meus direitos em um emprego que estava há 7 anos, agora estou desempregado. Tenho família e não sei o que fazer. Caso eu volte para o curso, não sei o que pode acontecer comigo lá dentro. Eles podem fazer pior”.


Em virtude de todos os fatos vivenciados pelo militar, ele alega que procurou um psicólogo, pois estava com dificuldades para dormir. “Devo passar agora por um acompanhamento. Me acordo no meio da noite sonhando com o que aconteceu”, comentou.


A reportagem procurou a assessoria do Comando da Polícia Militar, que informou que deve se pronunciar sobre o caso no decorrer do dia por meio de nota.


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